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Caso Daniel Alves

A luta ‘anticolonial’ da esquerda em defesa da Justiça espanhola

Brasileiro terá de pagar multa de mais de cinco milhões de reais para conseguir sair da cadeia

“Finalmente: Daniel Alves é condenado por estupro”, diz um artigo publicado no sítio da CSP-Conlutas, um grupelho de atuação sindical vinculado ao Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU). A comemoração após a condenação de um dos jogadores mais vitoriosos da história do futebol mundial, contudo, não foi exclusividade do PSTU. Junto à agremiação morenista, dezenas de articulistas da imprensa burguesa e de palpiteiros das redes sociais vibraram com o veredito decretado contra Daniel Alves.

O que o PSTU, esses articulistas e os palpiteiros têm em comum: todos são fiéis seguidores da igreja do identitarismo. Todos dizem vibrar com a condenação do brasileiro porque seria uma grande vitória para o conjunto das mulheres.

Por que assistir ao Estado esmagando um pobre coitado seria uma vitória das mulheres, é difícil de entender. A única coisa para que a condenação serve é para aprofundar a ditadura do Estado espanhol sobre os direitos da população. Uma pessoa permaneceu presa durante um ano sem antes sequer ter sido julgado. Uma pessoa que foi submetida a uma prisão preventiva sem que houvesse qualquer prova de que ela fosse uma ameaça real à sociedade.

O atropelo do Estado aos direitos de Daniel Alves servirá para que, futuramente, mais mulheres tenham seus direitos violados pelo Judiciário espanhol. E tão somente isso.

Mas não é somente isso que chama a atenção no debate dos identitários. Os mesmos que orgulhosamente pedem cadeia em nome de uma suposta defesa das mulheres também são os que se apresentam como “decoloniais”. Isto é, pessoas que seriam contra qualquer processo de “colonização”.

Os tais “decoloniais”, curiosamente, só aparecem para lamuriar acerca de acontecimentos ocorridos há 300 anos. São muito estridentes para pedir a retirada das homenagens aos bandeirantes dos museus brasileiros, atacando a cultura nacional, mas são míopes quando se deparam com o colonialismo dos dias de hoje, praticado fundamentalmente pelos Estados Unidos da América e pela União Europeia.

O caso Daniel Alves comprova essa tendência dos “decoloniais”. No afã de comemorar a prisão de Daniel Alves porque, em suas cabeças, irá beneficiar “as mulheres”, ignoram por completo que o que está acontecendo com o craque brasileiro é uma grave violação de seus direitos. E uma violação – adivinhem só – praticada por um país colonizador.

Daniel Alves não foi julgado por uma legião de mulheres feministas, como fazem crer os identitários. Ele foi julgado pelo Judiciário espanhol, que, por sua vez, é um braço do Estado espanhol. E o que é o Estado espanhol? Seria a expressão do povo espanhol? Não, a Espanha ainda é – pasmem – uma monarquia! É um país governado por um rei.

E o que Dom Felipe VI fez, além de atirar um brasileiro negro às suas masmorras? Que mais o rei espanhol fez, além de rasgar a sua presunção de inocência? Agora, após condenar Daniel Alves, estabeleceu uma modesta fiança, caso o jogador queira sair da prisão. É uma verdadeira democracia, é o ápice do “decolonialismo”: Daniel Alves tem todo o direito de andar pelas ruas de Barcelona, desde que pague o equivalente a cinco milhões e quatrocentos mil reais.

Pelos critérios da monarquia espanhola, até os escravos brasileiros eram livres. Bastava que tivessem dinheiro para comprar a sua própria alforria! Ou melhor, no caso dos escravos, a medida era mais democrática. Isso porque, conforme a decisão do Judiciário espanhol, os bens de Daniel Alves foram confiscados, impossibilitando que ele utilize o próprio dinheiro para sua fiança.

A decisão do Estado espanhol, além de ser profundamente antidemocrática em si, do ponto de vista do seu próprio funcionamento interno, é também um insulto ao Brasil. A rigor, um brasileiro que, se um dia foi rico, jamais foi poderoso, foi sequestrado por Felipe IV e, se quiser ainda ver sua mãe sem ser pelo vidro de um presídio, terá de se humilhar e pagar um valor que poucos brasileiros sequer acumularão durante toda a vida.

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