O frio brota do hipnótico balouçar das folhas
A vida corre,
Seu correr sopra vento pelo peito dentro.
Mas freia-se pelo existir incerto.
A lentidão permeia, e o viscoso assume a posição do tempo:
Eu ando lenta, existo lenta – voo baixo.
Sigo como uma escuna que margeia a costa,
busco bolsões de areia, cuido os obstáculos…
Hoje sou pequena, minúscula.
Caço apenas o orvalho da madrugada.
Dia-a-dia cinjo olhos, pálpebras e soluço.
Mas recolho o golpe: só mais um passo.
Hoje sou incerta, desfeita.
Caço apenas as mariposas da enxurrada,
Dia-dia sou amor pequeno,
recolho a imensidão: só mais um laço.
Hoje sou não-sou.
Caço pequena, estrela da manhã.
Dia e corro.
Morro: só morro.
Amanhã serei eu grande, certeza, ser-eu?
Amanha mato o morro,
caço o lobo
e mais eu: só eu.
E de onde ser surge?
Hoje: só mais um pouco de hoje…