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Operação militar russa

Um balanço de um ano da guerra de libertação na Ucrânia

Em 24 de fevereiro de 2022, o exército russo adentrou o Donbass para executar a Operação Militar Especial de desmilitarização e desnazificação da Ucrânia

Há exatamente um ano, o exército russo iniciava a Operação Militar Especial para a desmilitarização e desnazificação da Ucrânia, após Moscou reconhecer a independência das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk e assinar um acordo de cooperação militar com os dois países.
O motivo da ação, escondido até hoje pelos meios de propaganda do imperialismo, foi o genocídio que está sendo cometido contra os povos daquela região leste da Ucrânia, conhecida por Donbass, desde 2014. De fato, foi naquele ano que a Guerra da Ucrânia começou, e não quando a Rússia decidiu intervir diretamente. O regime nascido do golpe de Estado imperialista consolidado no início de 2014, que levou a extrema-direita ao poder, enviou tropas para suprimir a revolta popular contra o golpe ocorrida no Donbass. Resistindo ao assédio do exército de Kiev, os trabalhadores de Donetsk e Lugansk declararam a independência dos antigos estados ucranianos. Kiev não a aceitou, mas também não conseguiu recuperar aqueles territórios, mesmo que sua agressão ao Donbass tenha deixado um saldo de cerca de 15 mil mortos em nove anos.
A Rússia demorou oito anos para intervir. Putin via a carnificina causada contra cidadãos de etnia e cultura russa por grupos de extermínio neonazistas em Donetsk e Lugansk e nada fazia. Dentro da Rússia e do Donbass, o clamor pela ajuda militar russa aumentava ano após ano.
Mas não foi apenas por se sentir pressionado a proteger habitantes de sangue russo do Donbass que Putin ordenou o início da operação especial. O motivo central foi a ameaça que a Ucrânia havia se tornado à própria existência da Rússia como país. O regime de Kiev, presidido desde 2019 pelo ator Vladimir Zelensky, não passa de um fantoche da OTAN. De fato, o golpe de 2014 foi dado para que a Ucrânia não escapasse da área de domínio do imperialismo e, desde então, ela foi totalmente submetida ao seu controle. A maior prova disso é que a única coisa que sustenta o regime de Zelensky é o apoio militar e financeiro da OTAN, responsável por proteger Kiev e a maior parte do território do país das tropas russas neste um ano de operação militar.
E esse é o motivo pelo qual Putin ainda não derrotou a Ucrânia completamente. Na realidade, a guerra que ocorre desde 2014 é entre a OTAN, que utiliza a Ucrânia como bucha de canhão, e a Rússia. O conjunto do imperialismo mundial atua de forma ativa e direta dentro da Ucrânia, fornecendo apoio financeiro, treinamento, munições, armamento e controlando o exército ucraniano.
A OTAN, como diz Putin, constitui uma ameaça real e perigosíssima à soberania nacional da Rússia. Ela é a organização militar do imperialismo. A sua máquina de guerra. E vem cooptando os países ao Leste da Europa, que antes pertenciam ao Pacto de Varsóvia, desde a dissolução da União Soviética. Isso era algo que a OTAN havia prometido aos russos que jamais faria. Mas não se pode confiar no imperialismo. Agora, a Rússia está praticamente cercada por bases militares, mísseis e tropas da OTAN na Europa Oriental. O objetivo é muito claro: submeter o país mais extenso do mundo à política de rapina do imperialismo. Os russos, naturalmente, não aceitam isso.
Grande parte da esquerda brasileira e internacional não consegue entender que, portanto, estamos vendo na Ucrânia uma guerra por procuração entre o imperialismo e a Rússia, que é um país de capitalismo atrasado, portanto oprimido pelo imperialismo. Nesse sentido, a ação russa é defensiva. Ao mesmo tempo, a audácia dos russos de enfrentar o imperialismo militarmente deve ser saudada e compreendida como um episódio movido pelo entendimento de que, neste momento, o imperialismo está fragilizado, como se comprovou com a derrota dos Estados Unidos para o Talibã no Afeganistão em 2021.
Uma demonstração de que a ação militar russa não é obra de uma potência colonizadora, como dizem setores da esquerda, é a diferença do que fazem os russos para o que sempre fizeram os norte-americanos. No Vietnã, no Iraque e no Afeganistão, por exemplo, as tropas dos EUA massacraram a população civil indiscriminadamente. Destruíram toda a infraestrutura daqueles países e causaram um caos imenso. Os russos, por outro lado, tiveram até o momento o maior cuidado possível (que nunca é o ideal, em se tratando de uma guerra) para não atentar contra os civis. Caso contrário, se Putin agisse como Bush ou Biden, já teria chegado até o Oeste da Ucrânia, à custa de milhões de vidas. Isso explica a alegada dificuldade que a imprensa imperialista diz que Putin está enfrentando no terreno, porque atua com precaução e não como um conquistador implacável. E não é porque Putin seja uma pessoa boa, mas por razões objetivas: o povo russo apoia a operação especial precisamente porque quer libertar a Ucrânia (um país irmão que sempre foi parte da Rússia e cuja população é etnicamente russa ou ao menos eslava, como os russos). A maioria dos russos possui familiares do outro lado da fronteira e não aceitaria uma guerra de agressão de Putin contra a Ucrânia.
Mesmo com o avanço que poderia ser considerado lento, a Rússia já obteve grandes vitórias. A principal delas foi a libertação integral da República Popular de Lugansk, que passou oito anos ocupada pelos batalhões nazistas do regime de Kiev, que perpetraram as mais atrozes barbaridades contra os civis. Donetsk, Zaparójia e Kherson também já foram parcialmente libertados do domínio ucraniano e, junto com Lugansk, em setembro do ano passado, aprovaram a entrada na Federação Russa após referendos populares. Com isso, mais da metade do Donbass já está livre da opressão da OTAN e dos nazistas ucranianos.
A Rússia, no entanto, sabe que não pode parar por aí. Moscou já declarou que continuará avançando até desmantelar toda a estrutura militar instalada pela OTAN na Ucrânia, bem como as organizações nazistas financiadas pelo imperialismo. Também disse que enquanto a OTAN utilizar a Ucrânia como instrumento de opressão contra a Rússia, a operação militar permanecerá ativa. Putin percebeu que, em um ano, o imperialismo não conseguiu fazer nada contra seu país, a não ser muita propaganda mentirosa que, no entanto, na prática não tem nenhum efeito. Nem mesmo as sanções econômicas foram capazes de prejudicar decisivamente a Rússia.
Se o imperialismo estava enfraquecido no início da guerra, após um ano ele demonstrou que não conseguiu se recuperar e, pelo contrário, se enfraqueceu ainda mais. A Europa sofre muito mais nos últimos 12 meses do que a Rússia, apesar de ter imposto todo o tipo de bloqueio econômico a Moscou. Governos caíram e protestos cada vez maiores ocorrem nos principais centros imperialistas europeus. Os EUA também viram a sua crise política interna se aprofundar. Os países oprimidos da Ásia, América Latina e África, por sua vez, não se sujeitaram às pressões do imperialismo e mantêm, de modo geral, uma posição de neutralidade no conflito, enquanto o imperialismo quer apoio total à guerra contra a Rússia.
Os russos não dão sinal de que irão recuar. O imperialismo se debilita. A tendência, portanto, indica um aprofundamento das contradições de todos os países oprimidos com os opressores imperialistas e a questão da Ucrânia pode ser apenas o início de uma derrocada sem precedentes do imperialismo internacional.

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