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HISTÓRIA DA PALESTINA

Em 1982, Biden apoiou massacre de mulheres e crianças no Líbano

Quando se encontrou com Menachem Begin, premiê de “Israel”, ele disse que a ação dos EUA seria ainda mais violenta que a dos sionistas, até mesmo matando mulheres e crianças

Muito antes de ser presidente dos EUA, Joe Biden era uma das principais figuras do imperialismo norte-americano. Ele já adentrou a política como senador em 1973 e desde então sempre foi uma figura central na política externa norte-americana. Sendo assim, sempre foi um grande apoiador do sionismo, o que se expressa da forma mais monstruosa em seu atual apoio ao genocídio na Faixa de Gaza. Já da década de 1980 ele se mostrava como um defensor dos massacres mais violentos até então, foi o que houve quando “Israel” invadiu o Líbano em 1982.

Naquele ano o Estado de “Israel” governado pelo fascista Menachem Begin, uma espécie de primeiro Netaniahu, decidiu lançar uma enorme invasão do Líbano, pois lá se organizava a luta armada dos palestinos, principalmente o Fatá e a FPLP, unificadas na OLP. Foi uma das guerras mais violentas da história. Neste mesmo ano aconteceu o massacre de Sabra e Chatila, em que milhares de civis palestinos foram assassinados com armas brancas por milícias fascistas apoiadas por “Israel”. Nessa conjuntura também foi fundado o partido Hesbolá, para libertar o Líbano.

O senador Joe Biden, figura importante da política externa dos democratas, que não eram governo, se encontrou com Begin em 1982. O premiê israelense também se encontrou com o presidente dos EUA Ronald Reagan, que estava mais pressionado que Biden a se posicionar contra a guerra. O jornal israelense Yedioth Anoroth publicou relatos sobre o encontro:

“Quando Menachem Begin entrou na Sala Oval da Casa Branca na segunda-feira desta semana, ele carregava consigo uma pasta de couro com o emblema do Estado de Israel. O presidente Ronald Reagan colocou sobre a mesa um maço de folhas, datilografadas em uma máquina de escrever. Claro que foi o presidente dos EUA quem começou a falar, e pode-se dizer que o início das palavras não foi tão agradável aos ouvidos do primeiro-ministro”.

A preocupação de Reagan era com o excesso de civis mortos. O jornal cita: “no início da conversa, o presidente expressou reservas sobre a operação no Líbano, mas depois Begin já pôde sorrir. Reagan acreditava que no primeiro bombardeio das forças aéreas após o atentado contra Argov, muitos civis libaneses haviam sido mortos – e Begin refutou essa informação; então, o presidente disse: ‘Repita isso aos meus assessores’. Ou seja, a imagem de que “Israel” mata civis era o problema e Begin conseguiu apresentar uma propaganda para ofuscar essa realidade, isso deixou o presidente dos EUA mais tranquilo.

Já a reação de Biden foi o extremo oposto. Sob os ataques ao Líbano, ele afirmou: “Foi ótimo! Isso tinha que ser feito! Se ataques fossem lançados do Canadá contra os Estados Unidos, todos aqui teriam dito: ‘Ataquem todas as cidades do Canadá, e não nos importamos se todos os civis forem mortos”. É a mesma posição do governo Netaniahu nos dias de hoje. O relato divulgado pelo The Intercept é ainda pior: Begin disse que ficou chocado com a paixão com que Biden apoiou a invasão de Israel quando Biden “disse que iria ainda mais longe do que Israel, acrescentando que ele defenderia vigorosamente qualquer pessoa que tentasse invadir seu país, mesmo que isso significasse matar mulheres ou crianças”.

Outro senador democrata, Daniel “Pat” Moynihan, afirmou à Begin: “estamos protegendo o interesse do mundo livre no Oriente Médio. Sem Israel, vocês enviariam soldados americanos para a região. Israel derrotou as armas soviéticas, e um dia contaremos como fizemos isso. Isso mudará todas as relações entre a OTAN e o Pacto de Varsóvia. Você falou com grande orgulho, mas saiba que também tenho orgulho”.

A imprensa norte-americana quase não divulgou informações sobre essa importantíssima reunião. O outro jornal que destacou o papel de Biden foi o australiano The Sidney Morning Herald. O artigo relata que “Israel” enfrentou sua primeira crise com o governo israelense devido a sua violência brutal no Líbano: “a recepção do Sr. Begin no Comitê de Relações Exteriores do Senado não foi totalmente inesperada, já que Israel foi criticado em uma audiência do comitê na segunda-feira por suas ações no Líbano. Segundo vários participantes, a reunião foi incomum porque tanto o Sr. Begin quanto vários senadores estavam, aparentemente, cheios de raiva. ’Esta é a primeira vez que vejo um confronto desse tipo entre o Primeiro-Ministro de Israel e senadores em termos de discordância direta’ disse um senador.

Mas Biden não era um deles. O artigo segue: “Biden, dos Democratas, disse que não era crítico da operação no Líbano, mas achava que Israel deveria parar com a política de estabelecer novos assentamentos judeus na Cisjordânia. Ele disse que Israel estava perdendo apoio neste país por causa da política de assentamentos”. Naquele momento, os assentamentos na Cisjordânia não eram uma política tão importante como viriam a ser na década de 1990. Ou seja, no principal massacre dos sionistas, Biden concordava totalmente com o primeiro governo abertamente fascista de “Israel”. O premiê sionista ainda respondeu: “o Sr. Begin rejeitou os apelos, dizendo que os judeus tinham o direito de viver na área que ele chamou de Judeia e Samaria [Cisjordânia]”.

Passados mais de 40 anos do evento, esse pequeno encontro entre Biden e o primeiro-ministro de “Israel” foi ofuscado pelo gigantesco genocídio na Faixa de Gaza. No entanto, por toda a trajetória política do presidente dos EUA já era evidente que ele é um dos mais violentos sionistas do planeta, estando à direita de um dos padrinhos políticos de Benjamin Netaniahu.

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