Em parceria com o Jornal Causa Operária, o Diário Causa Operária entrevistou Lourdes Melo, a candidata do Partido da Causa Operária (PCO) a prefeito de Teresina, capital do Piauí. Uma das mais conhecidas candidatas do PCO no Brasil, Lourdes Melo já foi candidata a prefeito e também ao cargo de governador do Piauí em outras oportunidades.
Quais as características dessas eleições municipais em Teresina? Aqui são 9 candidaturas e eu sou a única candidata mulher à prefeitura. As que se destacam são de Fábio Louro (PT), Sílvio Mendes (União Brasil) que já foi prefeito na gestão do PSDB e Dr. Pessoa (PRD), candidato à reeleição que vai muito mal nas pesquisas.
Sua candidatura já é conhecida. Como está sendo a campanha eleitoral do PCO? Sim, nas ruas as pessoas me cumprimentam. A campanha do PCO se destaca pelo fato de nós, como partido revolucionário, como partido socialista, não alimentarmos as ilusões populares nas eleições. Utilizamos a campanha para difundir o programa e defender a organização dos trabalhadores. Isso pode não se converter em votos, já que as eleições são muito controladas, mas a eleição é um momento pra gente se comunicar com a população, conversar sobre as nossas ideias.
É feita no boca a boca e no contato com as pessoas. Tivemos muitas atividades no último período da luta contra o golpe, depois pela liberdade de Lula, Fora Bolsonaro e criamos o que a gente chama de “Rádio Calçada”, para falar com a população. Denunciamos que a eleição é desigual, que os partidos de direita têm vantagem, dinheiro e nós nos opomos a tudo isso.
Quais as proposta do PCO você destacaria como parte dessa luta também nas eleições? As questões mais reivindicadas pela população são salário, emprego, moradia, saúde pública, educação, tudo isso é fundamental.
Existe aqui um candidato que é um ricaço e tem 5 mil títulos de terra, é dono da cidade, tem a marca da sua empresa em todos os cantos, enquanto a população mora em favelas, dividindo moradia com familiares porque não tem casa e nem condições de pagar aluguel. É um problema grave. Nesse sentido, é preciso organizar o movimento de moradia e terra, ocupar e resistir.
A questão da saúde pública é grave diante da privatização. Consultas, exames e cirurgias viraram um mercado lucrativo com pessoas vindo de outras localidades para atendimento e o dinheiro público sendo desviado. Tem que acabar com a farra da iniciativa privada e o orçamento público ser investido na saúde pública, na valorização e condições de trabalho para os servidores da área. A mesma coisa na Educação. Valorizar educadores e servidores, aumentar salários, investir em infraestrutura, Como parte da categoria, lutamos para que o sindicato atue em defesa desses interesses.
O salário mínimo não deveria ser menor que o calculado pelo DIEESE que atualmente está em cerca de R$7 mil, para cumprir a Constituição.
Com relação aos direitos das mulheres precisamos de creche. Estão reduzindo as creches e atacando o ensino infantil, não atendem à demanda. Por isso, existe um movimento de resistência contra o fechamento de escolas na cidade. Isso é uma coisa concreta, defesa da mulher de verdade, não como faz o identitarismo presente nas outras candidaturas de esquerda.
Na questão do transporte e da juventude o problema é grave. Quase não tem ônibus circulando e os que têm estão em péssimas condições. Defendemos municipalizar, ampliar a circulação, ter ar-condicionado, acabar com o sofrimento que é andar no ônibus. E estabelecer o passe livre para estudantes e desempregados.
Não podemos esquecer da cultura. O povo tem que ter acesso e aqui tem pouco cinema, teatro. É preciso fomentar a cultura na cidade e ampliar os espaços para dar acesso à população.