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Rio Grande do Sul

Formar comitês: o primeiro passo para superar a catástrofe

Desde a pandemia, crises do gênero evidenciam que a ação organizada, através de comitês de luta é o melhor método para o povo intervir em uma catástrofe

Mesmo com um Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas produzidas por uma determinada sociedade) que superou R$581 bilhões, o Rio Grande do Sul é palco de uma das maiores catástrofes da história do estado e também do País. O assalto dos bancos e dos monopólios imperialistas aos cofres públicos é o principal responsável pelo desalento da população gaúcha, o que coloca em caráter de máxima urgência a necessidade dos setores mais avançados do estado organizarem-se com os comitês de luta.

A criminosa indiferença do governo com a população foi relatada ao Diário Causa Operária por um morador da capital gaúcha, Porto Alegre, que destaca o generalizado com o povo:

“Certo dia, fiquei sem luz. Nesse mesmo dia, pela manhã, recebi a notícia que bairros do lado do Centro Histórico, onde moro, no caso os bairros Cidade Baixa e Menino Deus, estavam inundando, estavam com alerta de evacuação. Então, fiquei preocupado, mas, como os alertas não eram no meu bairro, decidi ficar em casa, apesar de estar sem energia e de o fornecimento de água para o prédio ter cessado. Mas, à tarde, eu fiquei completamente sem sinal de internet, sem sinal de 4G, sem sinal de telefone. Daí tomei a decisão de sair, pois se tivesse mais um alerta eu não saberia”.

Atual governador do estado, Eduardo Leite (PSDB-RS) é um serviçal dos monopólios que saqueiam os cofres públicos, razão pela qual nenhuma desconfiança com o que fazem será jamais demasiada. Os comitês de luta, por outro lado, permitem à população se organizar por fora do controle estatal e conseguir o atendimento de suas reivindicações por meio da pressão popular.

A mobilização do povo é especialmente importante dado que, a exemplo do que se observou durante a crise da pandemia de COVID-19, os governos pouco ou nada fazem em relação à catástrofe. Ao Diário Causa Operária, uma moradora declarou que “quem está fazendo as coisas acontecerem são os civis. É o povo que foi para a rua, eles pegam o jet-ski, eles passam a noite salvando as pessoas, porque o que é da parte do governo não dá conta, e nem faz também. Eles são muito lentos”.

A solidariedade, embora louvável, tem um poder de ação muito limitado se comparado à ação de mobilizar e pressionar as autoridades públicas. Para dar solução aos problemas decorrentes da catástrofe e impedi-la de piorar o drama da população, a ação dos comitês é imprescindível. As sucessivas crises brasileiras desde a pandemia evidenciam ser este o melhor método para a população intervir em uma crise e fazer valer seus interesses.

Foi o caso, por exemplo, da pequena cidade de São Félix do Coribe, com uma população inferior a 16 mil habitantes em 2022 e localizada no sudoeste baiano.

Com a clareza de que o atendimento das demandas só será possível com uma grande força mobilizadora pressionando os governos, a primeira e mais urgente tarefa é impulsionar os comitês por todo o estado. Em nota publicada (que pode ser lida aqui), os comitês existentes destacam a importância do setor mais ativo levar os comitês ao máximo de localidades atingidas e, a partir de seu programa, impedir a deterioração da situação, salvando vidas e superando a grave crise que assola o estado.

Segundo o boletim da Defesa Civil publicado no último dia 9, mais de 327 mil pessoas estão desalojadas no estado sulista, que tem ainda 107 pessoas mortas e outras 134 desaparecidos. Pelo menos 1,74 milhão de pessoas foram afetadas pela catástrofe, que segue provocando estragos incalculáveis, como mostra a evolução do número de desalojados, que entre os dias 8 e 9, aumentou em 161.993, um crescimento de quase 100%. Este primeiro passo, como atestou a história recente do País, é fundamental para que as demais reivindicações sejam atendidas.

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