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HISTÓRIA DA PALESTINA

A crise no Canal de Suez

Em 29 de outubro de 1956, "Israel" invadiu a Faixa de Gaza e a Península do Sinai, dando início ao conflito

Em 1952, o rei egípcio, apoiado pelos britânicos, foi derrubado pelo Movimento dos Oficiais Livres liderado por Gamal Abdel Nasser e pelo general Muhammad Naguib. Em 1954, o oficial Nasser deu um golpe de caráter nacionalista e tornou-se presidente do Egito. Ele pregava a unidade árabe (pan-arabismo) e defendia isso como solução para libertar os palestinos da opressão sionista. Um inimigo do imperialismo, Nasser promoveu o nacionalismo árabe e tornou-se um dos principais inimigos do Estado de “Israel”.

O Egito tinha a maior força militar do Oriente Médio até então. Nasser estimulava os ataques dos fedains contra a ocupação de “Israel”, assumindo uma posição mais hostil. Em 1954, Ben Gurion concebeu um ataque terrorista clandestino em solo egípcio, “com o objetivo de instigar os britânicos a adotarem uma postura mais rigorosa em relação a Nasser, após sua decisão de evacuar suas forças do Canal de Suez. Os britânicos haviam sido empurrados para a Zona do Canal após a revolução de 1952.

Em 1956, o Egito bloqueou o Golfo de Aqaba, assumiu o controle nacional do canal de Suez, bloqueando a navegação israelense. A medida do governo egípcio rompeu com a Convenção do Canal de Suez de 1888, imposta pelo imperialismo para controlar o canal, apontando que ele deveria permanecer aberto a todas as nações. “Ben Gurion queria guerra, assim como seu chefe de gabinete, Moshe Dayan. Eles encontraram uma ao alinhar Israel com o plano anglo-francês para derrubar Nasser. As antigas potências coloniais tinham sua própria agenda. O presidente egípcio se tornou o bête noire deles no momento em que nacionalizou o Canal de Suez em julho daquele ano, em resposta à retirada do apoio dos EUA ao projeto da Barragem de Assuã do Egito e se recusou abertamente a se unir ao bloco ocidental na Guerra Fria. Os franceses também tinham suas próprias discordâncias com Nasser porque ele apoiava o movimento de libertação que lutava contra os franceses na Argélia. Assim, ao lado de seu desejo de expandir o estado de Israel, destruir líderes árabes hostis e reprimir o movimento de resistência palestino em ascensão, Ben Gurion encontrou outro incentivo para se juntar a esse esquema colonialista, desta vez oferecido pelos franceses. Eles propuseram fornecer armas às Forças de Defesa de Israel e fornecer a Israel os materiais iniciais necessários para alcançar a capacidade nuclear”, conta o historiador israelense Ilan Pappé.

Nasser, no que lhe concerne, havia bloqueado “Israel” fechando o Estreito de Tiran, a única passagem para o porto israelense de Eilat, no sul, e confiscando mercadorias destinadas a “Israel” no Canal de Suez. Em 29 de outubro de 1956, “Israel” invadiu a Faixa de Gaza e a Península do Sinai, dando início a Guerra do Suez.

“A vitória militar de Israel foi rápida, mas as consequências políticas foram menos impressionantes. Em questão de poucos dias, o exército israelense tinha penetrado na Faixa de Gaza e na maior parte da Península do Sinai, enquanto a força aérea anglo-francesa os protegia, bombardeava o Egito e enviava paraquedistas para a Zona do Canal de Suez. No entanto, Israel não pôde manter suas forças lá por muito tempo. Um esforço conjunto dos Estados Unidos e da União Soviética levou à retirada israelense das partes da Península do Sinai que havia conseguido ocupar e libertou o Egito da presença de soldados britânicos e franceses em seu solo” (idem).

“Um resultado óbvio da guerra de 1956 foi que ela aprofundou o envolvimento do exército na vida israelense a níveis sem precedentes. Como vejo, a militarização da sociedade israelense, que havia começado com a vitória de 1948, foi completada pela vitória no Sinai em 1956 (a retirada forçada não afetou os ganhos da guerra de 1948). Do lado palestino, isso abriu caminho para uma revolução na estratégia, táticas e estrutura no movimento político emergente nos campos de refugiados”, conta Pappé.

Durante a ocupação de Gaza por “Israel”, a estrutura dos fedains, um importante fator de desestabilização na região, sofreu um duro golpe com a perseguição das lideranças exercida pelos sionistas. Por isso, houve uma certa estabilidade política até o começo da chamada “Guerra Fria Árabe”, em 1958. Nasser, por um lado, começou uma política contra as monarquias apoiadas pelo imperialismo (como a Jordânia), mas também entrou em conflito com outros governos nacionalistas, como o de Abd al-Karim Qasim, que derrubou a dinastia haxemita de Faiçal II do Iraque.

Em 1959, o fictício Protetorado de Toda-Palestina foi desfeito e a Faixa de Gaza incluída na República Árabe Unida (RAU), resultado da fusão entre Egito e Síria, sob presidência de Nasser. Qasim, porém, defendia a criação de uma entidade palestina na Cisjordânia e na Faixa de Gaza com a ajuda de um novo exército palestino.

Em 1959, o Fatá surgiu, construindo uma infraestrutura para sustentar uma luta armada, mas também diversos aspectos da vida social e política da Palestina. Até 1964, a organização ganhou muita popularidade, com sua agitação política através do jornal Filastinuna (‘Nossa Palestina’). A organização também ampliou sua capacidade militar em aliança com a Síria, que estava em conflito com “Israel” na fronteira. O grupo era composto por jovens estudantes, intelectuais e trabalhadores, que defendiam o fim do Estado de “Israel”.

A RAU desmoronou em 1961, quando um grupo de oficiais sírios tomou o poder e separou a Síria do Egito. Em 1963, Qasim foi derrubado pelo Partido Baath. No mesmo ano, outro grupo de oficiais, novamente em nome do Baath, mas com laços mais estreitos com o Egito e a União Soviética, derrubou seus antecessores na Síria. Os dois lados do nacionalismo árabe, Nasser em um e o Partido Baath no Iraque e na Síria no outro, apoiaram a luta dos palestinos.

Nesse período surgiu o movimento nacionalista árabe al-Qawmiyyun al-Arab, fundado em 1951 na Universidade Americana de Beirute e liderado por um estudante de medicina, George Habash. O movimento foi apoiado pela RAU e, depois da dissolução da república, manteve boas relações com a Síria. Na década de 1960, esse movimento se tornaria a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), uma das principais organizações da luta armada contra “Israel”. Em 1964, setores do nacionalismo árabe, através da Liga Árabe, fundam a OLP, com apoio de Nasser, para representar o povo palestino. Alguns anos depois, a entidade aglomera os grupos guerrilheiros, sendo o Fatá, de Iasser Arafat, a sua principal força.

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