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'Israel'

A extrema direita não é antissemita, é sionista

Ao incluir os judeus no grupo de supostas vítimas do fascismo, atriz reforça a política sionista, que instrumentaliza a questão judaica e usa Holocausto como escudo

A atriz Betty Faria, comentando um papel em um novo trabalho, teceu comentários sobre o sobre a ascensão da extrema direita, apontando-a da seguinte forma: “a extrema direita, neofascista, entrando no mundo da maneira que está entrando, e o neofascismo é contra pretos, é contra judeus, contra gays, contra velhos”, afirmou a atriz. Ao incluir os judeus no grupo de supostas vítimas da extrema direita, como faz a atriz, o que se reforça, na verdade, é a política sionista, que usa o holocausto ocorrido há mais de sete décadas para encobrir os crimes que são cometidos pelo Estado de “Israel” contra o povo palestino e os árabes em geral.

Sob o véu do “antissemitismo”, os sionistas mobilizam um amplo aparato de propaganda e repressão. Neste momento, os judeus não estão sob perseguição global, ao contrário do que sugere a atriz. Essa inclusão, se não for devidamente debitada, terminará protegendo os piores fascistas da atualidade, os sionistas, que já colocam em marcha um duro programa de ataques aos direitos democráticos da população em escala global, tendo como alvo as críticas legítimas contra sua política de ocupação e genocídio da Palestina. 

Contra a Resistência Palestina e pela manutenção do genocídio do povo árabe, em todo o mundo, a ditadura sionista se mobiliza para reprimir mobilizações de apoio aos palestinos, assim como para calar qualquer oposição. Tudo sob a base do “antissemitismo” e da memória do Holocausto, ocorrido durante o período da ditadura nazista, que tem servido de cobertura moral para os crimes de “Israel”.

É essa a política que ganha força por trás de “neofascistas são contra os judeus”. Na verdade não são. Os “neofascistas” não estão necessariamente com os judeus, mas estão como os sionistas, que usam os judeus para impor sua ditadura ao povo árabe.

As colocações de Faria refletem um equívoco recorrente nas análises da esquerda pequeno-burguesa, que insiste em tratar o fascismo como um problema moral, afastando-se de sua verdadeira essência enquanto fenômeno de classe. Ao destacar esses grupos como alvos da extrema direita, Faria acaba por omitir o verdadeiro inimigo da política fascista: a classe trabalhadora. Essa visão fragmentada e limitada enfraquece a capacidade de se entender o fascismo em toda sua complexidade e, mais importante, de combater suas causas estruturais.

Embora a extrema direita, em muitos casos, use os grupos mencionados por Faria para fins de ganhar força, sua verdadeira função é servir como ferramenta de controle do imperialismo para tempos de crise. Dessa falta de clareza decorre a maior contradição na fala da atriz: ela ignora que, há muitas décadas, existe uma aliança muito sólida entre setores da extrema direita e o Estado de “Israel”. O exemplo mais emblemático dessa aliança aconteceu há 42 anos, quando as Falanges libanesas, organizadas por Pierre Gemayel, realizaram um dos crimes mais hediondos contra o povo palestino: o Massacre de Sabra e Shatila.

Pierre Gemayel, que fundou o partido Kataeb (as Falanges libanesas) após ser inspirado pelos regimes fascistas europeus durante sua participação nas Olimpíadas de Berlim, em 1936, organizou um grupo com nítidas influências nazistas e fascistas. O próprio nome “Falanges” era uma referência ao fascismo espanhol. No entanto, essas Falanges, inspiradas pelo fascismo, agiram em aliança com o Estado de “Israel” para massacrar milhares de palestinos em 1982. Essa realidade não se limita ao Líbano. No mundo todo, há exemplos claros de como a extrema direita e o sionismo andam de mãos dadas. Na Ucrânia, os grupos nazistas que ganharam protagonismo após o golpe de 2014 têm uma posição simpática e alinhada com o Estado de “Israel”, mesmo carregando símbolos e retóricas que, em um primeiro momento, poderiam parecer contraditórias com o apoio ao sionismo.

O mesmo fenômeno pode ser observado no Brasil, onde os bolsonaristas, que representam a extrema direita nacional, exibem publicamente sua adesão ao sionismo, com uso ostensivo de bandeiras e símbolos de “Israel”, além de discursos inflamados em defesa de sua política. Parlamentares bolsonaristas, inclusive, são os mais inflamados defensores da selvageria sionista no País, pedindo censura a jornalistas e dirigentes do Partido da Causa Operária pela defesa consequente dos palestinos, incluindo também os partidos que compõem a Resistência Palestina.

Essa relação de apoio entre a extrema direita e “Israel” é um reflexo direto da política imperialista que usa o fascismo e o sionismo como ferramentas de manutenção da sua ditadura contra o mundo. A extrema direita, em sua essência, não é um fenômeno puramente ideológico ou cultural, mas um instrumento político do imperialismo para momentos de crise profunda, quando as formas tradicionais de controle sobre a classe trabalhadora começam a falhar.

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