No dia 11 de janeiro, a Confederação Israelita do Brasil (Conib) entrou com mais uma medida judicial contra o jornalista Breno Altman, dirigente do Partido dos Trabalhadores (PT) e autor do livro Contra o Sionismo. Até o momento, a Conib já obteve três medidas liminares, concedidas pelo Judiciário, contra o jornalista, obrigando-o a retirar publicações na Internet. Altman é o principal defensor da causa palestina dentro do PT e uma das figuras públicas que mais se destacam na Internet na denúncia dos crimes do Estado de “Israel”.
Desta vez, a Conib exige que os perfis de Breno Altman nas redes sociais sejam suspensos por completo. Diferentemente do que tem sido feito e que já configurava uma grave censura, que era a retirada de mensagens específicas, o lobby sionista agora defende calar por completo Breno Altman na Internet. Trata-se de uma medida semelhante ao que aconteceu com o Partido da Causa Operária (PCO) em 2022, quando o PCO teve suas contas nas redes sociais suspensas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O Partido ficou por quase um ano sem acesso a seus perfis, sem que nenhum crime tenha sido comprovado e sem haver qualquer tipo de reparação.
A Conib, no entanto, foi além de pedir o banimento de Altman da Internet. A petição solicita a “SUSPENSÃO das páginas-redes sociais do implicado, IMPONDO, ainda, e sob pena de prisão preventiva, que o indiciado se ABSTENHA de novas práticas delitivas, IMPEDINDO-LHE, ainda de participar de lives, vídeos e ou manifestações que tenha o mesmo cunho e objetivo de intolerância e de incitação à violência”. Isto é, se a medida solicitada pela Conib for acatada pelo Judiciário, Breno Altman poderia ser preso simplesmente por conceder uma entrevista, independente de seu conteúdo.
Ao sugerir a prisão de Altman em caso de participar de qualquer atividade em que ele veicule as suas ideias, a Conib está tentando levar a censura no Brasil a outro patamar. É o estabelecimento de uma censura prévia sem precedentes, o que não ocorreu nem mesmo durante a ditadura militar. Caso o Judiciário atenda à Conib, abre-se o precedente para que qualquer pessoa seja simplesmente impedida de falar qualquer coisa que seja.
Como sempre, o pretexto da Conib para medidas tão arbitrárias contra Altman está repleto de aparentes boas intenções. Em sua peça, a Confederação se mostra preocupada com o fato de que as medidas cautelares anteriores não serviram para que “o indiciado” mudasse a sua “conduta”, que o lobby sionista apresenta como “racista e de ódio”. A Conib acusa Breno Altman de “não respeitar a Justiça” e diz que, com isso, seriam necessárias medidas para “impedir que suas ações não gerem violência física, ataques e mais ódio aos judeus brasileiros”.
Mas o que será de tão grave que Breno Altman teria dito? Segundo a própria peça da Conib, que:
“O embate contra o sionismo não é apenas uma disputa de ideias, mas batalha de vida ou morte para o povo palestino. Os dirigentes sionistas, em todos os países, incluindo o Brasil, devem ser tratados como inimigos dos povos, como colonialistas, como párias a serem marginalizados.”
A análise da peça da Conib é realmente reveladora. Segundo o texto, “é cediço que chamar alguém de ‘inimigo’ sugere uma hostilidade irreconciliável e contribui para a polarização e o antagonismo. Já o termo ‘colonialista’, utilizado erroneamente no presente caso, descreve, pejorativamente, ações que são consideradas invasivas ou opressivas”.
Chegamos ao ponto, portanto, em que chamar alguém de “inimigo” é suficiente para classificar alguém como “racista” e, diante disso, ameaçá-lo com prisão. Não há dúvidas de que estamos diante, portanto, de uma marcha rumo a uma censura como nunca visto na história.
Essa censura, por sua vez, não vem ao acaso: é o resultado de uma necessidade do imperialismo, que, quanto mais aumenta os crimes cometidos contra todos os povos do mundo, mais necessita calar aqueles que lhe denunciam.