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Dia de Hoje na História

22/3/1945: 79 anos da fundação da Liga Árabe

Formação da organização política refletiu a tendência de oposição do dos povos árabes à dominação imperialista sob o controle do sionismo

Neste dia 22 de março completam-se 79 anos da fundação da Liga Árabe, organização política internacional composta por países árabes do Oriente Médio e do Norte da África. Surgida em 1945, a Liga foi inicialmente criada por seis países: Egito, Síria, Iraque, Líbano, Arábia Saudita e Jordânia (à época Transjordânia), e conta atualmente com cerca de 22 membros.

Tendo sido esboçada no Protocolo de Alexandria, acordo assinado menos de um ano antes, a fundação da Liga em 1945 representou um esforço conjunto dos governos árabes para fazer frente à dominação imperialista mundial, que nos momentos derradeiros da Segunda Guerra Mundial vivia um momento de profunda crise que espalhou uma onda de agitação social por todo o mundo. Como consequência, se intensificaram em toda parte os movimentos de resistência nacional à opressão colonial dos dois blocos imperialistas beligerantes, que a despeito dos diferentes disfarces políticos e ideológicos, tinham ambos o objetivo comum de garantir pela força uma maior fatia da partilha do mundo para satisfazer seus interesses econômicos.

Assim, no âmbito ideológico, isso levou ao surgimento de diversas formas de nacionalismo por todo o globo, sendo o nacionalismo árabe um dos mais proeminentes, defendendo a unificação de todo o povo árabe em um único Estado-nação alicerçado, na origem histórica comum das populações e na cultura compartilhada por elas. Dessa forma, esse fenômeno social se refletiu na política levada adiante pelos governos desses países, culminando na criação da Liga Árabe, que visava transpor as tendências nacionalistas para o plano institucional através do estabelecimento de maior cooperação política, econômica e militar entre seus membros.

As tendências da Liga Árabe de contraposição ao imperialismo se manifestaram já nos primeiros meses após a sua fundação, quando a organização buscou levar adiante medidas de boicote econômico contra as empresas sionistas, já estabelecidas na Palestina antes mesmo da criação do Estado de “Israel” em 1948, no que era conhecido como Yishuv, uma espécie de proto-Estado sionista formado com o auxílio do imperialismo britânico, que já no início do século XX, incentivava a migração de europeus judeus para a região da Palestina, visando usá-los como ferramenta de guerra colonial contra os palestinos.

Desse modo, o boicote econômico, lançado pela Liga em 2 de dezembro de 1945, consistiu uma medida de autodefesa, como tentativa de enfrentar as aspirações sionistas de controle e domínio da região. A declaração emitida pela organização conclamava não só os estados-membros, como todos os países árabes a boicotar a indústria de origem sionista em operação na Palestina. Nela lia-se: “Produtos de ‘Judeus Palestinos’ devem ser considerados indesejáveis nos países árabes. Esses produtos devem ser proibidos e recusados enquanto a sua produção na Palestina levar à realização dos objetivos políticos sionistas”.

Com o criminoso Plano de Partição da Palestina, instituído pela ONU, e a subsequente oficialização da criação do estado de “Israel” em 1948, os esforços para fazer cumprir o boicote foram intensificados pela Liga. Além do boicote primário, que interditava as relações comerciais dos países árabes feitas diretamente com os sionistas, foram instituídos também um boicote secundário e terciário, que visavam embargar também empresas não-israelitas que continuassem a estabelecer relações econômicas com o estado artificial do imperialismo.

Como se vê, quando da sua fundação a Liga Árabe representou uma tendência progressista de combate ao imperialismo. Não obstante, ao longo dos anos, a forte influência dos países imperialistas sobre os governos burgueses dos países árabes levou muitos deles a ficarem sob controle direto dos interesses econômicos da burguesia internacional, o que enfraqueceu as aspirações da Liga e levou praticamente a uma sabotagem interna da organização, comprometendo a possibilidade de maior unificação e cooperação entre os membros.

Como exemplo direto disso está a própria relação da Liga com a causa palestina. Embora o sentimento nacionalista leve a um forte antagonismo de todo o povo árabe frente à presença do Estado de “Israel” no Oriente Médio, isso não se traduz em uma ação concreta por parte dos governos da região que seja realmente efetiva, já que muitos deles, quando não sob controle ditatorial ostensivo do imperialismo, como é o caso da ditadura militar no Egito, foram em grande medida corrompidos pelo poder econômico mundial.

Como consequência, o boicote econômico ao sionismo introduzido em 1945 foi praticamente liquidado em 1994, após a assinatura dos acordos de Oslo, quando os seis países membros do Conselho de Cooperação do Golfo, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Omã, Jordânia, Kuwait e Catar (não por coincidência os de política mais fortemente controlada pelo imperialismo), criaram um racha dentro da Liga e suspenderam unilateralmente a sua adesão ao boicote. De todos os 22 membros que atualmente compõem a organização, apenas Síria e Líbano mantêm o compromisso de aplicar o boicote, sendo acompanhados nisso somente pelo Irã, que embora não seja um país árabe, guarda proximidades culturais com os países da Liga e exerce grande oposição à política imperialista.

Em meio às circunstâncias atuais, em que o conflito entre a resistência armada palestina e o sionismo escancara a crise de grandes proporções que atravessa o imperialismo, semelhante à do período das guerras mundiais, o aniversário de fundação da Liga Árabe vem como lembrança importante de que os períodos de crise levam ao acirramento das contradições sociais e fazem com que diferentes setores e classes inevitavelmente entrem em conflito. Contudo, a sabotagem da Liga Árabe por seus próprios membros bem como a paralisia desses governos diante do massacre do povo palestino evidenciam que somente uma insurreição completa de todo o povo árabe, bem como dos demais povos oprimidos do mundo, pode levar à organização de um movimento realmente capaz de fazer frente à exploração do poder econômico e de impedir o esmagamento dos povos.

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