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HISTÓRIA DA PALESTINA

Brigadas do Mártir Abu Ali Mustafa: a ação armada da FPLP

A FPLP luta pela libertação nacional da Palestina desde 1967, com a Segunda Intifada e o assassinato de seu secretário-geral Abu Ali Mustafa, o seu novo braço armado se formou

Na Faixa de Gaza a luta armada do povo palestino não é apenas organizada pelo Hamas, há diversas organizações palestinas, verdadeiros partidos políticos, que também possuem a sua ala armada. Uma das mais tradicionais e que ainda mantém um papel de destaque são as Brigadas do Mártir Abu Ali Mustafa, o braço armado da Frente Popular de Libertação da Palestina. Elas participaram desde o primeiro dia da operação Dilúvio de al-Aqsa no dia 7 de outubro de 2023, mas surgiram de outro momento da luta armada do povo palestino, no ano de 1967.

A FPLP foi fundada em 1967 pelo médico George Habash logo após a guerra de julho, também chamada de Guerra dos Seis Dias, quando o Estado de “Israel” ocupou todo o território da Palestina. Sendo assim, atuou na Organização de Libertação da Palestina em seu momento mais revolucionário, a guerrilha, que durou até a década de 1980. Com a decadência desse movimento a FPLP também passou por modificações. A Brigada das Águias Vermelhas no ano de 2001, em meio a Segunda Intifada, ganhou seu nome atual após o assassinato de Abu Ali Mustafa, ela se tornaria cada vez mais semelhante ao atual modelo de organização armada da Palestina.

O Mártir Abu Ali Mustafa

Abu Ali nasceu em 1938 em Jenin, durante o mandato britânico da Palestina. Aos 17 anos ele aderiu ao Movimento Árabe Nacionalista que havia sido fundado, dentre outros, por George Habash, que viria a fundar a FPLP. Ele se tornou uma das lideranças do movimento nas décadas de 1950 e 1960, que na época atuava na Cisjordânia controlada pelo reino da Jordânia e que já reprimia a luta do povo palestino. Ele foi preso pelo governo e se manteve no cárcere jordaniano por cinco anos. Seu julgamento foi feito por uma corte militar.

Em 1961 ele foi liberto da prisão e manteve sua militância no MNA. Tornou-se o dirigente na seção do distrito norte da Cisjordânia até que, junto a Habash e outros companheiros, fundou a FPLP, depois a invasão israelense de 1967. Assim ele participou ativamente de toda a luta nas décadas de 1960, 70 e 80. Acabou sendo exilado, como grande parte da direção da luta armada Palestina. Voltou para a Cisjordânia, já na conjuntura dos acordos de Oslo, em 1999. Neste momento, como secretário-geral da organização, ele declarou: “retornamos à pátria para resistir, não para negociar”. Mantendo essa política revolucionária em um território controlado por “Israel” ele rapidamente se tornou um alvo do Mossad, agência de inteligência israelense.

Em 27 de agosto de 2001, dois anos após o seu retorno à Palestina, Mustafá foi assassinado por dois mísseis israelenses que atingiram o seu escritório em al-Biré. Seu velório foi uma gigantesca manifestação política, ele aconteceu durante um período de grandes mobilizações palestinas, estima-se que ele teve a presença de mais de 50 mil pessoas. Em resposta a seu assassinato, a FPLP eliminou o ministro do Turismo de “Israel”, Renavam Ze’evi, semanas depois. Ele era um dos mais direitistas do governo, defendendo abertamente a limpeza étnica nos palestinos. A Segunda Intifada e o assassinato de Abu Ali Mustafa marcariam o nascimento dessa nova organização.

As brigadas em ação

A Segunda Intifada foi um ponto de virada da luta armada do povo palestino, agora já liderado pelo Hamas. Com a expulsão da ocupação sionista da Faixa de Gaza, as organizações armadas puderam se organizar muito mais. Esse é o motivo de que sua aparência seja tão homogênea, com o uso de máscaras e uma bandana da organização na testa. As Brigadas do Mártir Abu Ali Mustafá então começariam as suas operações.

Dentre as suas operações mais famosas estão: a morte de Meir Lixenberg, conselheiro e chefe de segurança em quatro assentamentos, baleado enquanto viajava em seu carro na Cisjordânia em 27 de agosto de 2001; a morte de Rehavam Zeevi, o único ministro israelense a ser eliminado na Segunda Intifada; uma operação suicida em uma pizzaria em Karnei Shomron, na Cisjordânia, em 16 de fevereiro de 2002, matando três israelenses; um atentado suicida em Ariel em 7 de março de 2002, que deixou feridos, mas sem fatalidades; um atentado suicida em um mercado em Netania em 19 de maio de 2002, matando três israelenses; um atentado suicida na estação de ônibus em Geha Junction em Petah Tikva em 25 de dezembro de 2003, que matou quatro israelenses; um atentado suicida em Bikat Hayerden, em 22 de maio de 2004, que não registrou baixas; um atentado suicida no Carmel Market em Telavive em 1 de novembro de 2004, que matou três israelenses.

Todas essas aconteceram durante a Segunda Intifada e demonstram ainda o nível incipiente da organização, os atentados à bomba e de homens-bomba depois seriam substituídos por uma luta armada muito bem organizada. As guerras na Faixa de Gaza, após a expulsão de “Israel”, foram se tornando cada vez mais complexas, culminando na atual invasão israelense de Gaza. As brigadas da FPLP participaram de todas elas, 2008, 2012, 2014, 2021 e agora em 2023-24. O interessante é que sua base em Gaza manteve as características revolucionárias do movimento que existia na década de 1970, ao contrário do Fatá, que capitulou completamente diante do sionismo.

Agora, mesmo sendo uma organização minoritária na luta armada, as Brigadas do Mártir Abu Ali Mustafa atuam lado a lado das brigadas do Hamas, da Jiade Islâmica, da FDLP e de diversas outras organizações de luta do povo palestino que, juntas, enfrentam a ocupação sionista. O espirito de Abu Ali Mustafá, que morreu aos 63 anos de idade, inspira todos os combatentes das brigadas.

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