Em 17 de fevereiro de 1964, há 60 anos, militares derrubaram León M’ba, o primeiro presidente do Gabão, do poder. O golpe, entretanto, não foi bem-sucedido: pouco tempo depois, a França enviou 600 tropas vindas das capitais da República do Congo e do Senegal, comandadas pelo general Kergaravat, que invadiram o território gabonês e restauraram o governo M’ba. Na operação, relatos afirmam que cerca de 25 gaboneses morreram com os ataques aéreos franceses.
O fato demonstra quão profunda era a dominação francesa não só no Gabão, mas em toda a África. Finalmente, o país centro-africano havia acabado de ser libertar da colonização, então por que a França ainda tinha tanto poder sobre o regime?
Fato é que a independência do Gabão foi uma farsa. Naquela época, a França adotava a política de transicionar os regimes políticos africanos de colônias para governos formalmente independentes, mas que ainda eram controlados pelos europeus.
Nesse sentido, M’ba foi apontado pela França para ser o primeiro presidente do país. E por que escolheram ele? Por conta de sua relação com a extração madeireira no país, um recurso importante que os franceses roubavam do povo gabonês.
Sem contar no fato de que ele era um verdadeiro capacho da metrópole. Segundo mostram historiadores, M’ba não queria aceitar a independência de seu próprio país, mas foi convencido pela França quando esta convenceu León de que a independência seria apenas formal.
Tanto é que, logo depois desse processo, o Gabão foi obrigado a assinar 15 “acordos de cooperação” que tornavam a economia gabonesa completamente dependente da França.
Voltando para o golpe, após a restauração do governo M’ba, a França começou a preparar uma nova transição, já que o presidente que havia acabado de sofrer um golpe estava profundamente desmoralizado. Nesse sentido, em 1967, Alberto Bongo, que seria posteriormente conhecido como Omar Bongo, chegou ao poder, permanecendo no governo por impressionantes 42 anos.
Durante esse período, foi o principal responsável por garantir que os interesses da França no Gabão continuariam sendo atendidos, roubando uma quantidade absurda de recursos naturais do país africano para abastecer o imperialismo francês.