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Francisco Weiss

Militante do PCO em São Paulo. Juntou-se ao partido em 2018, em meio à campanha da luta contra o golpe e pelo “Fora Bolsonaro”. É membro da coordenação do Grupo por uma Arte Revolucionária Independente (GARI), além de dirigente do PCO em São Paulo. Apresenta de segunda a sexta o programa Reunião de Pauta na COTV e outros programas do Canal e também da Rádio Causa Operária.

Coluna

Kandinsky: o criador da arte abstrata

O pintor russo Kandinsky transitou por vários estilos até chegar na arte abstrata, conheça mais de sua vida e obra

O pintor russo Vassili Kandinsky é considerado por todos como o inventor da pintura abstrata no contexto das artes plásticas ocidentais. Sua preferência por pinturas que não retratassem nenhum objeto do mundo exterior vem do seu interesse em se aproximar das sensações produzidas pela música, arte abstrata por excelência. Kandinsky tinha uma correspondência intensa com os compositores contemporâneos a ele, como o austríaco, Arnold Schönberg, inventor do dodecafonismo e um dos mais influentes compositores do começo do século XX.

Kandinsky nasceu na cidade de Moscou em 1866, sendo membro de uma família da alta burguesia russa, e passou a maior parte da sua infância em Odessa. Seu gosto pelas artes veio através da influência de sua tia materna, que o introduziu à música, pintura e à cultura popular, através de contos folclóricos russos. Durante a infância também começou a aprender o piano e o violoncelo.

Kandinsky se formou em Direito e Economia na Universidade de Moscou aos 26 anos. Durante esse período, se envolveu nas lutas políticas do movimento estudantil, que se opunha às leis czaristas proibindo a organização política dos estudantes. Foi apenas um flerte com a luta política, mas que causou grande impressão no artista. Segundo ele próprio, fez com que “as cordas da alma se tornassem sensíveis, receptivas, particularmente aptas para vibrar”.

Apesar de ter se dedicado por um breve período à carreira acadêmica, inclusive, tendo recebido convite para lecionar Direito na Universidade de Dorpat, Kandinsky abandona tudo aos 30 anos para se dedicar à arte e se muda para Munique, na Alemanha.

Kandinsky sempre foi considerado um dos principais pintores abstratos da tradição ocidental. Alguns, inclusive, dizem que ele teria pintado a primeira obra abstrata da história. Entre os diversos motivos que podem tê-lo levado a optar por essa modalidade, há o seguinte episódio: em 1986, Kandinsky visitou a maior exposição sobre o impressionismo francês já organizada na Rússia. Lá, ele se impressiona com o quadro “Montes de Feno”, de Claude Monet.

Ali, ele testemunhou, pela primeira vez, o poder que a cor tinha sobre o conjunto de um quadro, quase que se sobrepondo ao tema, com uma existência potencialmente autônoma. No entanto, isso ainda era algo confuso e intuitivo para o artista. Ao descrever a experiência, anos depois, ele diria: “aquilo era uma pilha de feno, foi o que o catálogo da exposição informava. Essa não identificação foi dolorosa para mim. Eu considerava que o pintor não tinha o direito de pintar indistintamente. Eu senti, devidamente, que o objeto da pintura havia desaparecido. E eu notei, com surpresa e confusão, que a imagem não só se agarrou em mim. Mas que ficou impressa de maneira irremediável à minha memória. A pintura assumiu o tom de um conto de fadas repleto de esplendor”.

Em Munique, Kandinsky cursou a Escola de Arte de Munique, onde teve aulas com o pintor Anton Azbè, no entanto, rapidamente se desinteressa pelo método de ensino da escola, que seguia a formação acadêmica clássica. À medida que se desenvolve enquanto artista, Kandinsky também passa a publicar uma série de trabalhos teóricos a respeito de sua própria obra. No entanto, vai sempre contra as orientações do instituto em que estuda. Uma delas é que Kandinsky prefere pintar paisagens externas a utilizar modelos humanos, os quais ele condena como sendo “malcheirosos, apáticos, inexpressivos, geralmente destituídos de caráter”.

Em 1900, é admitido na Academia de Belas Artes de Munique, onde estudou com Franz von Stuck, o maior pintor impressionista da Alemanha. Foi nesse período que ele inaugurou a Falange, uma associação artística que reunia jovens para difundir a nova arte que vinha surgindo na Alemanha. Suas pinturas nesse período retinham características do impressionismo, porém com a utilização de cores mais vivas e vibrantes, ao estilo do folclore russo, o gênero foi chamado de “pós-impressionismo”.

Com a Falange, Kandinsky levou adiante uma série de iniciativas, entre elas a organização de exposições, publicação de textos e uma escola de pintura, onde ele e seus associados procuravam divulgar o novo estilo que estavam desenvolvendo. Nessa época, o pintor já despontava como autoridade artística e teórica do grupo.

O período entre 1900 e 1908, apesar de ser muito rico em produção, com muitas experimentações em diversas técnicas, ainda não vê a definição do caminho pelo qual Kandinsky seguiria posteriormente. Foi nessa época que realizou suas primeiras xilogravuras, diversos estudos a têmpera e telas a óleo. Foi o período mais importante de sua formação artística. Em 1904, deixou o grupo Falange para seguir por outros rumos. Ele faz uma longa viagem pela Europa e realiza exposições em diversos países, sempre acrescentando novos aspectos para seu próprio estilo.

A pintura abstrata, ou não-objetiva, parece ter surgido para o artista devido a uma situação vinda do acaso. Ele relata: “Regressava de meus esboços, encerrado em meus pensamentos quando, ao abrir a porta do estúdio, vi-me de repente diante de um quadro de beleza indescritível e incandescente. Perplexo detive-me olhando-o. O quadro carecia de tema, não descobria objeto algum identificável e era composto por brilhantes manchas de cor. Finalmente me cerquei mais e só então reconheci o que aquilo era realmente: meu próprio quadro, posto de lado sobre o cavalete… Uma coisa se evidenciou: que a objetividade, a descrição de objetos, não era necessária em minhas pinturas, e na realidade, as prejudicava”.

Foi apenas dois anos depois, em 1910, que Kandinsky pintou uma aquarela sem nenhuma referência figurativa, que veio a ser considerada a primeira pintura abstrata da história. A obra se chama, justamente, “Aquarela Abstrata”. A peça já tem uma semelhança clara com os trabalhos que faria em sua maturidade artística.

Em 1917, Kandinsky, que vivia exilado na Suíça devido às tensões políticas da I Guerra Mundial, chega a viajar para a Rússia, sua terra natal, para acompanhar os acontecimentos da Revolução que ali se deflagrava. Ele retorna à Alemanha em 1921, para participar do inovador projeto da Bauhaus. Ali, ele leciona até 1933, quando a Bauhaus foi fechada pelos nazistas. Nesse mesmo ano, muda-se para Paris e lá vive até o final de sua vida, morrendo em sua casa, em Neuilly-sur-Seine, em 1944.

O legado de Kandinsky permanece até os dias de hoje, em que a arte abstrata é uma das principais modalidades artísticas de todas as escolas. Com ela, veio uma nova forma de encarar as artes plásticas, onde a relação entre as imagens e as sensações se dá de forma mais direta e pura, sem que haja a necessidade da referência figurativa para tal.

Na capa da nova caderneta da Loja do PCO está retratada a obra Composição VIII, que também representa uma virada de página de Kandinsky, já em plena maturidade artística. A obra, datada de 1923, abandona o marcante estilo caótico que caracterizou sua predecessora, Composição VII. Influenciado pelo Suprematismo e pelo Construtivismo absorvidos por Kandinsky durante seu período na Bauhaus, ela abandona as emoções exacerbadas e caóticas de antes e emprega formas geométricas bastante definidas. Convidamos os camaradas a carregarem consigo uma das mais importantes obras da arte abstrata da história.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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