Há 50 anos, em 9 de agosto de 1974, o presidente Richard Nixon, do Partido Republicano, reeleito em 1972, com umas das maiores vitórias na história norte-americana, renunciava ao cargo. O fato inédito foi decorrência das investigações acerca do escândalo político ocorrido em 1972, conhecido como “Caso Watergate”.
Caso Watergate
A origem do caso Watergate está na campanha eleitoral de 1972, durante aquela jornada, no dia 17 de junho, a sede do Comitê Nacional do Democrata, no Complexo Watergate, em Washington, foi invadida. Na ocasião cinco pessoas foram detidas, entre estes quatro haviam participado da tentativa de Invasão a Baía dos Porcos em 1961.
O objetivo dos assaltantes era fotografar documentos, internos do Partido Democrata, além de instalar aparelhos de escuta ilegais no escritório.
Já nomeado como caso Watergate, a ocorrência foi investigada, por dois jovens repórteres do jornal The Washington Post, Bob Woodward e Carl Bernstein. O trabalho desses repórteres estabeleceu ligações entre a invasão ao escritório do Partido Democrata e a Casa Branca.
Garganta Profunda
Um dos principais informantes da investigação jornalística, responsável por passa muitas das informações utilizadas, foi o agente do FBI Mark Felt, então vice-diretor do FBI na década de 1970. Visando preserva o anonimato da fonte, Felt recebeu a alcunha de Garganta Profunda (Deep Throat).
A inspiração do codinome veio do filme pornográfico homônimo. Sua identidade permaneceu no anonimato até 31 de maio de 2005, sendo revelada apenas num artigo autobiográfico na revista Vanity Fair, Felt faleceu no dia 19 de dezembro de 2008, aos 94 anos.
Julgamento
Com a repercussão das denúncias, houve uma investigação oficial que apreendeu gravações, entre estas a conhecida como “smoking gun” (pistola fumegante, em português), demonstrando a ciência do presidente Nixon das operações ilegais contra a oposição. As fitas encontradas sofreram edição, havendo remoção de trechos.
A defesa de Nixon tentou sustentar a confidencialidade das gravações nas prerrogativas do cargo de presidente. Entretanto, o julgamento da Suprema Corte norte-americana, em 24 de julho de 1974, foi unânime acerca da apresentação das gravações originais.
Primeira renuncia presidencial norte-americana
Após desenvolvimento dos acontecimentos, o desfecho óbvio do caso seria a comprovação inequívoca do envolvimento de Nixon na ação criminosa contra a sede do Comitê Nacional Democrata. Com consequente abertura de um processo de impeachment e todas suas implicações legais e políticas.
Restando poucas opções a Nixon, no dia 9 de agosto de 1974, sua renúncia era anunciada, fazendo deste o primeiro, e até o momento, único presidente norte-americano a fazê-lo.
A anistia
Seu vice, Gerald Ford, o sucedeu no cargo, no dia 9 de setembro Ford concedeu ao antecessor o “perdão total, livre e absoluto” de quaisquer crimes durante seus mandatos presidenciais.
Ford atestava que o perdão servia aos interesses do país e que a situação da pessoal de Nixon era “uma tragédia na qual todos desempenhamos um papel. Poderia continuar e continuar, ou alguém deve escrever o fim a ela. Concluí que só eu posso fazer isso, e se posso, devo”, declarou.
Nixon inicialmente relutou em aceita o perdão, negando a possibilidade de uma declaração de contrição. Para tanto, o mesmo não se vislumbrava como autor de crimes:
“Eu estava errado em não agir de forma mais decisiva e mais direta ao lidar com Watergate, particularmente quando chegou ao estágio do processo judicial e passou de um escândalo político para uma tragédia nacional. Nenhuma palavra pode descrever a profundidade de meu arrependimento e dor na angústia que meus erros sobre Watergate causaram à nação e à Presidência, uma nação que eu tanto amo e uma instituição que respeito muito.”
A impopularidade de Nixon era tamanha que sua anistia foi considerada o principal fado político de Ford, resultando em sua derrota nas eleições presidências de 1976, além de ocasionar ao republicanos, a perda de 43 cadeiras na Câmara e três no Senado. Em editorial, o The New York Times declarou que foi “ato profundamente insensato, divisivo e injusto”, exaurindo a “credibilidade do novo presidente como um homem de juízo, franqueza e competência.”
Momento histórico
O escândalo de Watergate, um caso sem precedentes, foi um momento histórico na política norte-americana. O momento atual, com atentando contra presidente e um presidente que não concorre a reeleição também é histórico. As limitações das soluções e complexidade da situação, evidenciar a crise atual do regime imperialista.