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Valéria Guerra

Historiadora, artista (atriz) sob DRT 046699-RJ. Jornalismo UMESP-SP, término neste ano corrente. Bióloga e professora da Rede Estadual do Rio de Janeiro. Colaboradora textual do Site Brasil 247 há 4 anos. Escritora com livros publicados e textos para inúmeras Antologias, inclusive concursos de textos teatrais. Mestrando em psicologia da Educação. Escreveu o livro “Eu preciso de um Hulk” que se transformou em peça homônima

Coluna

Lacrar, cancelar, bloquear – uma tríade descabida

"Será que a desigualdade será presa ou 'lacrada', afinal lacrar é um verbo que se refere ao ato de fechar ou isolar algo"

Novos tempos?

Recheados das ditas “inovações” e subversão da identidade pelo trauma.

Construção de uma nova realidade, que mantém cativos os indivíduos. Principalmente para os desavisados que se tornam idiotizados, muito penoso.

As pessoas não estão evoluindo, estão sendo condicionadas artificialmente por estímulos formatados pelo escravizador, em sua sede de lucro.

Viva os neandertais! Eles eram o selvagem bonzinho, perto Homo sapiens, que “arranca cabeças”, e condena seus iguais ao destino mais cruel: desigualdade social.

A mente de Deus difere da mente do homem. Para os que creem em uma força Maior, ou até se dizem ateus. Parece paradoxal, porém até mesmo a psiquiatria afirma o fato.

Se o homem santo chamado Jesus que curou leprosos, curou cegos, restabeleceu a vida aos mortos foi vilipendiado barbaramente em um julgamento hipócrita, onde alguém lavou as mãos, diante da sua bondade extrema, temos claro aí como funciona a mente humana.

O Australopithecus, hominídeo mais antigo, não era da Tesla, e não seguia ordens. Há um chefe, o mais rico em capital financeiro do planeta Terra. Ele está produzindo um exército de robôs humanoides, que são o resultado da mente humana em ação para o bem ou para o mal.

E o mal infelizmente pulula vertiginosamente em nosso meio: “Disciplinas com nomes ‘estranhos’ causam dúvidas e amedrontam alunos do Novo Ensino Médio

‘O que há por aí’ e ‘Relicário de heranças’ são algumas das matérias escaladas para este ano letivo no Rio. Estudantes dizem estar receosos com a proximidade do Enem e relatam ausência de disciplinas importantes, como História, Geografia, Química e Física”.

O fragmento publicado acima talvez não “lacre”; e cá para nós que nomenclatura! Tão fútil, e vulgar.

O ensino no Brasil não é de qualidade, e não é para todos. A politicagem assim não permite.

Vejo pessoas nas ruas conversando ou mesmo “brigando” com outras e dizendo: – cala a boca, você me bloqueou, você me cancelou. São distrações ocasionadas por palavras e atos típicos deste novo modo de viver em Redes na web; as pessoas não possuem nenhuma prontidão para reagir e exigir igualdade, elas apenas existem.

Descabido? Sim, relegar o povo a eterna subjugação à pobreza de corpo e alma é triste demais. E infelizmente o sonho da equidade vai ficando distante da massa populacional, que precisa esquecer que existe HISTÓRIA, BIOLOGIA, GEOGRAFIA, e terá que estudar “Relicário de herança” e “0 que há porcaí”. Isto é desmoralizar o MEC.

Em pensar que me eu tataravô foi alguém que mantinha uma biblioteca em sua fazenda para que aqueles que foram seus escravos (muito a contra-gosto) pudessem ler, já que ele alfabetizou a muitos.

O relato histórico dos anais da História muito me orgulha, e justifica minha postura política em favor da igualdade.

“(…) Como político, o Cel. Sá foi sempre republicano. “Nunca pude entender – dizia ele – como é que um homem pode herdar o direito de governar os outros.” Ele acompanhava com cuidado a vida dos políticos brasileiros e tinha, entre eles, acentuadas preferências. Admirava Martinho Campos, até o dia em que ele se declarou um escravocrata, depois dessa declaração, nunca mais leu os seus discursos no parlamento. Grande admirador de Theophilo Ottoni, foi o Cel. Sá também um dos chefes republicanos rebeldes, no sertão, em 1842. Fazia parte desse grupo republicano mineiro, entre outros, Theophilo Ottoni, Antonio Felício, Cônego Marinho, Francisco José de Sá, Major Domingos Pereira, Cônego Gonçalves Chaves e João Soares da Costa.

Conta-se que certa vez, acolheu na fazenda do Brejo de Santo André, muitos rebeldes, entre eles, o major Antonio Felício dos Santos e Vaz Mourão, que vieram asilar-se na Fazenda do companheiro e correligionário do sertão, o Cel. Sá, fugindo das forças legalistas da Monarquia, que os perseguiam. Em consequência, foram mandados um alferes e alguns soldados ao encalço do Cel Sá, que recebeu dos companheiros vários avisos para fugir. O coronel se recusou a fugir e, não tardou muito, a escolta entrou no pátio da sua fazenda. O Cel. Sá fez vir a sua presença, o alferes, chefe da milícia e, mesmo sabendo que vieram prendê-lo, indagou-lhe o motivo da longa viagem. “Viemos prendê-lo Coronel” foi a resposta, mas o coronel não se abalou, vendo o estado lastimável dele e dos outros soldados, todos com péssima aparência, cansados e famintos, pois não encontraram comida e abrigo ao longo da viagem, de Ouro Preto à Fazenda do Brejo, porque, por onde passavam, todos já estavam avisados de se tratar de soldados que tinham por incumbência aprisionar o Cel. Sá, chefe político respeitado e estimado em toda a região. Assim, após ouvir o alferes, o Cel. Sá lhe respondeu que isso ficaria para depois, que primeiro eles precisavam tomar banho, jantar e descansar da longa viagem que fizeram. Mandou preparar a alimentação e ofereceu a eles hospedagem até que se refizessem para a viagem de volta. Eles ficaram alguns dias na fazenda e, quando voltaram, haviam esquecido a incumbência que os levaram à fazenda do Cel. Sá.

Republicano convicto. Sua opção política era tão forte que, por várias vezes, lhe foram oferecidas distinções honoríficas pela Monarquia e ele, delas sempre recusou, dizendo que não trocava o posto de Coronel, o qual fora eleito, referindo-se à organização militar que antecedeu à Guarda Nacional, por cargos de nomeação. Depois de velho não cuidou mais da política local, deixando essa incumbência ao seu filho, Carlos Sá, que, igualmente republicano, como o pai, fundou no distrito de Santo Antonio do Gorutuba, o único núcleo de eleitores republicanos que, antes de 1888, votavam em candidatos republicanos a cargos de representação popular. Este foi o primeiro colégio eleitoral republicano fundado no Norte de Minas. “De nenhum outro colégio eleitoral republicano havia notícia no Norte de Minas.”

(…) Assim era o Cel Sá, firme nas suas convicções e extremamente bondoso e justo, tinha o espírito aberto às grandes causas humanas. “Não obstante ter tido instrução elementar somente, o seu espírito claro, o seu caráter altivo e nobre, os seus sentimentos grandemente humanitários, a sua inata filantropia faziam com que todo o povo que circulavam a sua fazenda, até grande distância, o estimasse e respeitasse no mais alto grau.” Além de republicano, era um abolicionista e teve a felicidade de ver decretada a abolição da escravidão no Brasil e essa reforma já não encontrou nenhum escravo na sua fazenda, pois libertara todos, que continuaram residindo na fazenda, onde tinham casa, mas trabalhando com salário e fazendo suas próprias roças nas terras da fazenda, sem que o proprietário dela lhes exigisse qualquer indenização. Assim como plantavam, também criavam animais e alimentavam bem as suas famílias. Teve o Cel. Sá a grata satisfação de ver também proclamada a república, o sonho político que norteou a sua existência! E viveu ainda quase cinco anos no novo regime, vindo a falecer no dia 14 de novembro de 1894, aos 92 anos.

Será que a DESIGUALDADE será presa ou “lacrada”, afinal lacrar é um verbo que se refere ao ato de fechar ou isolar algo, mas no Brasil é popularmente utilizado como uma gíria, que serve de sinônimo para “arrasar”, “mandar bem” ou “ter sucesso”.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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