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Movimento operário

1º de Maio: centrais sindicais seguem receita do fracasso

As direções sindicais trabalham para fazer dessa importante data histórica da classe operária mais um ato esvaziado e politicamente insosso

Enquanto o movimento bolsonarista, apesar das cegas avaliações em contrário, consegue encher as ruas das principais cidades do País, com mobilizações que alcançam algumas dezenas de milhares de pessoas, as organizações do movimento operário e popular fazem tudo para seguir uma trilha oposta: manifestações esvaziadas e politicamente insossas.

É o que se vê na preparação do Dia Internacional de Luta da Classe Trabalhadora, realizado no dia 1º de maio, deste ano. CUT, Força Sindical, UGT, CTB, NCST, CSB, Intersindical – Central da Classe Trabalhadora e Pública convocam, pelo sexto ano seguido, um 1º de Maio unificado. Mas a importante data da classe operária, ao invés de funcionar como alavanca da mobilização das massas, num momento em que é preciso responder à ascensão da extrema direita e pressionar o governo Lula à esquerda, caminha para passar em brancas nuvens. 

A política das direções sindicais que convocam o ato parece seguir fielmente a cartilha que ensina como sabotar uma manifestação de massas.

O local

A escolha do local de realização do ato é o primeiro indício que manifesta esse fato. Contrariando a tradição de convocar o 1º de Maio num ponto central da cidade de São Paulo, as centrais sindicais definiram o estacionamento do estádio do Corinthians, em Itaquera, na zona leste da cidade, como o local da manifestação.

Historicamente, a Praça da Sé, o Vale do Anhangabaú e até a Avenida Paulista sempre foram os locais preferenciais de realização do 1º de Maio. As vantagens do centro da cidade para a chegada da população residente nas mais variadas regiões são evidentes. Nem é preciso dizer que, para os moradores da periferia da cidade, o mais razoável seria a realização de um ato na região central da cidade.

As entidades sindicais, porém, decidiram dificultar a vida dos trabalhadores. Marcaram o 1º de Maio para um ponto da cidade na zona leste. Cria-se assim dificuldades desnecessárias para os moradores da zona oeste, sul e norte comparecerem ao local. 

Se o objetivo das direções sindicais é atrair os trabalhadores para o 1º de Maio, temos que concluir que a escolha do local não ajuda nessa tarefa.

As restrições contra o povo

Tal como aconteceu no ato do ano passado, está prevista uma série de restrições que não terão outro efeito que não afastar as massas do 1º de Maio.

Matéria publicada no portal oficial da CUT, no dia 23 de abril, lista quais são elas: o público passará por pórticos com detectores de metais e revista em bolsas e mochilas; a entrada de ambulantes no espaço reservado ao público está proibida; está proibida a entrada de objetos cortantes, perfurantes, rígidos, fogos de artifício, latas, garrafas (inclusive plásticas); as bebidas vendidas serão servidas diretamente em copos (assim como é feito em estádios de futebol); não será permitida bebida alcoólica dentro do estacionamento.

Nem é preciso dizer que esse conjunto de regras proibitivas implicará, como consequência necessária, a existência de um considerável aparato policial e de segurança no ato. Bandeiras, faixas, instrumentos musicais e todo aparato que as organizações políticas e populares costumam utilizar para se manifestar terão certamente vida difícil para entrar na manifestação. 

Esse fato, inclusive, já foi visto no ano passado, bem como o seu resultado ― o afastamento das massas do ato. Temos aqui uma regra das manifestações populares: quanto mais polícia e segurança, menos o povo se sente atraído a participar dos atos.

Mais uma vez, as entidades organizadoras da manifestação seguiram a cartilha de como afastar os trabalhadores do 1º Maio

A ausência de reivindicações concretas e populares

Do ponto de vista político, as direções sindicais também seguiram a cartilha antipopular que aplicam com afinco.

A convocação para o ato é outro ponto fraco da preparação. Se nas redes sociais ela é rarefeita, nas ruas ela é praticamente inexistente. Não há panfletos que poderiam ser distribuídos entre as diversas categorias de trabalhadores, não há cartazes de rua, não há carros de som passando pelos bairros populares. Os aparatos sindicais permaneceram naquele estado de paralisia e imobilidade em que se encontram há tempos.

Mais grave ainda é o conteúdo político que as direções sindicais buscaram imprimir ao Dia dos Trabalhadores. Seguindo um esquema já consagrado pelas centrais, o ato terá duas partes: a primeira, com a manifestação das lideranças sindicais, dirigentes das organizações populares, parlamentares etc.; e a segunda, com a parte musical. 

O conjunto de reivindicações que as centrais anunciaram compõe um leque de generalidades.

“Sob o tema Por um Brasil mais Justo, o 1º de Maio 2024 será um dia de celebração e reflexão para levar a toda a população brasileira a luta do movimento sindical em defesa da classe trabalhadora. O tema deste ano é Por um Brasil Mais Justo e destaca as pautas emprego decente, correção da tabela de Imposto de Renda, juros mais baixos, valorização do serviço e dos servidores e servidoras públicos, salário igual para trabalho igual, aposentadoria digna”, explica a matéria da CUT.

As reivindicações históricas e mais necessárias da classe trabalhadora, como a exigência de um salário mínimo vital, da redução da jornada de trabalho sem redução salarial, da estatização dos bancos e do sistema financeiro, da estatização total da Petrobrás e da reversão das privatizações realizadas, da revogação da Reforma Trabalhista e da Previdência, bem como a defesa da luta do povo palestino contra o genocídio israelense, passaram longe das considerações das organizações sindicais. 

A ausência de reivindicações concretas, que correspondam aos anseios e interesses da classe operária e das massas, evidencia mais uma vez a incapacidade das atuais direções para atrair e dirigir a luta de massas. Sem dúvida que nem a presença de uma liderança popular, como o presidente Lula, será capaz de se contrapor a essa enxurrada de medidas antipopulares e antioperárias realizadas pelas entidades sindicais atuais.

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