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História da Palestina

Cerco de Beirute (1982): ‘Israel’ prova que não é invencível

Previsto para durar rapidamente e evitar os custos políticos, a invasão ao Líbano só foi encerrada no ano 2000, com outra derrota marcante da ditadura sionista

O cerco de Beirute ocorreu durante a Guerra do Líbano, iniciada em 13 de junho de 1982, quando o exército de “Israel” invadiu o Líbano, em uma operação militar agressiva que visava combater a Resistência Palestina, à época, liderada pela Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e suas milícias. A ofensiva visava eliminar a presença palestina no país e aprofundar o genocídio na Palestina.

À medida que as tropas israelenses avançavam, elas cercaram a cidade de Beirute, onde a OLP havia se estabelecido desde a expulsão dos refugiados palestinos da Jordânia. O cerco durou cerca de três meses, marcado por intensos bombardeios e combates urbanos. A exemplo do horror testemunhado em Gaza durante a atual ofensiva, a população civil sofreu imensamente, enfrentando escassez de alimentos, energia, água e até medicamentos.

Além de desmantelar a Resistência Palestina, a ação do enclave imperialista tinha o objetivo de impor um novo governo no Líbano, favorável aos interesses sionistas, o que funcionou em um primeiro momento, com a vitória eleição do Partido Kataeb, as famosas Falanges Libanesas, grupo de extrema direita fundado nos anos 1930 e inspirado no fascismo. A ofensiva israelense, no entanto, provocou uma forte mobilização interna, não foi acompanhada de uma vitória política, resultando no surgimento grupos revolucionários como o Hesbolá, que se opuseram à intervenção da ditadura sionista.

As forças sionistas tomaram a cidade, resultando na evacuação da OLP. Essa vitória militar, porém, não trouxe a paz esperada, levando a um aumento do ressentimento e à radicalização das comunidades árabes na região. Inicialmente, o primeiro-ministro Menachem Begin declarou que o objetivo das forças israelenses era alcançar uma linha de 40 quilômetros. “Israel” desejava completar o cerco o mais rapidamente possível; sua meta era obter uma rápida e decisiva vitória militar.

Os Estados Unidos, através do seu emissário no Oriente Médio, o diplomata Philip Habib, pressionavam por negociações de paz, sabendo que quanto mais longo fosse o cerco, maior seria o custo político e consequentemente, maior a capacidade de barganha de Arafat. O cerco que se seguiu à capital libanesa duraria 69 dias.

Por sete semanas, “Israel” castigou intensamente Beirute com bombas de fósforo e de fragmentação. Os ataques por terra, ar e mar não se limitaram a destruição do aparato militar da OLP, mas também de toda base social e de bem-estar da organização, como serviços de saúde e educação. Os fornecimentos de água e energia elétrica foram interrompidos, bem como o fluxo de alimentos e remédios foi cortado.

Até mesmo organizações de ajuda internacional tiveram o acesso negado. Palestinos que tentaram deixar Beirute Ocidental eram proibidos pelas tropas invasoras que patrulhavam a área. Como geralmente ocorre nos cercos, a população civil palestina sofreu mais do que os militantes da OLP.

Negociado pela ONU, o cessar-fogo tornou possível observar os danos que o cerco causou a cidade de Beirute. Segundo a entidade, mais de 13.500 imóveis foram destruídos só no lado oeste da capital libanesa, conta que exclui os danos infligidos aos campos palestinos. Entre mortos, os números variam entre 10 mil a 12 mil vítimas e mais 30 mil feridos, a grande maioria civis mortos pelas armas e ataques aéreos israelenses.

Os massacres de Sabra e Chatila, perpetrados por milícias libanesas aliadas a “Israel”, expuseram ainda mais a brutalidade da ocupação e geraram condenação internacional, destacando o sofrimento do povo palestino e a resistência árabe diante da opressão. 

Apesar dos números e do horror do cerco, evidenciado em episódios como o Massacre de Sabra e Chatila, as forças israelenses sofreram pesadas baixas, com milhares de soldados feridos e mortos, o que abalou a percepção de invulnerabilidade do exército israelense. A resistência matou 368 soldados israelenses e feriu 2.383 ao longo do cerco.

O objetivo de conquistar rapidamente o controle do Líbano também fracassou, resultando em uma encarniçada campanha de guerrilha que finalmente, no ano 2000, levaria à expulsão dos invasores sionistas. O exemplo de que a vitória seria possível, no entanto, foi dado na impossibilidade da invasão sionista em manter a ocupação de Beirute. Além disso, a resistência à invasão israelense impulsionaria o surgimento de uma das principais forças do Eixo da Resistência: o Hesbolá.

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