Durante fala em um evento público, Luis Stuhlberger, executivo-chefe (CEO) e de investimentos da Verde Asset Management, declarou:
“O país ‘ganhou’ os anos da covid-19, a foto é razoável, apesar do filme ruim”, indicando uma aparente satisfação com a situação do Brasil, mesmo sob o governo de Lula, uma liderança de esquerda e que, desde eleito, vem criticando a farra dos bancos.
A fala de Stuhlberger, no entanto, ficaria clara logo a seguir. Disse ele:
“O Brasil elege presidentes de diversas matizes, [Jair] Bolsonaro, Lula, o PSDB, mas é dominado pela centro-direita”, disse Stuhlberger. “O governo não leva tudo. Isso leva a crer que os três poderes estão funcionando autonomamente, apesar de uma fase mais delicada com o Judiciário. Mas enquanto Lula for chefe de Estado e [o ministro da Fazenda, Fernando] Haddad, na prática, for o chefe de governo, sem que isso esteja escrito na ‘job description’, está bem”. Para o ele, Haddad é “uma pessoa boa, consciente, pode não pensar igual a gente, mas é responsável, tem boas ideias […] é um governo razoável.”
A questão, no final das contas, não é que Stuhlberger goste do governo Lula ou de seu programa, mas sim que o governo é incapaz de levar adiante o que defende. Isto é, trata-se de um governo enfraquecido, sabotado pelos seus inimigos.
Isso já havia ficado desde o início do mandato de Lula, quando o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, decidiu manter as taxas de juros nas alturas. Medidas como essas, bem como a extorsão cada vez maior do Congresso, tem tornado o governo Lula refém da direita.