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Dia de Hoje na História

4/5/1897: nasce Pixinguinha, o rei do Choro

Operário da música brasileira, artista foi influenciado pela rica coleção de partituras de choro

Nascido em 4 de maio de 1897, no Rio de Janeiro, Pixinguinha, cujo nome de batismo era Alfredo da Rocha Vianna Filho, tornou-se uma figura icônica no cenário musical brasileiro. Filho de Raimunda Maria da Conceição e Alfredo da Rocha Vianna, ele cresceu em meio a uma família numerosa de treze irmãos.

Desde cedo, Pixinguinha foi influenciado pela rica coleção de partituras de choro mantida por seu pai, que incluía obras de Joaquim Antônio Callado, considerado o “patrono dos chorões”. As reuniões musicais frequentes em sua casa contavam com a participação de renomados músicos como Irineu de Almeida, conhecido como “Irineu Batina”, Cândido Pereira da Silva, apelidado de “Candinho Trombone”, Viriato Ferreira, Villa-Lobos e Joaquim Francisco dos Santos, também conhecido como “Quincas Laranjeiras”.

Pixinguinha iniciou seus estudos musicais no cavaquinho, orientado pelos irmãos Léo e Henrique, e logo desenvolveu habilidades na flauta, tocando de ouvido músicas que ouvia. Demonstrando um talento precoce, aos 11 anos já acompanhava seu pai e começava a compor suas próprias músicas, como o choro “Lata de Leite”, sua primeira composição registrada.

Dois anos depois, em 1912, fundou o Grupo do Caxangá ao lado de João Pernambuco e Donga, uma iniciativa que buscava unir músicos em torno de um repertório variado que abrangia tanto músicas modernas quanto tradicionais, urbanas e rurais. O grupo, com suas vestimentas típicas do sertão nordestino, aproveitava a popularidade da temática nordestina da época, inspirada pelo sucesso da música “Cabocla de Caxangá”. Em 1914 apareceu sua primeira obra publicada, a polca Dominante, editada pela Casa Carlos Wehrs e gravada pela Odeon no ano seguinte.

Durante sua carreira, Pixinguinha também se destacou pela parceria com seu irmão Otávio, conhecido como “China”, na composição de sambas. Essa colaboração gerou algumas das músicas mais memoráveis do período.

Em 1919, Pixinguinha fundou o grupo Oito Batutas, formação que se tornou emblemática no cenário musical da época. Com um repertório diversificado que incluía música folclórica do nordeste brasileiro, sambas, maxixes, valsas, polcas e “tangos brasileiros”, o grupo fez turnês pelo Brasil e Europa, recebendo não só reconhecimento e elogios da imprensa pela sua contribuição à brasilidade na música, mas também críticas por parte da burguesia brasileira, pois a música de influência europeia era vista como um divisor de classe. Obviamente, as pessoas que gostavam de músicas brasileiras eram associadas à classe social inferior.

Em 1933 obteve um emprego como funcionário público, sendo nomeado fiscal da Limpeza Urbana do Rio, e participou da criação da Banda Municipal, atuando nela por um breve período. Por volta de 1942 abandonou a flauta em favor do saxofone, mas o motivo da mudança não é bem conhecido e já deu margem a muita especulação não comprovada.

Pouco depois passou a integrar a banda do flautista Benedito Lacerda, onde assumiu o saxofone tenor como instrumento principal e continuou a compor músicas para o grupo. A banda de Lacerda era uma “regional”, nome dado a bandas internas contratadas por emissoras de rádio para executar músicas e acompanhar cantores, muitas vezes ao vivo para uma plateia de estúdio.

Ao longo da década de 1930 e 1940 as “regionais” proporcionaram emprego estável aos melhores músicos de choro da época e levaram à profissionalização da indústria fonográfica brasileira. Em 1946, Pixinguinha trabalhou na Rádio Tupi como regente de orquestra.

Sua carreira pode ser compreendida como a de um “operário da música brasileira”, não apenas pela sua dedicação incansável à arte, mas também pela sua postura engajada e seu papel na valorização e difusão de gêneros musicais populares como o choro e o samba.

Em 1947 a Rádio Nacional iniciou a série Caricaturas, onde apresentava a biografia de artistas famosos em uma abordagem altamente romantizada, melodramática e sensacionalista, ao estilo das populares radionovelas, e sem grande preocupação com a veracidade das informações. Em 1948 Pixinguinha foi incluído na série, sendo caracterizado como filho de um “mau funcionário” e “mau músico”, mas mesmo o biografado sendo pobre, era “risonho, bonachão e manso como todo poeta”.

O tratamento dado a ele foi completamente diferente do dado a Radamés Gnattali, descrito com um músico sério, diplomado, premiado, erudito e respeitável, um verdadeiro gênio perfeito que havia conquistado a fama por meio de uma luta heroica de trabalho incansável, enquanto o narrador dizia estar com os olhos marejados de lágrimas diante de tão sublime grandeza.

Quem foi Radamés Gnattali? Filho primogênito de uma pianista gaúcha descendente de italianos, Adélia Fossati, e de um imigrante italiano radicado em Porto Alegre, Alessandro Gnattali, professor de música e maestro. Ao romantizar e a biografia de Radamés Gnattali, a imprensa burguesa da época contribuiu para a construção de uma imagem idealizada do artista burguês, cujo reconhecimento é baseado não apenas em seu talento, mas também em sua suposta luta heroica e esforço incansável.

Essa narrativa, típica do discurso burguês, não apenas reforça estereótipos sociais, mas também perpetua a ideia de que o sucesso e a valorização estão associados à origem social e à conformidade com padrões elitistas. Em 1970 pôs em partitura os longos improvisos que executava para o choro Urubu, que saiu no disco Som Pixinguinha. Seus últimos arranjos foram feitos neste mesmo ano.

Sua carreira se encerrava, mas há muitos anos já havia sido reconhecido generalizadamente como o maior monumento vivo da memória musical brasileira. Sua esposa morreu em 1972. Pixinguinha já estava doente com arteriosclerose e problemas cardíacos, e morreu em 17 de fevereiro de 1973, quando estava na Igreja de Nossa Senhora da Paz em Ipanema, participando de um batismo.

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