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Carla Dórea Bartz

Jornalista, com 30 anos de experiência (boa parte deles em comunicação corporativa). Graduada em Letras e doutora pela USP. Filiou-se ao PCO em 2022.

Coluna

Coronel Redl e a decadência dos impérios sob o capitalismo

Filme e retrato de um indivíduo conservador em conflito com suas origens e sexualidade

Coronel Redl é um filme de 1985 dirigido pelo cineasta húngaro István Szabó, com o ator Klaus Maria Brandauer no papel principal.

É livremente inspirado na peça de teatro do dramaturgo inglês John Osborne, “A patriot in me”, sobre a figura de Alfred Redl, oficial do exército austro-húngaro nos anos que antecedem a I Guerra Mundial.

Alfred Redl é uma figura histórica. Sua biografia na internet o retrata como um traidor de sua pátria, um espião do império russo, que trabalhava somente por interesse financeiro.

O foco de Szabo não está nessa linha de representação. Sua abordagem visa a conjuntura histórica tendo como cenário uma instituição militar decadente em um império igualmente em declínio.

Ele utiliza a figura de Redl para contar essa história, em uma espécie de biografia de um sujeito que sobe aos postos mais altos da hierarquia militar.

Conhecemos o personagem desde criança, quando entra na carreira militar indicado por um professor que fica sensibilizado por um poema em elogio ao imperador.

Ele é filho de camponeses católicos. Com o passar dos anos, sua lealdade indiscutível ao exército e ao sistema e sua capacidade de fazer aliados ajudam sua escalada.

Naqueles anos, os exércitos permitiam que somente nobres assumissem postos de comando de alta patente. 

Tal lealdade mostra o personagem negando sua origem camponesa, tendo vergonha desse início tão limitado, apesar de nunca ser aceito completamente pelos nobres com quem passa a conviver. Mostra também conflito de classes e como o personagem tenta fugir dele.

Esse é o embate dramático principal no grande filme de Szabo, que faz com que o personagem seja ambíguo. Por mais que se esforce, ele sabe que não pertence.

Além disso, há um elemento a mais que também entra em choque com a rigidez disciplinar do exército: Redl é homossexual, condição que é aparentemente tolerada, desde que não seja abertamente declarada, visto que pode ser usada contra ele.

Com o passar do tempo, Redl, como não poderia deixar de ser, vê suas ilusões infantis sobre o império serem quebradas pela corrupção, espionagem, disputas de poder e planos de guerra.

As decepções acumulam-se até ele se tornar bode expiatório nos planos do próprio arquiduque Franz Ferdinand. A origem social e a sexualidade finalmente são usadas contra ele.

O ponto de vista do filme é de Redl, informado a nós que assistimos já nas primeiras cenas. São seus olhos que veem o mundo. Mas o filme é sobre um indivíduo que abandonou sua classe social, sem, no entanto, achar outra morada, em uma conjuntura histórica de grande mudança.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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