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HISTÓRIA DA PALESTINA

Escritos de Malcolm X sobre ‘Israel’

Líder do movimento negro norte-americano argumenta que o sionismo não é uma ameaça só à Palestina, mas a todos os países oprimidos

Ali Hammoud, em texto publicado no Mondoweiss, intitulado As últimas palavras escritas de Malcolm X foram sobre o sionismo. Aqui está o que ele disse, mostra que, apesar de não haver registros em sua autobiografia e em outros livros sobre sua vida, Malcolm X era um inimigo do sionismo e um defensor da luta do povo palestino. Tanto é assim que, segundo o autor, o último escrito de Malcolm teria sido sobre o sionismo, como veremos abaixo.

Em 5 de setembro de 1964, por exemplo, Malcolm X viajou a Gaza. Lá, o líder do movimento negro norte-americano visitou o campo de refugiados de Khan Younis e um hospital local.

Naquele momento, havia pouco tempo desde o início da Nakba e da expulsão sanguinolenta dos palestinos por parte do Estado nazista de “Israel”. Portanto, as atrocidades cometidas pelo sionismo ainda estavam frescas na memória do povo palestino.

Nesse sentido, o encontro que Malcolm X teve com o renomado poeta palestino Harun Hasim Rashid, afirma Hammoud, foi de extrema importância para que sua posição acerca do conflito “Israel”-Palestina fosse formada. Segundo o artigo, os relatos feitos por Rashid sobre a Crise do Suez, em que centenas de palestinos foram assassinados pelas tropas fascistas de “Israel”, afetaram Malcom.

Além disso, o fato de que Malcolm registrou um dos poemas de Rashid intitulado Nós precisamos retornar em seu diário mostra sua admiração pelo poeta:

Devemos retornar

Nenhum limite deveria existir

Nenhum obstáculo pode nos parar

Grite refugiados: “Voltaremos”

Diga aos Mts: “Vamos voltar”

Diga ao beco: “Vamos voltar”

Estamos voltando para a nossa juventude

 

Palestina nos chama a nos armar

E estamos armados e vamos lutar

 

Devemos retornar

O artigo do Mondoweiss ainda afirma que, após o encontro com Rashid, Malcom rezou a oração noturna congregacional junto a líderes religiosos palestinos. O “espirito de Alá era forte” em Gaza, teria anotado em seu diário.

Após voltar de Gaza, Malcom escreveu o texto Lógica Sionista, publicado na Gazeta Egípcia em 17 de setembro de 1964. No artigo, ele argumenta que o sionismo não é uma ameaça só à Palestina, mas a todos os países oprimidos.

“Os sionistas israelenses estão convencidos de que conseguiram camuflar com sucesso o seu novo tipo de colonialismo. O seu colonialismo parece ser mais ‘benevolente’, mais ‘filantrópico’, um sistema com o qual eles governam simplesmente fazendo com que as suas vítimas potenciais aceitem as suas ofertas amigáveis ​​de ‘ajuda’ econômica e outros presentes tentadores, que eles balançam na frente das nações africanas recentemente independentes, cujas economias passam por grandes dificuldades… Assim, o poder e a influência do [Estado] sionista de Israel em muitas das nações africanas recentemente ‘independentes’ tornaram-se rapidamente ainda mais inabaláveis ​​do que os dos colonialistas europeus do século XVIII… e este novo tipo de colonialismo sionista difere apenas na forma e no método, mas nunca no motivo ou objetivo”, diz.

No mesmo texto, Malcolm argumenta porque é absurdo a alegação de que a ocupação israelense na Palestina é legítima porque estaria fundamentada na religião dos judeus:

“Teriam os sionistas o direito legal ou moral de invadir a Palestina Árabe, arrancar os seus cidadãos árabes das suas casas e confiscar para si todas as propriedades árabes apenas com base na afirmação ‘religiosa’ de que os seus antepassados ​​viveram lá há milhares de anos? Há apenas mil anos os mouros viviam na Espanha. Será que isto daria aos mouros de hoje o direito legal e moral de invadir a Península Ibérica, expulsar os seus cidadãos espanhóis e depois estabelecer uma nova nação marroquina […] onde a Espanha costumava estar, como os sionistas europeus fizeram para nossos irmãos e irmãs árabes na Palestina?”

Em seu artigo, Hammoud afirma que o que foi exposto até aqui é relativamente de conhecimento público. Entretanto, ele destaca que um apêndice desconhecido de Os mortos estão surgindo (The Dead Are Arising), biografia escrita por Les Payne e Tamara Payne, deixa mais claro qual a posição de Malcolm X acerca da questão palestina.

Trata-se de nove perguntas que foram enviadas a Malcolm pelo diretor-geral do Centro Islâmico de Genebra sobre sua vida. A resposta à última pergunta, segundo Hammoud, foi escrita na manhã de 21 de fevereiro de 1965, dia em que foi assassinado. É, ao que tudo indica, a última coisa que Malcolm escreveu antes de morrer, e é um texto que mostra o perigo que ele via no sionismo – e, devido à sua ideologia religiosa, no comunismo.

Leia sua resposta, na íntegra, abaixo:

Pergunta: A África parece ter capturado grande parte da sua atenção e preocupação entusiástica. Por quê? E agora que você visitou quase todas as partes dela, onde você acha que o Islã realmente se encontra? E o que, na sua opinião, poderia ser feito para salvá-lo tanto da falta de inteligência de muitos ou, melhor dizendo, da maioria daqueles que são considerados campeões de sua causa, quanto da maliciosa, astuta aliança do sionismo, ateísmo e fanatismo religioso contra o Islã?

Resposta: Eu considero a África como minha pátria. Estou principalmente interessado em vê-la completamente livre da influência política e econômica externa que a dominou e explorou. A África, por causa de sua posição estratégica, enfrenta uma crise real. Os abutres coloniais não têm intenção de abrir mão sem lutar. Sua principal arma ainda é ‘dividir para conquistar’. No leste da África, há um forte sentimento antiasiático sendo alimentado entre os africanos. No oeste da África, há um forte sentimento antiárabe. Onde há árabes ou asiáticos, há um forte sentimento antimuçulmano. Essas hostilidades não são iniciadas pelas pessoas mencionadas acima que estão envolvidas. Eles não têm nada a ganhar lutando entre si neste momento. Aqueles que mais se beneficiam são os antigos mestres coloniais que agora substituíram o odiado colonialismo e imperialismo pelo sionismo. Os sionistas superaram todos os outros grupos de interesse na presente luta por nosso Continente Mãe. Eles usam uma abordagem benevolente, filantrópica, tornando bastante difícil para suas vítimas enxergarem através de seus esquemas. O sionismo é ainda mais perigoso que o comunismo porque é mais aceitável e, portanto, mais eficazmente destrutivo.

Como a imagem árabe é quase inseparável da imagem do Islã, o mundo árabe tem uma responsabilidade múltipla que deve cumprir. Como o Islã é uma religião de Fraternidade e Unidade, aqueles que lideram a divulgação dessa religião têm o dever de dar o mais alto exemplo de Fraternidade e Unidade. É imperativo que Cairo e Meca (O Conselho Supremo de Assuntos Islâmicos e a Liga Mundial Muçulmana) tenham uma conferência religiosa “de cúpula” e demonstrem um maior grau de preocupação e responsabilidade pelo atual estado deplorável do Mundo Muçulmano, ou outras forças se levantarão nesta presente geração de muçulmanos jovens e progressistas, e os “Centros de Poder” serão retirados das mãos daqueles em que estão agora e colocados em outro lugar. ALÁ PODE FACILMENTE FAZER ISSO.

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