Victor Assis, candidato à prefeitura do Recife (PE) pelo Partido da Causo Operária (PCO), concedeu uma entrevista à Folha Pernambuco na segunda-feira (26). Victor tem 29 anos, é membro da direção nacional do PCO e jornalista. Teve uma atuação de destaque nas campanhas pela liberdade de Lula na cidade de Recife, na campanha pelo fora Bolsonaro e é um dos organizadores das campanhas em defesa da Palestina na cidade.
O candidato à prefeitura do Recife defendeu a estatização da saúde em todos setores, incluindo o farmacêutico. Apresentou-se contra os contratos OSS – defendendo seu fim – assim como defendeu o aumento no número de médicos e de profissionais da saúde.
Victor apontou que o maior problema da saúde – assim como das demais áreas da administração pública – é a falta de participação da população nas decisões e no governo:
“Para nós a questão central não é fazer promessa de campanha, porque de promessa o povo está cheio. A questão central é fazer com que o povo assuma o controle da cidade. Porque,infelizmente, Recife e todas as cidades do país não são controladas pela população, são controladas pela indústria farmacêutica, pelas máfias que administram os hospitais com dinheiro público e não entregam serviço de qualidade. Então, é preciso em primeiro lugar travar uma luta para que a saúde seja de fato promovida para o bem público. Isto passa pela estatização total do sistema de saúde”, declarou o candidato.
Victor defendeu também que, para a melhoria na saúde pública do Recife, é necessário a construção de hospitais. Os quais devem ser construídos sem a participação de empresas do setor privado.
Para Victor, a responsabilidade das filas dos hospitais e da falta de atendimento na saúde pública do Recife é dos banqueiros – os quais assaltam os cofres públicos deixando a população sem serviços essenciais.
“Total desumanização de um setor da população. Que fica satisfeito porque inaugurou uma praça ou um hospital, enquanto tem gente literalmente morrendo todos os dias por falta de médico e infraestrutura, tem gente morando na rua. Estamos vivendo na Faixa de Gaza”, disse o candidato.
Ao tratar da segurança pública, Victor – assim como os demais candidatos do PCO – defendeu não apenas o desarmamento da guarda-municipal, mas a extinção da organização. Assim como defendeu o fim das demais polícias – civil, militar, federal, etc.
Segundo Victor, a guarda foi instituída como uma desculpa para guardar o patrimônio, nada teria haver com repressão ou violência. Armar esta força seria, portanto, apenas uma desculpa para transforma-la em polícia:
“Não sei porque para guardar uma estátua ou uma praça precisa de uma pessoa com uma metralhadora. É obvio que isto é mais uma picaretagem. Inventaram essa guarda para que tivesse mais uma polícia para reprimir o trabalhador”
A polícia nada mais é do que o braço armado e repressivo do Estado. Estado este que nunca serviu os trabalhadores, apenas os ricos e poderosos. Como apontou Victor, a polícia serve apenas para atender os interesses da burguesia e reprimir o trabalhador:
“Quando você estabelece uma polícia do Estado, você está armando o Estado contra a população. A população não tem como se defender. E esta polícia não está aí para servir a população. Quantos tiveram um problema de segurança e a polícia resolveu? Nunca ouvi falar de a polícia ter resolvido absolutamente nada. Agora, quem não conhece um caso de um jovem, de uma mãe que perdeu um jovem, que foi assassinado por um brutamontes da polícia militar? Quantos operários não foram reprimidos porquê a polícia impediu ele de fazer uma greve à mando do Estado? ”, defendeu Victor.
Para resolver a questão polícia, Victor aponta para a constituição de polícias controladas pela própria população, ou seja, milícias populares. Modelo de organização da segurança pública utilizado em Cuba e na Venezuela, em que os próprios moradores de um bairro elegeriam os membros da milícia responsáveis pelo policiamento, sendo passíveis de impeachments pela população. Desta forma, a força policial “não vai barbarizar com a população como fizeram recentemente na baixada santista e como o BOP vem fazendo no município de Pojuca”, disse Victor.
O apresentador questionou Victor Assis, ao defender o fim da polícia, se não existiriam bandidos “no mundo em que o candidato vive”. Victor respondeu que já havia mencionado estes bandidos: os banqueiros e políticos que deixam o povo morrer nas filas dos hospitais. Bandidos estes que “invés de destinar dinheiro para a população, fica sugando e levando dinheiro para fora do país. Tem muitos bandidos e a nossa luta é contra os bandidos que deixam a população morrer de fome e nas filas dos hospitais”
Victor defendeu que o furto e assassinatos são problemas sociais: “Se você deixa a população desempregada, sem saúde, enlouquecendo, a juventude sem perspectiva nenhuma, esse vai ser o caminho inevitável. Você pode transformar metade da população em guarda-municipal e você não vai resolver o crime. Não vamos trabalhar com desilusões”.
O candidato deixou claro que não é contra um mecanismo de segurança pública, mas contra o Estado assumir este papel.
Victor foi logo então questionado sobre o papel do Estado e sobre sua composição. O candidato à prefeitura do Recife apontou para o fato de que o Estado deveria ser para o conjunto da sociedade civil, quando ele promulga uma lei ela deveria ser para todos. Entretanto, quem controla as instituições do Estado não é a população, mas a burguesia:
“Quantos coronéis da polícia militar são eleitos pelo povo? Quantos comandantes da guarda municipal são eleitos? Quantos juízes são eleitos? A maior parte do Estado não é controlado pela população: polícia, juiz, ministério público… Então vemos o caráter impopular do Estado”.
Assim como a criação de milícias populares controladas pelo povo, o candidato defendeu a organização de conselhos populares para a própria população possa decidir sobre o rumo da cidade pernambucana. Estes conselhos, criados em todos os bairros da cidade, tomariam a decisão sobre os investimentos e organização da cidade:
“Volto a dizer, a população não é gado. Não precisa dizer para ela ‘olha vocês não sabem o que é bom para a cidade, a gente sabe, a gente vai fazer’. Basta chamar o pessoal. Nossa proposta é formar conselhos populares para atender todos os serviços da população – água, esgoto, iluminação calçamento, infraestrutura no geral. O que a população pedir tem que dar”.