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Governo do Brasil

A falência do podcast de Lula e o problema da comunicação do PT

O homem mais popular do Brasil desistiu de seu programa semanal por falta de audiência, um fenômeno que precisa ser analisado politicamente e que demonstra os erros do PT

O presidente Lula, após hesitar muito e iniciar um programa semanal, não deu uma grande atenção a sua existência e desistiu de manter o programa no ar. O principal motivo é que a audiência não era muito alta, mas certamente não era por falta de popularidade do presidente que teve o maior número de votos da história do Brasil. É, na verdade, um erro político do PT que não tem um interesse de fato em fazer uma ampla comunicação com os trabalhadores do Brasil.

A primeira questão política que envolve a falência do podcast é a estratégia do PT para a própria classe operária. O PT não está de fato com uma política voltada para os trabalhadores. O primeiro ano de governo envolveu diversos acordos políticos e uma “aliança” com o Judiciário para atacar o bolsonarismo. Com essa política geral, o podcast de Lula não faz muito sentido. Os grandes eventos de mobilização, como o 1º de Maio, ou os atos em defesa da Palestina, não tiveram um impulsionamento por parte do PT. Já as disputas judiciais são amplamente cobertas por toda a imprensa petista e parecem ser um dos focos principais do partido.

O segundo fato importante é que o podcast é um fracasso devido à direção do PT e não devido à incapacidade de comunicação de Lula. Todos sabem que o presidente da república é uma pessoa que tem uma enorme capacidade de comunicação. O motivo do fracasso é o conteúdo do programa. Ele não apela para os trabalhadores, é institucional, “chapa-branca” e governista. Esse é um tipo de conteúdo que ninguém tem interesse. Se assim fosse, a TV Brasil teria uma enorme audiência. O que de fato atrai o público é a polêmica, é o debate político, e isso não existia no podcast de Lula.

Vale a pena comparar com o programa de Bolsonaro, que foi um enorme sucesso. Bolsonaro não deveria ser superior ao PT e principalmente a Lula em sua capacidade de comunicação. No entanto, o PT foi incapaz de fazer o mesmo que o ex-presidente. Primeiro foi um caso de incompetência, não contrataram alguém que soubesse fazer esse tipo de comunicação. Mas o principal problema é que a base bolsonarista é mais motivada ideologicamente. E ela é mais motivada primeiro porque ela se considera um movimento de oposição ao “sistema vigente”. A base do PT poderia seguir o mesmo caminho, seria o ideal para que Lula pudesse governar, mas essa não é a política do partido.

O podcast de Lula não tinha como objetivo motivar as bases do PT. Seu objetivo era mostrar os pequenos serviços que seu governo conseguiu realizar. Isso tem um papel, mas não pode ser o principal no quesito da comunicação. Para alcançar os trabalhadores, é preciso fazer também um discurso agressivo, radical, combativo, é isso que falta no PT. O partido sem isso se aparenta muito com o PSDB, um partido sem graça. É como se o podcast não fosse de Lula, mas de seu vice, o próprio picolé de chuchu Geraldo Alckmin.

A extrema direita tem uma vantagem por ser ideológica. Em um momento de crise total do imperialismo, uma crise que atinge o regime político, isso é de primeira importância. Essa é, na verdade, a explicação para o apoio popular do bolsonarismo. É claro que o movimento é financiado por um grande setor da burguesia brasileira. Mas não se pode ignorar que ele possui de fato uma base popular, algo que parte principalmente desse caráter ideológico. A combatividade de Bolsonaro, mesmo que falsa, cativa uma parcela dos trabalhadores mais conservadores.

No caso dos Estados Unidos, o fenômeno é o mesmo. Trump é perseguido judicialmente, sua popularidade só cresce. Ele então se torna uma figura contra o sistema vigente diretamente, contra o Judiciário, contra o FBI. O bolsonarismo no Brasil é um movimento muito mais consistente que o da esquerda petista. Mas o PT tem uma base muito mais ampla que o Bolsonaro, uma base ampla, dispersa, sem consistência, que costuma ser utilizada pelo partido apenas durante as eleições, principalmente nas eleições de Lula.

O caráter ideológico e combativo é o que falta para garantir a força do governo do PT. A falência do podcast de Lula é, na verdade, uma demonstração dos enormes erros políticos do governo do PT. Bolsonaro, mesmo sem a tradição da esquerda de mobilização e dos sindicatos, conseguia uma mobilização maior que a do PT fora das eleições. Isso não deve ser tomado como um elogio ao ex-presidente, mas uma demonstração do potencial que possui o governo do PT. Se Bolsonaro conseguiu fazer grandes atos no 7 de setembro e outras datas, Lula poderia fazer uma mobilização muito maior.

No fim, é preciso deixar claro que a política do PT não deve ser a de pôr um fim ao podcast de Lula. Pelo contrário, ele deve ser reestruturado. Deve tornar-se ainda mais popular do que era o podcast de Bolsonaro. O próprio presidente Lula é uma das maiores armas do governo. A figura mais popular do País dirige o Governo Federal. Lula deve aproveitar a sua própria popularidade com ferramenta para uma mobilização popular que serve como a base política real para o seu governo.

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