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Editorial

Com o mico na mão

Direção do Partido dos Trabalhadores segue abraçada ao ministro Alexandre de Moraes, mesmo diante de um repúdio global à sua política de censura

O vazamento promovido pelo dono do X (antigo Twitter), Elon Musk, de documentos internos da empresa da gestão anterior à sua, provocou uma crise muito profunda no Supremo Tribunal Federal (STF). As mensagens vazadas, que foram seguidas de uma sessão no Senado Federal, declarações do próprio Elon Musk e outros vazamentos, como o promovido por Glenn Greenwald, deram forma a uma campanha generalizada contra a política levada adiante pelo senhor Alexandre de Moraes.

A campanha, por sua vez, é intensa por dois motivos. Por um lado, há uma crescente insatisfação contra a política de censura de Moraes. Ninguém sabe ao certo quantas pessoas já estão na cadeia, foram banidas da Internet ou tiveram de pagar multas absurdas por causa do skinhead de toga. A revolta contra Moraes é algo generalizado.

Por outro lado, há um interesse da própria burguesia em se livrar de Moraes. Esse interesse, por sua vez, está diretamente relacionado ao primeiro aspecto: a política de Moraes é tão impopular que entrou em uma crise. De tal forma que, se não for contida, poderá causar um prejuízo político imenso a todos os que estão envolvidos nela.

Jornais como O Globo, O Estado de S. Paulo e Folha de S.Paulo já falaram abertamente o que querem. A ditadura de Moraes precisa acabar, e se e o próprio Moraes não recuar, ele será “recuado”. Moraes chegou ao mesmo ponto que chegam todos os cães tresloucados que a burguesia impulsiona no Judiciário para levar adiante uma campanha antidemocrática. Ninguém hoje lembra mais de Joaquim Barbosa, apesar de ter tido um final relativamente bom quando comparado, por exemplo, ao ex-juiz Sergio Moro, que hoje pena para manter seu mandato. Um final nada feliz aguarda Moraes.

Mesmo diante do triste fim de Moraes, há um setor da sociedade que permanece disposto a apoiá-lo até o fim. Não, não se trata de sua família. Sequer se sabe se entre seus parentes, Moraes ainda tem algum admirador.

O apoio residual a Moraes está na esquerda nacional. Majoritariamente, entre os setores dirigentes do Partido dos Trabalhadores (PT). A defesa de Moraes, que já era antiga, ganhou ares verdadeiramente passionais após os vazamentos dos “Arquivos do Twitter”. A tal ponto de a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, fazer uma publicação em que elogia Alexandre de Moraes pelo suposto “papel fundamental na defesa do processo eleitoral, das instituições e da democracia“.

Não importa o que o PT argumente, o que Gleisi Hoffmann faz aqui é defender a censura. É essa política, de invadir a privacidade de usuários comuns na Internet, de suspender as redes sociais de organizações como o Partido da Causa Operária (PCO), de proibir comunicadores de se comunicarem (!), que fez com que Moraes entrasse em uma crise da qual não conseguirá mais sair.

Alexandre de Moraes não é o herói da democracia, é um ditadorzinho que, agora, está prestes a sair de cena. Já não fosse ruim o suficiente apoiar uma figura direitista, odiada pela população – em outras palavras, um inimigo político -, o PT erra duplamente ao permanecer apoiando alguém que está fadado à morte política. Sem o apoio da burguesia, Moraes não é nada. A aliança hoje com Moraes é uma aliança com o nada. Ou pior, com um nada que, ainda que seja um nada, será visto pela população como um nada com um bigodinho de Adolf Hitler.

Os desmandos de Moraes aparecem até na imprensa internacional. O jornal The Economist, um dos mais conscientes da burguesia imperialista, denunciou, de forma contundente, a conduta de Moraes. Denunciou, por exemplo, a ilegalidade dos seus inquéritos, como o das “fake news” e das “milícias digitais”, que sequer têm prazo para serem concluídos. O jornal, ao questionar esse tipo de conduta: põe toda a política de Moraes sob risco. Abre a brecha, inclusive, para que os inquéritos sejam anulados!

É compreensível o que leva o PT a permanecer no erro. Encurralado pelo Congresso e, de certo modo, pela mobilização bolsonarista, o partido que hoje está no governo, por desespero, decidiu se aliar ao STF. Calculou que as pequenas contradições entre o imperialismo, do qual Moraes é um representante, e Bolsonaro eram muito maiores que de fato são. Deu no que deu.

O PT ficou com o mico na mão. Nem mesmo a burguesia quer saber do monstro ditatorial que criou. Nosso conselho para o Partido dos Trabalhadores e Lula: vocês também devem abandonar Alexandre de Moraes.

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