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Estados Unidos

‘Caça às bruxas’: Trump denuncia julgamento nos EUA

Disputa acirrada pelo controle do Estado norte-americano entre setores da burguesia imperialista coloca a principal potência mundial sob estado de tensão

O julgamento do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi retomado na última segunda-feira (15), trazendo consigo a possibilidade de uma condenação criminal e, em um desdobramento mais extremo, a proscrição da candidatura de Trump nas próximas eleições presidenciais nos Estados Unidos, previstas para 5 de novembro. Principal líder do Partido Republicano, candidato às eleições de novembro pelo partido e favorito para ganhar a disputa, Trump tem contra si 34 acusações de falsificação de registros comerciais relacionados a um pagamento de US$130 mil feito à atriz de filmes adultos Stormy Daniels no final do ciclo eleitoral de 2016, com o objetivo de mantê-la calada sobre sua alegação de um suposto encontro sexual. O ex-presidente nega a alegação e declara-se inocente.

Na segunda-feira, ao chegar ao tribunal, Trump rapidamente deu o tom de sua defesa, declarando que o julgamento é um “ataque aos Estados Unidos” e uma “perseguição política”. Além de negar as acusações, o ex-presidente tem caracterizado-as como uma “caça às bruxas”. Para se defender, o bilionário tem usado o caso para mobilizar sua base e, também, arrecadar doações à sua candidatura presidencial.

No início da audiência do dia, a defesa do republicano pediu a suspeição do juiz Juan Manuel Merchan, alegando que, como a filha de Merchan trabalha como consultora dos democratas, o juiz tem um conflito de interesses e deveria ser retirado do caso. Merchan, no entanto, negou um pedido da equipe de defesa de Trump, dizendo, mais uma vez, que não irá se retirar do julgamento.

Teoricamente, o ex-presidente poderia pegar mais de 100 anos de prisão pelas 34 acusações que enfrenta em Nova Iorque, mas especialistas jurídicos dizem que tal desfecho é altamente improvável devido à natureza das acusações. Outro desdobramento possível seria a exclusão de Trump das eleições.

A falta de disposições claras na legislação norte-americana para inelegibilidade do presidenciável republicano devido a condenações criminais, embora seja um aspecto democrático da legislação do principal país imperialista do mundo, traz o potencial de colocar a corrida presidencial em um estado de crise nunca antes visto no país. “Se não vencermos esta eleição, acho que não haverá outra eleição neste país”, disse Trump ao comentar sua vitória nas primárias republicanas, no dia 16 de março (“Trump predicts the end of U.S. democracy if he loses 2024 election”, Tim Reid, 16/3/2024).

Como que confirmando o clima belicoso nos EUA, o último governador britânico da então colônia de Hong Kong, Chris Patten, escreveu ao sítio Project Syndicate que o ex-presidente “é a maior ameaça à democracia liberal” atualmente:

O desprezo de Donald Trump pelo Estado de Direito e sua afinidade com autocratas são um anátema para sociedades livres e abertas. Sua vitória na eleição presidencial dos EUA em 2024 colocaria o destino da democracia liberal nas mãos de um demagogo que mina seus princípios mais básicos.

Dado o tamanho da crise interna, a política nos EUA repercute além das fronteiras do país, afetando a luta de classes no resto do mundo. Enquanto os norte-americanos se atacam pelo domínio do Estado, o resto do mundo observa atentamente o desenrolar desses eventos, consciente do impacto que podem ter em escala global.

Além das questões jurídicas, a possível vitória de Trump nas eleições também terá impacto na política internacional. Em pontos mais sensíveis da crise imperialista como Ucrânia, Palestina e Taiuan, a perspectiva de uma presidência de Trump levanta dúvidas sobre o futuro dessas regiões e das relações globais de conjunto.

A turbulência política nos Estados Unidos espelha a profunda crise que castiga a ditadura mundial. Refletindo a disputa acirrada pelo controle do Estado norte-americano entre um setor mais frágil do imperialismo e o mais poderoso, a cisão na classe social vem se aprofundando desde a crise de 2008 e coloca a principal nação do mundo em um estado de tensão constante e crescente.

Com os reflexos desta crise refletindo-se também no Brasil, as comparações são inevitáveis. Embora Jair Bolsonaro também enfrente uma perseguição judicial, as diferenças no sistema jurídico brasileiro (muito mais autoritário do que o norte-americano, nesse sentido) dificultam a aplicação de medidas semelhantes às adotadas contra o ex-presidente brasileiro nos EUA.

No entanto, tal como ocorre na maior potência global, a perseguição judicial também fortalece Bolsonaro e enfraquece o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva. No maior país latino-americano, o presidente saído do movimento dos trabalhadores vem sendo identificado como o responsável pelos abusos da justiça brasileira, em especial o ministro do STF, Alexandre de Moraes.

A divisão política nos EUA é um reflexo de uma profunda crise imperialista, que também se manifesta no resto mundo, incluindo o Brasil. Nesta conjuntura, qualquer desfecho que tenha o caso Trump e as eleições norte-americanas, a única tendência possível é a temperatura política subir expressivamente e a crise se acentuar. “Como” e “quanto” são perguntas que o tempo responderá, mas é certo que virão, e não vai demorar.

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