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Economia

Golpe reduziu participação dos salários em 10% do PIB

Participação dos trabalhadores no PIB cai para o menor patamar em cerca de 20 anos

A participação dos salários na economia nacional sofreu um duro golpe nos últimos anos, desde o golpe de Estado (2016), retrocedendo para o menor nível em 19 anos.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), enquanto cresceu a participação dos lucros (do ganho dos capitalistas às custas do trabalho da classe operária), a participação dos salários perdeu espaço, caiu para menos de 40% do Produto Interno Bruto (PIB).

Em 2016, antes do golpe de Estado, a renda dos assalariados chegou ao pico: 44,7% do PIB. De lá até 2022, não parou de cair. Em 2021, último ano com dados disponíveis, essa parcela ficou em 39,2%. Uma queda de 5,2 pontos, equivalente a um retrocesso de mais de 10% da sua participação anterior.

Bem abaixo dos países desenvolvidos

A expropriação salarial intensifica a desigualdade no País e evidencia, junto com outros dados, que o Brasil está distante das economias desenvolvidas.

Dados da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne as economias desenvolvidas, mostram que esses países têm participação dos salários mais próxima de 50%. Nos EUA, por exemplo, alcança 53,8%, no Reino Unido, é de 50,6%, na União Europeia, é de 48,2%.

A situação do Brasil é semelhante a de outros países atrasados onde a “fatia dos trabalhadores” fica abaixo dos 40%. Como nos casos do Chile, com 37%; Colômbia, com  34% e México, 26,9%.

Fatia maior dos capitalistas

Graças ao golpe de Estado, a “fatia” dos capitalistas do PIB não parou de crescer. Passou de 32,1% em 2015 para 37,5% do PIB brasileiro em 2021, a maior da série histórica, iniciada em 2000.

Para chegar a esse montante roubando recursos dos trabalhadores, três fatores foram decisivos:

  1. a aprovação da reforma trabalhista (2017), que eliminou uma série de direitos dos trabalhadores, reduzindo os custos dos patrões com a mão-de-obra;
  2. as demissões em massa, para reduzir vagas e substituir trabalhadores com direitos por milhões de outros sem os mesmos, incluindo terceirizados, pejotizados (empregados contratados como pessoa jurídica em vez de carteira assinada) etc;
  3. rebaixamento direto dos salários diante do aumento do desemprego e da retirada de direitos.

Outro fator usado pelos capitalistas e seus governos contra os trabalhadores foi a pandemia, iniciada em 2020.

Mesmo com o fim da pandemia, as estimativas são de que o nível de participação dos salários situe-se ainda abaixo de 40%, não tendo, portanto, sequer retornado ao nível de 2019, porque a retomada da economia se fez com os salários defasados, sem qualquer recuperação real dos valores roubados.

De acordo com dados mais recentes da Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar (Pnad), do próprio IBGE, a massa de rendimentos do trabalho teria alcançado uma participação de apenas 32% do PIB no fim do ano passado.

Como recuperar o que foi perdido?

Segundo a pesquisadora Kátia Namir, “há uma defasagem do impacto da recessão nos salários. Há rigidez para demitir e reduzir salário, por isso só vemos mudança nos anos seguintes“. Ela destacou ainda que “as atividades que mais cresceram nos últimos anos são intensivas em capital, precisam de muito investimento em equipamentos e menos de mão de obra. — Foi assim nesse período, com o crescimento da indústria extrativa e agropecuária mais intensiva em capital. Isso faz aumentar a participação do excedente operacional bruto“.

Para recuperar o espaço perdido, os salários reais teriam que subir acima do PIB. Para alcançar essa conquista, seria necessário retirar do que foi roubado dos trabalhadores nos últimos anos, recompondo as perdas salariais e obtendo ganhos reais dos salários.

O “bolo” da economia não é elástico. Para garantir uma fatia maior para os trabalhadores, seria necessário reduzir a fatia dos lucros dos patrões. O que só será possível de ser alcançado por meio de uma mobilização geral dos trabalhadores, que precisa ser impulsionada por meio de uma ampla campanha da CUT e dos sindicatos, superando a prostração atual da maioria da burocracia sindical.

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