Um dos truques do momento para atacar que defende a resistência palestina e o Hamas é acusar de “antissemitismo”. O jornal direitista, Gazeta do Povo, publicou artigo assinado por Gabriel de Arruda Castro, chamado “A esquerda antissemita segue os passos de Karl Marx”. O comentarista Luiz Felipe Pondé fez um tuíte afirmando que a posição do PCO revela o “antissemitismo” do partido.
É no mínimo curioso. Primeiro porque eles ignoram que os árabes também são semitas; segundo, e mais importante, ignoram o debate político. Aliás, direitista normalmente não faz debate político, o negócio é atacar moralmente.
Defender o Hamas é uma posição política. Os argumentos de quem o faz não tem nenhuma gota de antissemitismo, mas porque estamos falando de uma guerra contra Israel, logo, qualquer posição que não seja bajular esse Estado é “antissemitismo”, vejam só.
O artigo no Gazeta do Povo afirma que “A reação de boa parte da esquerda aos ataques terroristas contra Israel nos últimos dias encerrou qualquer dúvida: grupos que se dizem defensores dos direitos humanos são capazes de apoiar movimentos como o Hamas, que comete atrocidades impublicáveis contra civis.”
É um cinismo extraordinário. Mesmo se fossemos concordar com a maldade do Hamas, falar em direitos humanos para defender Israel é uma verdadeira bestialidade argumentativa. Isso sem precisar visitar os acontecimentos históricos, recheados, um a um, de violações flagrantes de direitos humanos por parte de Israel contra os palestinos; basta ver o que o Estado de Israel está fazendo nesse exato momento. Até o ONU, que defende Israel, reconhece que o cerco a Gaza viola os tratados internacionais.
Prova que para a direita, direitos humanos é apenas para proteger os fortes. Os fracos nunca merecem a preocupação da direita.
“De uma forma mais genérica, Marx é responsável pela noção de que tudo deve ser medido pela divisão entre ‘opressores’ e ‘oprimidos’. Embora o autor comunista tenha tratado principalmente das classes sociais, não demorou até que seus discípulos estendessem a lógica para qualquer relação de poder. Entre Israel e Palestina, Israel é o opressor porque é mais rico e (na visão de muitos árabes) equivale a um colonizador europeu. Logo, justifica o que quer que o oprimido (a Palestina) faça.”
Eis porque a direita defende Israel. Simplesmente negam a história para justificar os crimes de Israel. Afinal, o autor do texto deveria explicar porque Israel não seria um país opressor. Até onde nos consta, os palestinos vivem num gueto há anos. Mas para não ter que explicar isso, o autor novamente recorre ao “antissemitismo”.
Aí o autor faz uma série de malabarismos para provar que Marx seria “antissemita”, logo, a esquerda que apoia a palestina, também seria. Uma verdadeira salada argumentativa cuja única função é defender o genocídio que Israel está cometendo contra o árabes.
Aliás, por falar em antissemitismo, o que Israel está fazendo é muito parecido com que os nazistas defendem. Aí ficamos na dúvida sobre quem seria o antissemita. Uma coisa é certa, se o antissemitismo é uma ideologia condenável, o massacre de árabes também deveria ser. Mas a direita não liga para eles, conforme falou o ministro da Defesa israelense, são apenas “animais”.
A acusação de antissemitismo é uma cobertura para uma ideologia de limpeza étnica contra os palestinos. É disso que se trata.