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Oriente Médio

Negando derrota, Netaniahu diz que acordo foi para ‘focar no Irã’

Tentativa do líder sionista de desmerecer a vitória da Resistência com justificativas frágeis não esconde a realidade de um "país" à beira do colapso

O primeiro-ministro de “Israel”, Benjamin Netaniahu, justificou o cessar-fogo com o Hesbolá, movimento xiita libanês, apresentando três razões: concentrar esforços contra o Irã, reabastecer os estoques militares e isolar o Hamas. Contudo, analistas e especialistas ouvidos pela agência russa Sputnik colocam em dúvida essas alegações, apontando uma realidade muito mais desfavorável à ditadura sionista.

Dr. Marco Carnelos, ex-diplomata italiano e conselheiro para o Oriente Médio dos primeiros-ministros Prodi e Berlusconi, questiona a lógica de Netaniahu. “Não está claro como ‘Israel’ focaria mais no Irã”, declarou à Sputnik.

Segundo ele, Netaniahu pode estar apostando na chegada de uma administração mais agressiva nos Estados Unidos, capaz de intensificar a pressão militar sobre o Irã em conjunto com “Israel”. Contudo, Carnelos alerta que um movimento nessa direção teria sérias implicações regionais e poderia desencadear uma guerra de escala global.

O professor Tamer Qarmout, do Instituto de Estudos Graduados de Doha, foi ainda mais direto, considerando o discurso de Netaniahu como “pura retórica”. Ele questiona: “Como os israelenses enfrentariam o Irã se não conseguiram eliminar o Hesbolá?”

Para Qarmout, essa posição reflete mais uma tentativa de desviar a atenção das derrotas sofridas no campo de batalha do que um plano concreto. Ele acrescenta que qualquer movimento agressivo contra o Irã não apenas envolveria uma escalada regional, mas poderia impactar todo o cenário global.

As críticas não param por aí. Segundo os especialistas consultados pela Sputnik, Netaniahu foi pressionado a aceitar o cessar-fogo devido às pesadas perdas das Forças Armadas de “Israel” no sul do Líbano.

“Minha impressão é que o escalão militar israelense encurralou Netaniahu nesse ponto, porque, no campo de batalha, as forças sionistas avançaram apenas alguns quilômetros e sofreu perdas severas”, afirmou Carnelos. Ele destacou ainda que, embora “Israel” tenha eliminado líderes do Hesbolá, o movimento não foi derrotado em solo, o que o coloca, por padrão, como vitorioso.

Essa situação, segundo Qarmout, cria uma oportunidade para Netaniahu intensificar os ataques ao Hamas na Faixa de Gaza. “Israel usará essa pausa para concentrar seu poder militar e continuar sua guerra genocida em Gaza”, afirmou o especialista. Mesmo assim, ele adverte que o acordo de cessar-fogo ainda é incerto: “O diabo está nos detalhes. Ainda temos 60 dias para ver se esse acordo será mantido.”

Contradições

As alegações de Netaniahu sobre o cessar-fogo são claramente insustentáveis. A primeira razão, o suposto foco no Irã, carece de lógica prática, como apontaram os especialistas, já que “Israel” não conseguiu superar o Hesbolá, que representa apenas uma fração da resistência iraniana.

Além disso, o país artificial enfrenta divisões internas graves, com a evacuação dos colonos na região fronteiriça do Líbano, o que gerou ameaças de movimentos separatistas. A crise se agravou com a demissão do ex-ministro Yoav Gallant e a ameaça de um golpe militar por oficiais simpáticos a ele, expondo uma cisão na extrema direita israelense. Netaniahu, longe de “focar no Irã”, busca desesperadamente ganhar tempo para reduzir a pressão sobre seu governo.

No campo militar, a situação é ainda mais crítica. Apesar da superioridade aérea, “Israel” sofreu perdas significativas no solo, demonstrando a força da resistência do Hesbolá e a incapacidade das forças invasoras em sustentar operações terrestres prolongadas.

Paralelamente, a mobilização da Resistência Palestina na Cisjordânia expôs mais uma frente de desgaste para “Israel”, que agora enfrenta pesadas baixas em territórios até então considerados seguros. Isso reforça a exaustão das forças sionistas, incapazes de lidar simultaneamente com as várias frentes de resistência.

“Israel” enfrenta, portanto, uma crise de morte. A resistência na Palestina, no Líbano, no Iêmen, no Iraque e, evidentemente, no Irã, demonstrou mais uma vez sua superioridade política e militar em relação à ditadura sionista.

A tentativa de Netaniahu de desmerecer a vitória da Resistência com justificativas frágeis não esconde a realidade de um país à beira do colapso total, dividido internamente e enfraquecido no campo de batalha. O cessar-fogo, longe de ser uma estratégia deliberada, é um sinal de desespero diante de um inimigo que “Israel” não consegue derrotar.

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