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Coluna

Até quando, mister Biden?

"Até quando, Catilina, abusará de nossa paciência?"

Biden surgiu como um grande líder democrata que enfrentou o fascista Trump e o derrotou. Aparentemente. Na verdade, hoje podemos desconfiar até que Trump está certo, que foi vítima de uma tremenda e continental fraude eleitoral. Por que não? Biden seria capaz de fazer isso, para garantir que sua política de um imperialismo sem limites pudesses prevalecer. Afinal era bastante sequestrar os votos por correio, que todo mundo sabe que são violáveis. Nenhum país sério aceitaria votos por correio para uma eleição presidencial, nem mesmo o Brasil, que aceita votos de urnas eletrônicas . Não que as urnas eletrônicas não sejam confiáveis, acreditamos piamente nas decisões dos tribunais a respeito… Mas, votos por correio, nenhum ministro do TSE garantiria, não é mesmo? A não ser que fossem postadas em blindados especiais, sob a guarda das forças armadas norte-americanas… De qualquer forma, digamos que acreditamos nos estudos da prestigiosa organização “Brennan Center for Justice” de que as fraudes eleitorais são extremamente raras nos Estados Unidos. A proporção é de menos de 0,0009% dos votos, segundo um estudo de 2017. Será? 

De qualquer forma, o senhor Biden surgiu nas eleições de 2020 como um grande líder democrático, a favor do “black lives matter” ou vidas dos negros importam… Será mesmo que importam para Biden? Logo no início do governo Biden, todo o mundo ficou maravilhado com enormes programas econômicos e sociais que o governo dos EUA lançou. Foram dois grandes planos econômicos, o “American Jobs Plan” Plano de Empregos Americanos – e o Plano Família Americana, o primeiro para atacar os evidentes e fundamentais problemas da infraestrutura, o segundo para abranger também na política as questões sociais. A previsão era de aportes de US$ 2,3 trilhões, que seriam direcionados para a infraestrutura física e social. O American Families Plan, que está focado em fazer investimentos em áreas sociais importantes para as famílias, como educação, creche, assistência médica e licença familiar remunerada, com investimentos orçados de US $ 1,8 trilhão em dez anos. Os resultados atuais da atuação do Governo Biden nestes campos e, em geral, são um desastre de acordo com a última pesquisa divulgada pela Universidade de Monmouth. A opinião pública sobre o desempenho geral de Biden no cargo atualmente é de 34% de aprovação e 61% de desaprovação – sua avaliação mais baixa nas pesquisas de Monmouth desde que ele assumiu o cargo. A maioria dos americanos também desaprova a forma como Biden lidou com cinco áreas políticas diferentes, resultados entre um e seis pontos piores do que a última vez que Monmouth fez essas perguntas. Especificamente, pouco mais de 2 em cada 3 desaprovam o desempenho do presidente em imigração (69%) e inflação (68%), enquanto mais da metade sente o mesmo sobre a maneira como ele lidou com as mudanças climáticas (54%), empregos e desemprego (53%) e infraestrutura de transporte e energia (52%).

Está evidente que os planos maravilhosos viraram pó, e desde logo enfrentaram grandes obstáculos no Congresso, mas dos democratas , não dos republicanos. Será que estes grandes deputados que se opuseram aos planos não eram manipulados pelo próprio Bidenpara justificar o fracasso dos planos? Só alguém muito injusto para o grande caráter desse governante poderia pensar tal coisa , que alegremente inclusive deu todo apoio ao Golpe de 2016 no Brasil e apoiou efusivamente o “novo governo” Temer.

Esse mesmo grande caráter foi a razão dos esforços incansáveis de Biden para criar novas guerras. Incrível a habilidade desse grande líder em desafiar a tudo e a todos, fazer ameaças, e tomar atitudes belicosas para com praticamente todos os países do mundo que não se afinam com o “mundo baseado em regras”. A primeira regra deste mundo fantasioso de Biden é: “me enganem que eu gosto”. A Europa é a principal admiradora dessa grande sabedoria política. Primeiro, acreditaram que tudo que os EUA fazem é para garantir o desenvolvimento e o bem-estar dos países europeus. Os EUA tanto provocaram a Rússia e ameaçaram com a Ucrânia entrando para a OTAN, que ela acabou entrando numa guerra sem fim. Mas os EUA fizeram isso para proteger a Europa do progresso e bem-estar que os europeus detestam. Afinal, estavam caminhando para um futuro grandioso, com crescimento econômico garantido pela energia barata da Rússia e muitos países já experimentavam as delícias da famosa “Nova Rota da Seda” implementada pela China. Breve a Europa entraria em um progresso sem fim, com avanços enormes na infraestrutura e no desenvolvimento tecnológico.

Graças a Biden foram protegidos de tantos pecados, e alegremente passaram a se opor à perigosa da Grande Ditadura russa e do comunismo chinês. Agora mergulham no abismo de uma recessão duradoura, graças ao gás americano caríssimo e a impossibilidade de exportar para os grandes mercados russo e chinês. 

Quando começou a gloriosa guerra dos sionistas contra os famigerados e horrorosos Hamas, a Europa logo se curvou novamente ao grande país das Américas e agora está feliz aguardando quando os misseis de algum país “tresloucado” do Oriente os atingir em cheio. Não acontecerá, certamente, porque Biden os protege desta ameaça.

Em pouco tempo os EUA estão transformando o chamado “direito de se defender” israelense no “direito de ofender” do imperialismo norte-americano. Agora não é mais uma guerra de Israel, os EUA sempre quiseram uma nova guerra para chamar de sua. Desafiam e atacam com suas forças e de aliados os povos de todo o mundo que ousarem prejudicar Israel na sua empreitada genocida do momento. Primeiro foram os Hutis, povo heroico, vítima de agressões da Arábia Saudita com apoio dos EUA durante uma década, sem que conseguissem vencer este povo determinado e audaz. Vítimas de uma enorme crise humanitária, eles sabem que capitular será possibilitar agressões ainda mais ferozes do monstro americano. É admirável a inteligência militar e a solidariedade infinita com o povo palestino dos heróis do Iêmen e a brutalidade sem limites do imperialismo que usa dos bombardeios aéreos porque não tem o que esperar de apoio do povo americano a essas atrocidades e nem da moral de uma tropa incapaz de ganhar uma guerra de 20 anos no Afeganistão. 

Agora não é mais Israel que ameaça o Hezbollah de bombardear o Líbano se não recuar suas fronteiras para dentro do Líbano. É o próprio governo americano que assumiu sem nenhum escrúpulo esta nova frente de guerra. Se deixarem o Biden solto, com sua demência avassaladora, ele vai criar mais uma guerra, como sempre quis, desta vez com o Irã.

O entrelaçamento das várias guerras vai, naturalmente, moldar uma nova era. Até quando as potências nucleares não serão também desafiadas por Biden? Há riscos substanciais, mas, por enquanto, Rússia e China podem assistir confortavelmente de longe ao desenrolar de uma conjuntura febril na política mundial, que só contribui para mergulhar os EUA em um grande círculo de fogo. As massas nos EUA já avançam em suas manifestações que são cada vez menos de solidariedade à palestina, mas de oposição ao monstro das guerras Biden. Ao agredir sem base constitucional e legal o Iêmen, Biden ultrapassou qualquer linha vermelha para seu ímpeto belicista. As massas agora podem muito bem invadir o Capitólio novamente, dessa vez com ímpeto revolucionário, e passar a gritar “Fora Biden!” 

A questão aqui é que Biden, no centro da tempestade, não é um Confúcio Chinês. Sua violência política é pessoal e altamente visceral: sempre apoiou Israel desde os tempos de senador e se gaba de ter sido o maior contribuidor da AIPAC entre seus colegas de Capitólio. Todas vezes em que o governo norte-americano criticou a agressividade de Israel contra os palestinos, como no Governo Reagan e no Governo Bush, teve o apoio apaixonado de Biden.

Isso pode ser visto na maneira como ele fala das vítimas do ataque do Hamas, com grande emoção pelo seu sofrimento, enquanto o sofrimento palestino não importa para ele. Segundo Rashid Khalidi, professor de Estudos Árabes Modernos da Universidade de Columbia, nos EUA: “Joe Biden não vê, nem se importa com os palestinos”

Há uma longa história de líderes que tomam uma decisão espontaneamente a partir de seu inconsciente, sem um cálculo racional. Mas Biden é inumano. “Ele simplesmente não parece reconhecer a humanidade [dos outros]”, como raciocina Khalidi.

Michael Knights, estudioso do think tank neoconservador do Washington Institute, disse: “Os iemenitas estão entusiasmados com seus sucessos e não será fácil dissuadi-los. Eles estão tendo o melhor momento de suas vidas, enfrentando um superpoder que provavelmente não pode detê-los.”

Isso vem na esteira de uma guerra na Ucrânia que já está chegando ao seu inevitável fim. Tanto nos EUA quanto entre seus aliados na Europa, reconhece-se que a Rússia prevaleceu de forma esmagadora e em todas as “áreas de conflito”. Não há praticamente nenhuma chance de que essa situação possa se recuperar, independentemente de dinheiro ou novos “apoios” ocidentais.

Mas nada abala Biden: isso significaria reconhecer que Putin venceu e a esperança de vitória de Biden seria reduzida a cinzas. A guerra deve continuar, mesmo que sua única conquista seja disparar mísseis de longo alcance diretamente contra as cidades civis da Rússia (um crime de guerra).

Depois que Biden se tornou vice-presidente, ele manteve sua crença “de que a paz só virá se não houver separação entre Israel e os Estados Unidos”. Em um livro de memórias divulgado no ano passado, Netanyahu escreveu que Biden deixou clara sua disposição de o ajudar desde cedo: “Você não tem muitos amigos aqui”, teria dito Biden. “Eu sou o único amigo que você tem. Então me ligue quando precisar”.

Em 2010, quando Netanyahu enfureceu Obama com uma grande expansão de assentamentos de colonos israelenses enquanto Biden estava em Israel, Peter Beinart relatou que Joe Biden e sua equipe queriam lidar com a disputa em particular, mas o campo de Obama tomou um caminho completamente diferente. Hillary Clinton deu a Netanyahu 24 horas para responder, advertindo: “Se você não cumprir, isso pode ter consequências sem precedentes em nossas relações de um tipo nunca visto antes”.

“Biden logo entrou em contato com um Netanayhu atordoado… e ele começou a minar o aviso da secretária de Estado de Clinton e deu a Netanyahu um forte argumento de que tudo o que estava sendo planejado em Washington era exagerado e ele poderia desarmá-lo.”

Durante um período crítico no início do governo Obama, quando a Casa Branca cogitou colocar pressão real sobre Netanyahu para manter viva a possibilidade de um Estado palestino, Biden fez mais do que qualquer outro funcionário do gabinete para proteger Netanyahu dessa pressão.

Claramente, essa informação coloca Biden visceralmente à direita de alguns membros do Gabinete de Guerra de Netanyahu: “Não faremos nada além de proteger Israel”, disse Biden em uma arrecadação de fundos em dezembro passado(2023). Assim como em 2010, Biden está dizendo a Netanyahu que deveria ignorar a mensagem de Obama sobre a necessidade de um Estado palestino.

A chave para entender a complexidade do lançamento de uma ação militar no Líbano reside na necessidade de olhá-la de uma perspectiva mais ampla: confrontar o Hezbollah invoca os prós e contras de uma guerra mais dos EUA com o Irã. Tal conflito envolveria aspectos geopolíticos e estratégicos diferentes e mais explosivos, já que tanto a China quanto a Rússia têm uma parceria estratégica com o Irã.

O enviado dos EUA, Hochstein, esteve em Beirute esta semana e teria sido encarregado de forçar os lados libanês e israelense a cumprir as disposições da Resolução 1701 de 2006 do Conselho de Segurança das Nações Unidas (nunca implementada).

O governo libanês propôs à ONU um roteiro para implementar o 1701. O “mapa” prevê a finalização de um acordo sobre os treze pontos fronteiriços em disputa com Israel e propõe demarcar a fronteira entre o Líbano e Israel respeitando isso. 

Por que o Hezbollah seria persuadido a se desarmar, quando Netanyahu, junto com o ministro da Defesa Gallant, anunciou recentemente que “a guerra não está chegando ao fim, nem em Gaza, nem nas fronteiras do norte” (com o Líbano)?

Gallant, no último fim de semana, advertiu claramente que Israel não aceita o deslocamento de 100.000 colonos israelenses de suas casas no norte de Israel e que sejam impedidos de retornar por causa das ameaças do Hezbollah. Se nenhuma solução diplomática surgir (com o Hezbollah desarmado e expulso), então Israel, prometeu Gallant, tomará medidas militares. E completou: “O tempo está se esgotando”.

Se Israel invadir o Líbano na tentativa de expulsar o Hezbollah da fronteira, estará, naturalmente, invadindo um Estado-membro soberano da ONU. E, portanto, isso seria imediatamente denunciado como um assalto ilegal.

O imperialismo contra a Humanidade

Não é de estranhar que Biden, o presidente dos EUA, tenha esta mente perversa e totalmente favorável ao Governo de Israel. Essa é a estratégia do imperialismo e dos EUA, não há dúvida nenhuma. E não diz respeito a uma questão de insanidade mental de quem pratica essa estratégia, embora seja muito adequado que as pessoas envolvidas em um genocídio de tal porte tenham certas aptidões mais ou menos inatas para a brutalidade, o assassinato e o crime em geral. Como se diz nos EUA, “the right man in the right place”. O homem certo no lugar certo… Lembremos que assim como os soldados de Israel assaltam os cofres e bancos palestinos e recorram a todo momento ao roubo , isto já é uma característica imperialista há séculos. Recentemente os EUA roubaram as reservas internacionais depositadas em seus bancos da Rússia, da Venezuela, do Afeganistão, entre outros.

A Alemanha se pronunciou contra a caracterização do massacre em Gaza como genocídio e ameaça entrar com representação na Corte Internacional de Justiça a favor de Israel. Não é de estranhar que o país que cometeu os mais horrendos crimes contra a humanidade continue a patrocinar os crimes de Israel. Pouca gente lembra, mas a Alemanha apoiou enquanto durou o apartheid na África do Sul, mostrando que o país está sempre do lado errado da história. A Alemanha nunca se pronunciou contra a ditadura militar no Brasil, e é sabido que sua principal fábrica no país, a Volkswagen, era uma grande colaboradora do regime militar, favorecendo totalmente a ação dos órgãos de repressão da ditadura no seu interior. 

O amplo apoio aos sionistas de Israel pelos países imperialistas se junta à insana adesão destes países à ditadura nazista e corrupta de Zelenski na Ucrânia, com a perseguição política e censura a todo aquele que defenda posição contrária na mídia ou nas redes. A defesa pelos EUA e dos países da Europa do “mundo baseado em regras” determinou a invalidação da tese de que o “Ocidente” se caracterize por liberdade de expressão e pela defesa dos direitos humanos.

Assim, cabe a nós, diante de Biden e outros ditadores “ocidentais”, apenas repetir a antiga pergunta do cônsul e orador Cícero, na Roma antiga, quando acusou o senador Catilina de tentar dar um golpe:

Até quando, Catilina, abusará de nossa paciência?

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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