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Editorial

Em romance com Milei, burguesia vai de Bolsonaro em 2026?

Ofensiva jurídica contra Alberto Fernández prova acordo da classe dominante argentina para se livrar de qualquer tipo de oposição à política neoliberal

“O progresso até agora tem sido impressionante”. Foi assim que uma representante do Fundo Monetário Internacional (FMI) descreveu os cem primeiros meses de Javier Milei à frente da Argentina. Contente com a queda da inflação, que permitirá um aumento dos lucros dos especuladores, a representante do FMI esqueceu de mencionar, por exemplo, que a venda de remédios despencou pela metade. Isto é, que, graças à política econômica de Javier Milei, muita gente vai morrer porque não consegue comprar seu medicamento.

A declaração é bastante esclarecedora para quem quer saber a posição do grande capital em relação à política latino-americana. Para a grande burguesia – isto é, o imperialismo -, Milei é um bom garoto. Alguém que está fazendo um bom trabalho em arruinar as condições de vida dos argentinos, que já viviam sob uma situação de miséria desde a devastação causada pelo governo de Mauricio Macri.

Com a posição do FMI, fica claro que a chegada de Milei ao poder não foi por acaso. Não foi “sorte”, nem resultado de alguma característica pessoal sua. Milei é apoiado pelos grandes capitalistas. E tanto é apoiado que está recebendo o apoio necessário para levar adiante uma verdadeira ditadura contra a população argentina, que, curiosamente, não é criticada pelos órgãos que se dizem tão preocupados com a “democracia”.

O apoio do grande capital a Milei é um sinal claro de que há um acordo no interior da burguesia para o estabelecimento de governos que promovam um verdadeiro “choque” econômico, como o próprio Milei descreveu. E, portanto, um acordo para aumentar o caráter repressivo do Estado e para excluir a esquerda do regime.

Pouco tempo depois do elogio do FMI a Milei, chega a notícia de que o ex-presidente Alberto Fernández teve os seus bens bloqueados e o seu sigilo bancário bloqueado pela Justiça argentina. A acusação é a de contratação irregular de seguros para entidades estatais. Isto é, a típica acusação da direita neoliberal contra os governos com alguma relação com a esquerda – a acusação de “corrupção” contra as empresas estatais.

Fernández sequer é um representante da esquerda argentina – como é, por exemplo, Cristina Kirchner. No entanto, por ter sido presidente com o apoio do kirchnerismo, acaba sendo identificado como parte da política econômica de oposição à política de Javier Milei.

Cristina Kirchner já esteve à beira da prisão tantas vezes que até desistiu de ser candidata. Agora, a Justiça parte para cima do ultra-moderado Fernández. A mensagem é clara: a burguesia está com Milei e vai tomar todas as iniciativas necessárias para que não haja oposição real ao seu governo. Afinal, o “choque econômico” só pode vir por meio de uma ditadura.

Acontecimentos recentes indicam que o mesmo pode estar em vias de acontecer no Brasil. Após o vazamento de e-mails que comprovam o cerco ilegal dos tribunais brasileiros contra o Twitter, a imprensa decidiu criticar publicamente Alexandre de Moraes, ministro que, até pouco tempo, contava com todo o apoio do grande capital para perseguir a extrema direita. Se os capitalistas decidiram “fritar” Moraes, é porque decidiram que o bolsonarismo não precisaria mais ser freado. Em outras palavras, firmaram um acordo com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Se é fato que, já no segundo ano do mandato de Lula, a burguesia se unificou em torno de Bolsonaro, isso indica também que a esquerda deve se preparar para uma nova ofensiva contra o próprio governo e, inevitavelmente, contra ela própria. Afinal, se a burguesia decidiu apoiar Bolsonaro ou o candidato que ele indicar, precisará atacar de maneira muito dura o governo Lula para que este não consiga a eleição.

Assim como na Argentina, onde o Judiciário retoma as intimidações contra aqueles identificados como opositores da política neoliberal, o Brasil pode estar à beira de uma nova “caça às bruxas”, como foi no auge da Operação Lava Jato.

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