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HISTÓRIA DA PALESTINA

Abu Ali Mustafa, líder da FPLP na Segunda Intifada

Sendo um dos fundadores da frente, o militante palestino tornou-se secretário geral na virada do século XX, na iminência da Segunda Intifada. Foi assassinado por "Israel" em 2001

Em 1967, o nacionalismo árabe de Gamal Abdel Nasser como ideologia guia da luta de libertação nacional dos palestinos estava em crise. A razão: coalizão de países árabes, liderada pelo Egito, havia sido derrotada por “Israel” na Guerra dos Seis Dias, quando o Estado sionista rouba da Síria as Colinas de Golã; a Cisjordânia e Jerusalém da Jordânia; e a Faixa de Gaza e a Península do Sinai do Egito.

Desde 1953, uma das principais organizações da resistência palestina era o Movimento Nacionalista Árabe (MNA), cuja ideologia predominante era justamente o nacionalismo árabe nasserista. Contudo, quando este se mostrou insuficiente como um guia para a luta palestina, a organização entrou em declínio, dela se originando a Frente Popular pela Libertação da Palestina (FPLP), organização de inspiração marxista.

Foram vários os militantes do MNA responsáveis pela criação da FPLP. O nome mais conhecido é o médico George Habash. Contudo, outro líder de grande destaque foi Abu Ali Mustafá, que, durante sua vida, também foi conhecido como Mustafá Ali Zabri, ou pelo honorífico Mustafa Alhaj.

Nascido em 1938, na cidade de Arrabá, Cisjordânia, quando a Palestina ainda estava sob o domínio do Império Britânico, sua militância política começou em 1955, quando se juntou ao MNA.

Em razão de suas atividades políticas, foi preso pelo aparato de repressão da monarquia jordaniana em 1957 (o Reino da Jordânia havia anexado a Cisjordânia ao seu território em 1950, dois anos após a Nakba). Quando de sua soltura, em 1961, assumiu a liderança do aparato militar do MNA e, em 1967, junto de Habash e outros, fundou a FPLP. 

Devido às conquistas territoriais de “Israel” na Guerra dos Seis Dias, em especial da Cisjordânia, Mustafá foi forçado a deixar o território palestin em razão tanto de seu histórico enquanto líder militar do MNA, quanto pelo fato de agora ser um dos líderes da FPLP. Assim, passou as três décadas seguintes na Síria e na Jordânia, travando a luta de resistência de fora da Palestina, como se deu com quase toda a resistência àquela época. 

Durante estes anos, tornou-se um importante membro da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), eventualmente sendo eleito membro de seu Comitê Executivo.

Em razão de um acordo feito em 1999 por Yasser Arafat, então presidente do Fatá e da OLP, e Ehud Barak, à época primeiro-ministro de “Israel”, Mustafá pôde voltar à Cisjordânia em setembro daquele ano. Aproveitou-se disto para liderar a resistência da FPLP contra o sionismo a partir do enclave, o que fez quando foi eleito secretário-geral do partido, substituindo George Habash, que estava afastado da militância por razões de saúde.

Mustafá liderou a frente no primeiro ano da Segunda Intifada. À época, haja vista a disparidade entre o enorme aparato militar e repressivo de “Israel” de um lado, e a incipiente, porém em desenvolvimento organização militar da resistência palestina de outro, um dos métodos mais utilizados pelos palestinos para lutar contra os invasores sionistas foi o dos ataques suicidas, normalmente se utilizando de explosivos. Contudo, nessa época de levante revolucionário, a resistência palestina também combatia o sionismo através da luta armada e, no caso da FPLP, esse combate era feito pelos militantes da então chamada Brigada Águia Vermelha.

Durante seu mandato como secretário-geral do partido, a FPLP teria realizado pelo menos 10 ações com carros-bomba e várias ações armadas. Em face disto, tornou-se alvo de “Israel” que, através de suas forças de ocupação, o assassinou. No dia 27 de agosto de 2001, dois helicópteros Apache dispararam dois mísseis que atingiram seu escritório na cidade de Al-Biré, na região central da Cisjordânia. Foi um das centenas de assassinatos seletivos perpetrados por “Israel” contra as lideranças palestinas no decorrer da história de luta desse povo martirizado. Assassinatos perpetrados com a finalidade de desmantelar a resistência palestina.

Contudo, sem resultado, pois, em menos de dois meses, em 17 de outubro de 2001, um militante da FPLP, Hambi Quran, eliminou Rehavam Zeevi, então ministro do turismo israelense, que era um defensor ferrenho da política de assassinatos seletivos de militantes palestinos.

Alguns meses antes do início da Segunda Intifada, Abu Ali Mustafá concedeu entrevista à emissora catarense Al Jazeera, onde deixou clara suas posições, mostrando que jamais capitulou perante o sionismo, mantendo a defesa intransigente da luta armada do povo palestino e o fim do Estado de “Israel”:

“Acreditamos que o povo palestiniano, tanto na diáspora como [nos territórios] sob ocupação, tem o direito de lutar utilizando todos os meios, incluindo a luta armada, porque pensamos que o conflito é o [fator] constante enquanto os meios e as táticas são as variáveis […] na minha opinião ‘Israel’ é uma entidade saqueadora e agressiva em terras palestinas.”

“Todos nós somos alvos assim que começamos a nos mobilizar. Fazemos o nosso melhor para evitar a sua repressão armada, mas estamos vivendo sob a brutal ocupação sionista das nossas terras, e seu exército está a apenas alguns metros de nós. É claro que devemos ser cautelosos, mas temos trabalho a fazer e nada nos impedirá.”

Em homenagem à memória e ao martírio do líder palestino, ainda em 2001, a Brigada da Águia Vermelha foi renomeada Brigadas do Mártir Abu Ali Mustafá.

Tendo lutado na operação Dilúvio de Al-Aqsa, elas seguem combatendo os invasores sionistas, tanto na Faixa de Gaza, quanto na Cisjordânia.

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