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Futebol

‘Combatendo o racismo’, Casagrande ataca direitos das torcidas

O craque brasileiro Vinícius Jr. voltou a ser alvo de racismo, porém, não é com barbárie e censura que o problema será resolvido

O ex-jogador e comentarista esportivo Walter Casagrande escreveu uma coluna no portal UOL, publicada no último dia 14, defendendo que os resultados conquistados em campo pelo clube espanhol Atlético de Madri no torneio continental europeu – a UEFA Champions League – sejam anulados e que “Federação Espanhola, Uefa, Fifa tomem uma atitude drástica” contra o time. O motivo? Fora do estádio, torcedores entoavam cânticos com os dizeres “olé, olé, olé, Vinicius chimpanzé”.

O caso ocorreu durante uma partida do time espanhol contra a Inter de Milão. Reagindo ao evento, além de “atitude drástica” contra o Atlético, o empregado do banqueiro Frias defende que a Seleção Brasileira não jogue mais na Espanha, onde tem uma partida marcada para o próximo dia 26, exibindo uma disposição para punir que merece comentários.

Alegando um repúdio ao racismo, o que Casagrande realmente faz é defender uma forte censura nos estádios e uma repressão medieval, não apenas contra o clube espanhol, mas contra um país inteiro. No fundo, o que o colunista da família Frias defende é uma punição coletiva.

Pune-se quem cometeu o “crime” e quem não cometeu, algo extremamente bárbaro. Isto, no entanto, está longe de ser o único problema com a política proposta por Casagrande em sua coluna. Aprofundando seu reacionarismo a serviço “do bem”, o ex-atleta atropela um princípio basilar do direito penal civilizado: a intranscendência.

Superando as atrocidades da Idade Média e para impedir as monstruosas punições coletivas, o direito penal do mundo pós-Iluminismo estabeleceu o princípio mediante o qual nenhuma pena deveria ser transferida a outras pessoas, salvo o próprio agente responsável. Dessa forma, quem cometeu um “crime”, responde por ele, quem não tem nada a ver com a história, não paga. Simples, civilizado, mas, aparentemente, insuficiente para a fúria de Casagrande.

Fosse o mundo acometido por uma loucura extrema e os desejos irracionais do serviçal dos Frias atendidos, uma equipe poderia colocar qualquer um que pudesse ser associado a um clube rival para cometer “crimes” e, assim, prejudicar o rival. As conquistas civilizatórias estabeleceram que uma pessoal não deve responder pelo que outra faz, mas para o paladino do “bem”, lembrar que, felizmente, não estamos na Idade Média é “minimizar cânticos criminosos”.

Casagrande defende a volta à barbárie medieval como se fosse uma luta contra o racismo, mas o que ele realmente está fazendo é fortalecer a repressão contra as torcidas em primeiro lugar. A torcida do Atlético Madrid e a de qualquer outra, no resto do mundo.

Seu grande exemplo para o que deveria ser feito contra o time espanhol reforça suas tendências autoritárias: a Inglaterra de Magaret Thatcher. Uma das mais notórias fascistas do século XX, promoveu uma caçada às torcidas inglesas e terminou expulsando a classe trabalhadora inglesa dos estádios, enchendo-os com as “massas cheirosas” da classe média britânica.

No episódio em que as torcidas de Liverpool e Juventus se enfrentaram, resultando na morte de 39 pessoas, a punição aplicada pelo imperialismo europeu foi a expulsão dos clubes das competições europeias. Foi algo totalmente autoritário e que contraria todos os princípios supracitados, mas, ainda sim, menos pesado do que a “atitude drástica” defendida por Casagrande contra o Atlético de Madrid e para a Espanha.

Por fim, é preciso entrar no mérito do “crime” cometido por determinados torcedores do Atlético de Madri: emitir uma opinião. Decerto que se trata de uma opinião que desperta repúdio na maioria das pessoas civilizadas, mas o mesmo princípio permitiria, por exemplo, punir qualquer outra opinião. No Brasil, o mesmo princípio que pune o racismo tem sido usado para perseguir, por exemplo, quem defende a Palestina. A história do País e do mundo é muito clara nesse ponto: não importa contra quem começa uma perseguição por crimes de opinião, ela sempre termina com os inimigos do imperialismo sendo perseguidos.

O racismo ele só poderá ser superado se entendido como um fenômeno social, ligado a questões que não tem como causa o futebol. A discriminação com base em critérios raciais reflete um problema na sociedade, não é o problema em si e só poderá ser combatido se tratado como uma questão social.

Se a repressão fosse a fórmula correta para corrigir o racismo ou qualquer outro fenômeno social, teríamos que devolver o controle do País para a ditadura militar ou a figuras como Bolsonaro, fascistas puro-sangue, os verdadeiros entendidos em repressão. Em tempos melhores, a esquerda defendia o progresso, ela defendia o esclarecimento, o debate, a superação pela elevação cultural das pessoas, não a repressão, isso nunca foi a política da esquerda e continua não sendo.

As manifestações racistas existem e esse fenômeno tem que ser investigado a partir de suas bases sociais. Tratá-lo como um fenômeno criminal é a receita para um desastre, o que interessa aos banqueiros Frias, que controlam a Folha, mas não ao povo. Indiferente ao povo e submisso aos patrões, Casagrande passa por cima das consequências do que defende, porque nem ele e nem os chefes as sofrerão. O povo pobre e trabalhador, no entanto, conhecerá o endurecimento da repressão muito bem.

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