O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou um pacote fiscal com duríssimos ataques contra os trabalhadores, incluindo um inédito teto para o reajuste do salário mínimo. Mesmo assim, os bancos não ficaram satisfeitos, revelando o total fracasso da política de equilibrismo do governo Lula. A política fiscal de Haddad é uma demonstração de fraqueza do governo diante da pressão da burguesia; por isso, os capitalistas agora irão para cima do governo querendo ainda mais.
Os bancos, como sempre, não se contentam com medidas paliativas. O exemplo recente do relatório do JPMorgan deixa claro o que os grandes capitais esperam do Brasil: uma submissão total aos seus interesses. Segundo o banco, o Brasil vive um “dia da marmota”, com constantes riscos fiscais e pouca disposição para realizar reformas estruturais. No mesmo documento, o JPMorgan elevou a recomendação para o México, elogiando o plano de austeridade – de arrocho – da presidente Claudia Sheinbaum. A mensagem é clara: os bancos querem que o Brasil siga o exemplo de um ajuste fiscal brutal, custe o que custar.
Mesmo com o teto de gastos mantido e o pacote fiscal de Haddad, os bancos apontam que o Brasil ainda não faz o suficiente. Eles querem mais cortes em gastos públicos, menos direitos sociais e um Estado completamente moldado para atender a suas demandas. Isso fica evidente na comparação feita pelo JPMorgan entre Brasil e México. Enquanto o México é visto como modelo de austeridade e integração econômica com os Estados Unidos, o Brasil é rebaixado por sua suposta “ineficiência” em agradar os mercados.
No fim, o objetivo é garantir que o orçamento público seja direcionado exclusivamente para o pagamento de juros da dívida e para seus lucros.
A política neoliberal que os bancos querem impor ao Brasil encontra um exemplo prático na Argentina de Javier Milei. Desde que assumiu, o presidente argentino vem aplicando sua política da “motosserra”, realizando cortes brutais em gastos públicos. Apenas em seu primeiro ano de governo, Milei demitiu mais de 33 mil funcionários públicos, eliminou subsídios, suspendeu financiamentos às províncias e desregulou preços. Embora esses cortes tenham gerado o primeiro superávit fiscal da Argentina desde 2008, o custo social foi devastador: 50% da população vive abaixo da linha da pobreza, a economia enfrenta uma recessão de 3,5% do PIB, e o desemprego aumenta a níveis alarmantes.
Esse é o modelo que os bancos desejam para o Brasil. Não importa quantos trabalhadores sejam lançados na pobreza ou quanta miséria seja produzida, desde que os lucros e os pagamentos da dívida estejam garantidos.
O pacote de Haddad já aponta para esse caminho, ainda que de forma menos agressiva. O teto para o reajuste do salário mínimo, os cortes no Bolsa Família e as restrições ao Abono Salarial são passos na mesma direção. Essas medidas retiram recursos dos trabalhadores e concentram ainda mais riqueza nas mãos dos bancos. No entanto, o fracasso da política de Haddad em agradar os capitalistas mostra que essa estratégia de conciliação com a burguesia está condenada ao fracasso.
A resposta para o que os bancos realmente querem é simples: tudo. Querem arrancar até a pele da população trabalhadora para garantir seus lucros bilionários. Querem um governo submisso, capaz de implementar políticas semelhantes às de Javier Milei. Querem um país onde a classe trabalhadora pague pela crise, enquanto os ricos continuam a acumular fortunas.
O movimento operário deve reagir ao Plano Haddad. Enfrentar essas medidas não enfraquece o governo Lula; pelo contrário, fortalece-o, pois impede que ele continue cedendo à chantagem dos mercados e abre caminho para uma política que realmente atenda aos interesses da maioria da população.