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HISTÓRIA DA PALESTINA

A Frente Popular para a Libertação da Palestina

Criada em 1967, sempre se opôs ao sionismo, tendo sido contra a solução e dois Estados, aos Acordos de Oslo. Participou da Segunda Intifada e do Dilúvio de Al-Aqsa

A Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) é um dos partidos que lutou na operação militar desatada pela resistência palestina no dia 7 de outubro, a operação Dilúvio de Al-Aqsa. A incursão aos territórios ocupados por “Israel”, realizada por ar, terra e mar, foi liderada pelo Hamas e colocou em marcha a Revolução Palestina. Atualmente, a FPLP, especificamente os combatentes das Brigadas do Mártir Abu Ali Mustafá, segue travando a luta contra os invasores sionistas, tanto na Faixa de Gaza, quanto na Cisjordânia.

A FPLP foi criada em 1967 pelo médico palestino George Habash, então militante revolucionário do Movimento Nacionalista Árabe (MNA). Essa organização havia sido criada em 1953 pelo próprio Habash e outros militantes com a finalidade promover a unidade do mundo árabe, tendo sido muito influente no desenvolvimento da resistência palestina.

A ideologia guia dessa organização era o nacionalismo árabe, cujo principal expoente na época era o então líder nacionalista egípcio Gamal Abdel Nasser, presidente daquele país. O nacionalismo de Nasser não só servia de base ideológica para o MNA, mas o próprio líder era um dos apoiadores da organização.

Contudo, no decorrer dos anos, divergências ideológicas e programáticas se desenvolveram no interior da organização. Em países como a Síria e o Iraque, houve predomínio do nacionalismo árabe nasserista. Por outro lado, a fração liderada por Habash passou a adotar o que eles entendiam como sendo Marxismo. A ausência de um programa definido, coeso, e a presença do MNA em vários países simultaneamente dificultou o movimento de avançar em sua luta contra o imperialismo e o sionismo.

A crise terminal da organização, que fez Habash criar a FPLP, veio com a derrota dos países árabes para “Israel” na Guerra dos Seis Dias.

Naquele conflito, o Estado sionista se saiu vitorioso sobre a coalizão de países árabes, a saber, Egito (República Árabe Unida), Síria, Jordânia e Iraque, obtendo importantes conquistas territoriais com a captura e ocupação das Colinas de Golã (da Síria); Cisjordânia e Jerusalém (da Jordânia); e a Faixa de Gaza e a Península do Sinai (do Egito)

A guerra levou a uma desmoralização do nacionalismo nasserista e, consequentemente, ao fim do MNA, cuja ideologia predominante era justamente essa forma do nacionalismo árabe.

A organização acabou quando, em 1967, a ala liderada por Habash se juntou a duas outras organizações que lutavam pela libertação da palestina, a Juventude pela Vingança e a Frente de Libertação da Palestina, esta fundada por Ahmed Jibril, líder e fundador da Frente Popular para a Libertação da Palestina – Comando Geral (FPLP-CG), um racha da FPLP.

Logo após essas três organizações terem se unido, outros três grupos (Heróis do Retorno, a Frente Nacional para a Libertação da Palestina e a Frente Independente de Libertação da Palestina) se juntaram e a FPLP foi formada.

Já em 1968, a frente possuía uma grande quantidade de guerrilheiros, três mil. Apesar de possuir sede na Síria, seus guerrilheiros também atuavam na Jordânia, a partir de onde realizavam ataques contra “Israel”.

A FPLP poderia ter sido um partido maior, contudo, sofreu inúmeros rachas, os quais ocorreram logo em seus primeiros anos.

Já em 1968, Ahmed Jibril liderou um racha da organização, por entender que sua linha de atuação deveria ser mais militar, com menos espaço para a política e suas teorias necessárias para guiar essa atuação. Criou a já citada FPLP-GC, ainda atuante.

Em 1968, foi a vez de Nayef Hawatmeh e Yasser Abd Rabo saírem da FPLP e criarem a Frente Democrática para a Libertação da Palestina (FDLP), uma organização de orientação maoista, sendo que ambos seus fundadores haviam sido importantes líderes no MNA. As Brigadas do Mártir Al-Qassam, braço armado da FDLP, também lutaram na operação Dilúvio de Al-Aqsa.

Mas tais rachas não foram suficientes para colocar um fim à FPLP e, ainda nesse ano, ela se juntou à OLP, tornando-se o segundo maior partido dentro dessa organização, atrás apenas do Fatá, de Yasser Arafat.

Como parte da OLP, a frente esteve envolvida na atuação combativa que a resistência palestina travava contra o Estado de “Israel” a partir da Jordânia, entre 1968 e 1971.

Tendo em vista que os palestinos avançavam cada vez mais em sua organização, o imperialismo, vindo ao socorro de “Israel”, impulsionou a monarquia jordaniana a agir contra a resistência.

Na luta contra a repressão do exército da Jordânia, para além de combates armados, a FPLP realizou uma série de operações de captura de aeronaves civis, que ficaram conhecidas como os sequestros do Campo de Dawson.

A captura de aeronaves era uma especialidade da FPLP, e o principal comandante por trás deles era Wadie Haddad (ou Abu Hani), o responsável pela ala militar da frente. A finalidade desse método de luta era conseguir prisioneiros para trocar por prisioneiros palestinos (ou muçulmanos de outras nacionalidades), encarcerados em prisões israelenses ou do imperialismo.

Os sequestros do Campo de Dawson consistiram em cinco operações, quatro das quais foram bem sucedidas. Fizeram parte da luta que a resistência palestina travou contra a monarquia haxemita, da Jordânia, que tentava expulsá-la do país. Em razão do papel exercido pelo Reino da Jordânia, de serviçal do imperialismo e do sionismo, a partir de 1970, a FPLP passou a se opor ao Rei Hussein, entendendo seu governo como ilegítimo.

Ao fim, após uma repressão que resultou na morte de mais de 20 mil palestinos, a monarquia jordaniana conseguiu expulsar a OLP (e a FPLP) da Jordânia. Essa guerra ficou conhecida como Setembro Negro. Releia matéria já publicada neste Diário sobre o ocorrido:

Setembro Negro: quando imperialismo expulsou a OLP para o Líbano

Novo racha acontece e, em 1972, é formada a Frente Revolucionária Popular para a Libertação da Palestina. Mesmo assim, a FPLP permanece existindo.

Uma crise se instaura em meio à resistência palestina e, em 1974, a FPLP se retira do Comitê Executivo da OLP. A razão para isto foi que, em 8 de junho de 1974, na 12ª Conferência do Conselho Nacional Palestino, o órgão legislativo da OLP, foi adotado o chamado Programa de Dez Pontos, através do qual foi introduzido o conceito de “Dois Estados” como solução para o conflito Palestina-“Israel”. Em face disto, a FPLP juntou-se à Frente Rejeicionista, uma frente de oposição formada por organizações que rejeitavam o programa.

Em 1981, retornou ao Comitê Executivo da OLP, no auge da Primeira Guerra do Líbano, na qual lutou como parte da resistência palestina, ao lado do Fatá, contra “Israel”, as milícias maronitas e o imperialismo.

Contudo, com a capitulação nos Acordos de Oslo (1993 – 1995), através dos quais as duas principais organizações de lideranças da resistência palestinas reconheceram a legitimidade do Estado de “Israel”, a FPLP deixou de fazer parte da OLP e de ser aliada do Fatá.

Referidos acordos resultaram também na criação da Autoridade Nacional Palestina (AP), que atualmente possui como presidente Mahmoud Abbas, que exerce, com a garantia do imperialismo e do sionismo, brutal ditadura contra os palestinos da Cisjordânia e Jerusalém. Em razão disto, a FPLP jamais voltou a fazer parte da OLP.

Em outra demonstração de que jamais capitulou perante o sionismo, participou da Segunda Intifada, mobilização revolucionária das massas palestinas. Haja vista que, naquela época, não tinha um corpo miliar tão coeso quanto atualmente, realizou ataques suicidas como método de luta, o qual também foi utilizado por combatentes do Hamas.

Desde 1969, se proclama como marxista-leninista. Apesar disto, e da ausência de um programa político claro e coeso, sempre se opôs ao imperialismo e, especialmente, ao sionismo. E, através da sua participação direta na luta palestina, durante décadas, hoje em dia atua em unidade prática com grupos islâmicos sunitas (Hamas) e xiitas (Jiade Islâmica e Hesbolá), fazendo avançar a Revolução Palestina para que “Israel” e o sionismo sejam destruídos de uma vez por todas.

Como exemplo recente dessa unidade prática da FPLP, vale mencionar que os combatentes das Brigadas do Mártir Abu Ali Mustafá dedicaram a ação militar feita no último dia 24 de março contra o kibbutz Beeri (uma barragem de foguetes) aos “heróis da corajosa resistência iemenita, aos homens justos da resistência iraquiana livre, aos leões do Hesbolá no Líbano e a Sua Eminência Sayed Hassan Nasralá, a bússola da resistência e seu mestre”.

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