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América Latina

Maduro bota ONU para correr da Venezuela

Governo se levanta contra o intervencionismo da ONU e anuncia suspensão de atividades do gabinete do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

A situação contraditória da Venezuela, que tem um governo nacionalista, apoiado nas amplas massas, porém que ainda não expropriou a burguesia, provoca inúmeros atritos do país com instituições do imperialismo. Nessa semana, o chanceler Yvan Gil anunciou a suspensão do funcionamento do gabinete do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, dando o prazo de 72 horas para seus funcionários deixarem o país. O órgão criado por Michele Bachelet para caluniar os militantes e políticos chavistas foi suspenso após uma série de interferências na política venezuelana.

O comunicado diz que o órgão se tornou o “escritório de advocacia privado do grupo de golpistas e terroristas que conspiram permanentemente contra o país”. Mesmo assim, o governo Maduro se mantém aberto ao diálogo e condiciona uma eventual reversão da decisão a uma retificação pública da atitude “colonialista, abusiva e violadora da Carta das Nações Unidas” do Alto Comissariado da ONU.

Enquanto a ONU ignora de forma criminosa o assassinato em massa de civis palestinos, esse braço do imperialismo vinha tentando habilitar agentes a serviço de interesses estrangeiros no país. Um dos casos “denunciados” pelo órgão da ONU foi a prisão de Rocío San Miguel, advogada com nacionalidades venezuelana e espanhola que preside a ONG Control Ciudadano, criada em 2005. Adotando a demagogia democrática do imperialismo, a ONG se declara como “independente de toda doutrina ou instituição partidária e religiosa” e traz como um dos seus principais objetivos exercer uma controladoria sobre as Forças Armadas.

Tendo em vista aqueles que saíram em defesa da “ativista dos direitos humanos”, é possível afirmar com segurança que se trata de alguém a serviço do imperialismo. Nesse sentido, a imprensa imperialista foi uníssona em caluniar Maduro, com suas filiais no Brasil adotando a mesma posição política de seus patrões. Uma matéria da Agence France-Press (AFP), republicada no site do Uol, chega ao escárnio de falar num “apartheid venezuelano”. O termo, cunhado pela própria San Miguel, faz referência ao expurgo realizado por Hugo Chaves após a tentativa de golpe frustrada em 2002, episódio registrado do documentário “A Revolução Não Será Televisionada” e que fez o governo dar uma guinada à esquerda junto com o povo.

A prisão de San Miguel foi justificada por estar novamente envolvida em conspirações contra o governo venezuelano. Neste caso, a conspiração envolveria o assassinato de Maduro e outros altos funcionários do governo. A imprensa imperialista procura banalizar as denúncias de conspirações mirando o assassinato de Maduro, porém já foram desbaratados diversos esforços nesse sentido. Em um deles, as milícias populares ajudaram a prender mercenários que invadiam o país de barco com o mesmo intuito. O grupo incluía mercenários norte-americanos.

Outro estopim da crise diplomática foi acendido por Michael Fakhri, relator especial da ONU sobre o direito à alimentação e que passou as últimas duas semanas na Venezuela. Ele acusou o governo venezuelano de impedir seu acesso a algumas prisões e alterar “constantemente” sua agenda.

Essas instituições estão na Venezuela justamente para estimular a oposição ao governo nacionalista, desestabilizar o país e finalmente derrubar governos dessa natureza. A tal defesa dos direitos humanos significa, na realidade, entregar o país aos interesses do imperialismo. De forma que esse tipo de ação do governo Maduro – de suspender o funcionamento do gabinete do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos – está correta e deve ser apoiada. O imperialismo mascara a realidade com frases bonitas para impor a destruição econômica e a subjugação política dos países, como fizeram na Ucrânia. Na ocasião, o problema era a corrupção, mas a questão dos direitos humanos tem sido igualmente um dos principais pretextos para os exércitos imperialistas invadirem países que dificultem a rapinagem das suas riquezas.

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