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HISTÓRIA DA PALESTINA

Brigadas Izz ad-Din al-Qassam: o terror dos covardes sionistas

Foram seus combatentes que lideraram a revolucionária Operação Dilúvio de al-Aqsa, que colocou "Israel" de joelhos, já destruindo mais de mil veículos militares israelenses

Em 7 de outubro de 2023, a resistência palestina realizou a Operação Dilúvio de al-Aqsa, uma operação militar por terra, ar e mar em que os combatentes palestinos de várias organizações adentraram no território que “Israel” havia lhes roubado, aniquilando centenas de soldados sionistas e fazendo prisioneiros. 

A operação foi um profundo golpe no Estado sionista, possivelmente o maior em toda a história do sionismo. Gerou uma crise sem precedentes em “Israel”, a qual agravou ainda mais a crise atual do imperialismo, pois resultou no enfraquecimento de sua ditadura sobre o Oriente Médio. 

Foram as Brigadas Izz ad-Din al-Qassam, o braço armado do Hamas, a organização que liderou essa operação revolucionária.

Sendo o Hamas o partido político mais popular entre o povo palestino, as Brigadas al-Qassam são, naturalmente, a principal, maior e mais bem equipada organização armada desse povo martirizado.

Contando com cerca de 40 mil militantes, ela foi criada por volta do ano de 1991, na conjuntura política dos Acordos de Oslo, isto é, da capitulação da OLP e do Fatá perante “Israel”. Como o Hamas se opunha à política capituladora esposada nos acordos, que, dentre vários pontos, resultava no reconhecimento de “Israel” como um Estado legítimo, as Brigadas al-Qassam surgem para impedir que os acordos fossem firmados.

Ela foi fundada por Iahia Aiash, militante palestino fundamental em elevar o poderio militar do Hamas, em especial no que diz respeito à produção de artefatos explosivos, utilizando sua formação de engenheiro para este fim. Releia matéria já publicada sobre o revolucionário:

Iahia Aiash, o fundador das Brigadas al-Qassam

Conforme exposto então, a fundação das brigadas ocorreu através de uma reorganização interna realizada pelo Hamas. O partido já possuía unidades armadas, quais sejam, a al-Majd e al-Mujahidun al-Filastiniun. Elas foram reorganizadas e centralizadas em uma única unidade, as Brigadas Izz ad-Din al-Qassam.

Além disto, o nome das Brigadas são uma homenagem ao Xeique Izz ad-Din al-Qassam, um revolucionário palestino que viveu na Palestina na época do Mandato Britânico. Lutou contra o domínio colonial dos ingleses e a crescente invasão do sionismo durante a década de 1930 do século XX, invasão esta que era apoiada pelo imperialismo britânico.

Como os ingleses mataram o revolucionário palestino al-Qassam

Seu assassinato pela polícia do Mandato, no final de 1935, foi o estopim para a Revolução Palestina de 1936, um gigantesco movimento que foi, ao mesmo tempo, um ponto de inflexão no surgimento da nacionalidade palestina e a época em que todas as organizações da resistência palestina foram destruídas pelo Império Britânico (com auxílio das milícias fascistas do sionismo). Essa repressão de tipo fascista foi fundamental para garantir a fundação de “Israel”, em 1948-49.

O primeiro movimento unitário por uma nacionalidade palestina

Graças ao seu papel revolucionário em fundar as Brigadas al-Qassam e em liderar a luta armada do povo palestino contra “Israel”, Iaiash foi assassinado pelo Shin Bet. Após seu assassinato, os principais líderes da Brigada passaram a ser Salah Shehadeh, Mohammed Deif e Adnan al-Ghoul.

Acusado de liderar inúmeros ataques contra israelenses na Cisjordânia, na Faixa de Gaza e mesmo no território ocupado por “Israel” na época da Segunda Intifada, Salah Shehadeh foi assassinado em uma operação das Forças Israelenses de Ocupação, no ano de 2002.

Adna al-Ghoul, braço direito de Mohammed Deif, também foi assassinado pelas forças de ocupação. Durante os anos em que esteve à frente das Brigadas al-Qassam, deu valorosas contribuições a inúmeras operações contra o sionismo, tais como preparar o cinto explosivo que foi utilizado no atentado suicida de Purim em 1996, no Centro Dizengoff, Telavive. Igualmente, durante a Segunda Intifada, desenvolveu o foguete Qassam e os foguetes anti-tanque Al-Bana e Yasin, todos criados com parcos recursos contrabandeados através de túneis entre o Egito e Gaza. Uma amostra da criatividade revolucionária do povo palestino em sua luta contra o sionismo.

Já Mohammed Deif continua vivo e liderando as Brigadas al-Qassam, tendo sobrevivido a inúmeras tentativas de assassinato por parte de “Israel”. Seu braço direito é Marwan Issa.

Deif, junto de Yahya Sinouar, foi o principal líder por trás do Dilúvio de al-Aqsa, ação está que é o ápice da evolução da resistência do povo palestino e das Brigadas al-Qassam.

Contudo, antes de chegar a esse nível, os combatentes das Brigadas travaram um árduo caminho na luta contra a ditadura sionista, resistindo da forma que lhes era possível. Nesse sentido, durante a década de 1990, o método de resistência mais utilizado era o dos ataques suicidas. Destaque fica para os seguintes, para os quais Iahia Aiash construiu as bombas que foram utilizadas:

  • O atentado à bomba na Junção de Meola;
  • O atentado ao ônibus Afula;
  • O atentado da estação central de Hadera;
  • O atentado ao ônibus 5 de Tel Aviv;
  • O atentado ao ônibus Egged 36;
  • O atentado ao ônibus Ramat Gan 20;
  • O atentado ao ônibus 26 em Jerusalém;
  • O atentado suicida em Beit Lid.

Tais atentados, somados a outras ações, serviram para gerar crises dentro do Estado de “Israel” perante a população israelense, o que permitiu ao Hamas e às Brigadas al-Qassam avançarem progressivamente em sua organização.

Na década de 2000, com a Segunda Intifada, as Brigadas se tornaram a principal organização da resistência palestina, sendo 2004 um ponto de virada na reorganização do grupo, sob a liderança de Deif. Isto ocorreu, pois a liderança do Hamas foi transferida para líderes exilados na Síria, na capital Damasco. Essa decisão foi necessária após as forças de ocupação assassinarem Ahmed Yassin e Abdel Aziz al-Rantis, fundadores e então líderes do Hamas, que moravam na Faixa de Gaza.

Segundo o historiador Guy Aviad, em sua obra Hamas’ Military Wing in the Gaza Strip: Development, Patterns of Activity, and Forecast, “a Faixa de Gaza foi dividida em seis ou sete divisões regionais, chefiadas por um comandante de divisão com responsabilidade sobre sectores definidos do território. ​​Cada comandante de divisão supervisionava os comandantes de regimento e comandantes de companhia, que eram responsáveis ​​por pequenas áreas, como bairros”.

Além disto, foi nessa época que a guerra em túneis passou a ser o principal método do Hamas para combater as forças israelenses de ocupação.

Com isto, as Brigadas deixaram de ser uma milícia pouco organizada, para ser um verdadeiro exército do povo palestino. Tanto é assim que conseguiram resistir à invasão das tropas sionistas em 2004 no norte da Faixa de Gaza, que consistiu em ofensivas sobre a cidade de Beit Hanoun e aos campos de refugiados de Beit Lahia e Jabalia, na época da Segunda Intifada. Desde então, as Brigadas cresceram em número e se profissionalizaram ainda mais.

Segundo o think tank norte-americano Institute for the Study of War, as Brigadas se organizaram de uma forma que assassinatos de lideranças são um método ineficaz para destruir a organização. Nesse sentido, referido instituto destaca o aspecto descentralizado das Brigadas, explicando que elas “estão divididas principalmente em cinco brigadas, divididas geograficamente. Cada brigada é dividida em vários batalhões, com 30 batalhões no total. Cada batalhão está associado a um assentamento importante. Eles podem ser realocados e mudar suas áreas de responsabilidade durante os conflitos”. 

Ainda segundo o think tank norte-americano, essas brigadas e batalhões seriam os seguintes:

Brigada Norte – Governatorato de Gaza Norte

  • Batalhão Beit Lahia
  • Batalhão Beit Hanoun
  • Batalhão al Khalifa al Rashidun
  • Batalhão Mártir Suhail Ziadeh
  • Batalhão Jabalia al Balad (Abdul Raouf Nabhan)
  • Batalhão Imad Aql (Ocidental)
  • Batalhão de Elite

Brigada de Gaza – Governadoria de Gaza

  • Batalhão Sabra-Tal al Islam
  • Batalhão Daraj Wal Tuffah
  • Batalhão Radwan (al Furkan)
  • Batalhão Shujaiya
  • Batalhão Zaytoun
  • Batalhão Shati
  • Possível batalhão de elite, segundo relatos da mídia árabe, não confirmado pelo Hamas ou pelas IDF.

Brigada Central – Província Central

  • Batalhão Deir al Balah
  • Batalhão Al Bureij
  • Batalhão Al Maghazi
  • Batalhão Nusairat
  • Possível Batalhão de Elite

Brigada Khan Younis – Província de Khan Younis

  • Batalhão do acampamento (West Khan Younis)
  • Batalhão do Norte Khan Younis
  • Batalhão do Sul Khan Younis
  • Batalhão Oriental (Khan Younis)
  • Batalhão Qarara
  • Batalhão de Elite

Brigada Rafá – Província de Rafá

  • Batalhão Leste
  • Batalhão Khalid bin al Walid (Acampamento Yabna)
  • Batalhão Shaboura
  • Possível quarto batalhão, nome desconhecido.
  • Batalhão de Elite

Vale ressaltar que mesmo com “Israel” bloqueando a Faixa de Gaza há mais de uma década, tornando o enclave o maior campo de concentração a céu aberto que já existiu, o Hamas segue conseguindo armar as Brigadas com poder de fogo suficiente para conquistar vitórias contra as forças israelenses de ocupação.

Nesse sentido, além de possuir grande quantidade de rifles de assalto, granadas, morteiros e foguetes improvisados, as Brigadas também estão armadas com uma ampla gama de mísseis anti-tanque, tais com o Kornet-E , Konkurs-M, Bulsae-2, 9K11 Malyutka e MILAN; e. igualmente, MANPADS, isto é, mísseis antiaéreos lançados pelo ombro, tais como o SA-7B, SA-18 Igla, SA-24 e Igla-S.

Não é coincidência então que, em janeiro de 2024, as Brigadas já haviam destruído mais de mil veículos militares das forças israelenses de ocupação desde o 7 de outubro. Um exemplo de luta abnegada e que jamais poderá ser contida pela repressão do sionismo. Afinal, segundo informações de porta-voz das Brigadas, 85% de seus integrantes são órfãos que perderam parentes na guerra.

Assim, o Hamas, as Brigadas Izz ad-Din al-Qassam e seus militantes são um exemplo notório de resiliência e de como o oprimido (os palestinos), através de uma luta abnegada e persistente, que pode até mesmo durar décadas, conseguirão, inevitavelmente, derrotar seus opressores (no caso, “Israel” e o sionismo).

Que é exatamente o que se está vendo desde o dia 7 de outubro.

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