As recentes eleições na França e no Reino Unido tiveram, guardadas as devidas diferenças, resultados semelhantes: os grandes vencedores foram os setores mais próximos do imperialismo, que conseguiram se sobressair mesmo sem apoio popular. E ambas, naturalmente, foram precedidas por golpes contra a esquerda.
Na Inglaterra, a vitória da ala direita do trabalhismo foi precedida por uma crise dentro do Partido Trabalhista. Jeremy Corbyn, que possui uma relação com os sindicatos britânicos, havia se tornado o líder do partido, expressando a polarização política no país e a tendência a um grande enfrentamento com a burguesia. Nas eleições anteriores, ele poderia ter se tornado o primeiro-ministro do país.
No entanto, houve uma luta intensa dentro do partido para sabotar a candidatura de Corbyn. E o centro da sabotagem foi uma operação que acusava o líder de “antissemitismo”, devido à posição tradicional de Corbyn em defesa da Palestina.
Já se tornou comum na Europa ser acusado de “antissemitismo” todo aquele que defender a Palestina e, sobretudo, a sua resistência armada. Não foi diferente com Corbyn e com milhares de filiados do Partido Trabalhista.
Na França, o suposto combate ao “antissemitismo” está sendo utilizado para outro golpe. Após a vitória da Nova Frente Popular nas eleições francesas, a burguesia está acusando Jean-Luc Mélenchon, líder da ala esquerda dessa coalizão, de “antissemitismo”. O objetivo é claro: impedir que a esquerda faça parte do novo governo francês, que deverá ser liderado por partidos de direita, como o Partido Socialista e o Juntos, ambos partidos comprometidos com a carnificina na Faixa de Gaza.
Esses casos mostram uma vez mais o perigo das leis em nome de um suposto combate à “homofobia”, ao “racismo” ou ao “antissemitismo” que tanto vêm sendo discutidas no Brasil. Apesar de essas leis terem conseguido o apoio de um setor da esquerda, elas agora se mostram não apenas leis que visam a censura, mas parte de uma operação dos maiores genocidas da humanidade para excluir a esquerda do regime político e para seguir adiante com sua política criminosa.