A emissora libanesa Al Mayadeen publicou nesta segunda-feira (11) matéria expondo a situação econômica dos palestinos na Cisjordânia após a Operação Dilúvio de al-Aqsa, comparando-a com a situação dos colonos sionistas, mostrando que a ação expansionista deles, apoiada pelo Estado de “Israel”, está piorando drasticamente a vida dos palestinos, e como essa situação, que se intensifica a cada dia, poderá provocar uma grande revolta popular durante o Ramadã.
Para aferir a condição econômica dos palestinos, a metodologia utilizada pela emissora foi realizar inúmeras entrevistas com os moradores da Cisjordânia. Isto é, relatos de primeira mão, de palestinos de “diferentes idades e gêneros e provinham de diferentes origens e profissões”.
Inicia destacando que a economia da Cisjordânia é e sempre foi frágil, sendo que qualquer desenvolvimento que observou ao longo dos anos, foi suficiente apenas para a sobrevivência. E, tratando-se de um território sobre o controle de “Israel”, é uma economia dependente da ajuda internacional que recebe e da ditadura que o sionismo exerce sobre o povo palestino desse território.
Conforme desta a Al Mayadeen, citando jornalista residente na cidade de Jerusalém, a economia local gira em torno dos “os funcionários palestinos internos que trabalham com a Autoridade Palestina e os trabalhadores nos territórios palestinos ocupados [‘Israel’]”.
Assim, desde o último 7 de outubro, o Estado sionista intensificou sua ditadura sobre o enclave, reduzindo “as receitas de desalfandegamento palestinas, a principal fonte de receitas orçamentais da Autoridade Palestina (AP), tornando-a incapaz de pagar as dívidas dos funcionários”. Em outras palavras, guerra econômica para tentar dobrar o povo palestino contra a resistência.
O território palestino na Cisjordânia é completamente fragmentado em razão das décadas de incursões criminosas dos colonos sionistas sobre as propriedades rurais dos palestinos. Uma política deliberada para desagradá-los socialmente e minar seu poder de reação face o avanço territorial do sionismo. Somado a isto, a ditadura de “Israel” na Cisjordânia criou ao longo dos anos inúmeros postos de controle militar estabelecidos para manter os palestinos sob estrito controle. Contudo, após o 7 de outubro, em mais uma medida ditatorial, o Estado sionista desativou tais postos. Não para deixa a Cisjordânia livre o do sionismo, mas para impedir “a entrada da mão-de-obra palestiniana que se deslocava de uma cidade para outra”. Ademais disto, “os trabalhadores palestinos também foram despedidos em massa se os seus empregos estivessem localizados em cidades fora do seu local de residência“.
Segunda Al Mayadeen, essa situação foi relatada por todos os entrevistados. Assim, milhares de palestinos na Cisjordânia precisam à prestação de serviços domésticos ou mesmo o comércio ambulante.
Ademais, como forma de retaliar o povo palestino por ter se levantando em armas contra a ditadura sionista, “Israel” vem impedindo que o financiamento internacional chegue à autoridade palestino. E esse financiamento era uma das principais fontes de receitas na Cisjordânia, servindo não apenas para a remuneração do aparato burocrático da AP, mas também para o financiamento do comércio local. Assim, após o 7 de outubro, a guerra econômica de “Israel”, Nablus, na Cisjordânia, “perdeu 90% da sua população, que costumava visitá-la regularmente para diversos fins. Isso afetou as operações de empresas em diferentes setores, como alimentos e bebidas, transporte, comércio e muito mais.”
A vida intelectual também foi duramente afetada: com o fechamento dos pontos de controle, muitos dos alunos universitários não conseguem se deslocar ao seu campus. De forma que as universidades foram forçadas a mudar para a modalidade de ensino à distância, para que os alunos não ficassem sem aula. É seguro dizer que essa forma de ensino não possui a mesma qualidade do ensino presencial, afetando profundamente o desenvolvimento intelectual da juventude palestina.
Como um efeito dominó, “As empresas ao redor da universidade foram forçadas a parar de funcionar indefinidamente ou fechar completamente porque a situação era insustentável”, noticiou a Al Mayadeen, acrescentando o depoimento de um jornalista palestino de Nablus:
“Manar explicou que um desses casos era assunto de sua amiga. Após a guerra, sua amiga teve que fechar sua clínica de beleza e cuidados com a pele por causa da base de clientes reduzida e quase inexistente.
Manar chamou isso de “pausa na vida”.
Nessa conjuntura, houve uma queda drástica dos salários dos palestinos na Cisjordânia, conforme dados citados por Manar, e pelo também jornalista Zainab Hamarsheh, que reside em Jerusalém:
“Em 2021, enquanto a Cisjordânia sofria graves golpes econômicos, os trabalhadores recebiam quase 80-85% dos seus salários. Depois de 7 de outubro, a percentagem caiu para 60-65%, com os trabalhadores a receberem os seus salários a cada 40 dias ou a cada dois meses. Ziad Al-Hamouri, diretor do Centro de Direitos Sociais e Económicos na área ocupada de Jerusalém, confirmou esta realidade e acrescentou que cerca de 170.000 trabalhadores palestinos foram afetados por estas medidas. ”
Assim, a guerra econômica de “Israel” vem jogando os palestinos em uma miséria ainda maior da que já existia.
Por outro lado, o governo do Estado sionista vem fazendo esforços monumentais para impedir que essa guerra econômica atinga os colonos, fascistas, da Cisjordânia. A respeito disto, a Al Mayadeen informa que “através de importações em massa da Turquia, a ocupação tentou revitalizar a sua economia”.
Contudo, a ação revolucionária do Iêmen no Mar Vermelho e no Golfo de Adem, bloqueando embarcações israelenses ou vinculadas com “Israel” de alguma forma vem impedindo que o Estado sionista consiga manter uma situação econômica estável para os colonos. Em razão disto, a emissora libanesa, fazendo referência a informações fornecidas por al-Hamouri, informa que “quase 300 mil israelenses abandonaram os seus colonatos e permanecem em alojamentos financiados pelo governo, o que prejudica ainda mais a economia israelense”, situação que é agravada pelo fato de que a “política monetária de ‘Israel’ está exclusivamente preocupada com financiamento militar adicional, em vez de garantir o sustento dos colonos”.
A matéria informa também sobre a destruição que “Israel” causou à agricultura palestina. Conforme apontado pela Al Mayadeen, a maior parte da atividade agrícola do povo palestino é realizada na Cisjordânia, muito embora haja parte considerável em Gaza. Expõe então que graças aos bombardeios genocidas do Estado sionista, grande parte das terras de Gaza foram tornadas inférteis. Cita como exemplo a cidade de Beit Hanoun, que teve suas terras destruídas, terras estas que correspondem a “uma parte significativa dos 39% das terras agrícolas no Norte de Gaza que “Israel” destruiu”.
Voltando à situação na Cisjordânia, é exposto o caso a Área C do território, que está sob controle direto do governo israelense. É lá onde a atividade dos colonos é mais intensa. Segundo a Al Mayadeen, “a Área C compreende o maior território da Cisjordânia e contém pastagens e terras agrícolas, que têm sido o foco dos colonos que procuram expulsar os palestinos das suas terras sob a proteção das forças de ocupação israelitas.”
Em suma, o povo palestino, além de estar sendo massacrado diariamente em Gaza, está sendo sufocado economicamente na Cisjordânia, inclusive através do roubo sistemático de suas terras agrícolas, por parte dos colonos.
Com a chegada do Ramadã, mês sagrado para os palestinos e muçulmanos de todo o mundo, durante o qual a extrema-direita sionista e os governos sionistas de turno costuma intensificar sua repressão contra o povo palestino, o sufocamento econômico da Cisjordânia torna a situação cada vez mais explosiva, podendo cada ataque ou provocação ser o estopim para um levante geral das massas palestinas contra ditadura de “Israel”.