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Esquerda pró-imperialista

Um ano do fracasso da “nova esquerda” no Chile

Gabriel Bóric é hoje o mais legítimo representante da "nova esquerda" aliada do imperialismo contra a luta dos povos do continente

Há exatamente um ano, no dia 11 de março de 2022, assumia o governo chileno, no posto de presidente da República, Gabriel Bóric, ex-líder estudantil, o mais jovem mandatário em toda a história do país latino-americano.

A ascensão de Bóric foi cercada de grande expectativa, depois das grandes jornadas de luta que marcaram a presença das massas populares – particularmente a juventude, sobretudo os estudantes – protagonistas de gigantescas manifestações que ocuparam as ruas e praças das principais cidades do país em 2019 e 2020, marcadamente a capital, Santiago. Os atos pediam uma reforma política profunda para superar a institucionalidade herdada do sanguinário Pinochet em 1980. À época, os atos pediam mais igualdade e melhores condições de vida, na medida em que o custo de vida e a inflação atingiam em cheio os menos favorecidos.

Todavia, não precisou de muito tempo para a população chilena constatar que havia sido vítima de uma fraude, um verdadeiro estelionato político, talvez o maior do país andino depois do fim da ditadura pinochetista. 

O fato é que em apenas um ano, Bóric se revelou um elemento da “esquerda” com posições as mais abertamente direitistas, em todos os terrenos, seja na composição do seu ministério; nas medidas adotadas no plano econômico; na repressão contra manifestantes, no posicionamento em relação aos regimes populares de esquerda do continente (Cuba, Nicarágua, Venezuela), qualificando-os como “ditaduras”, vale dizer, a mesma posição dos EUA, uma conduta abertamente pró-imperialista e de ataque à luta dos povos oprimidos da América Latina que buscam se livrar do jugo dos criminosos norte-americanos.

Um fato marcante, que não pode passar despercebido em relação ao governo do agora revelado direitista Bóric, diz respeito à situação dos atuais 5.084 presos políticos, encarcerados durante o enfrentamento do povo chileno com o governo do ex presidente direitista Sebastián Piñera, seu antecessor. Sobre os presos, o mandatário chileno afirmou, ainda antes de ser empossado, que “nós nunca estivemos a favor de indultar quem saqueou pequenas e médias empresas e toda essa caricatura que tem se realizado de que queremos manter uma espécie de impunidade”. Bóric fez essa declaração, em tom bem direitista, na data em que o Chile lembrou o 49º aniversário do golpe de Estado. Naquele mesmo dia, uma manifestação popular contra o golpe de 1973 foi duramente reprimida pela polícia chilena, os violentos carabineiros, que ainda atuam como se estivesse nos anos de chumbo da ditadura militar de Augusto Pinochet.

Um outro fato de grande relevância sobre a política chilena do último período diz respeito às gigantescas manifestações de 2019, quando milhões foram às ruas exigir reformas e uma nova constituição para varrer a herança pinochetista. A mobilização popular de caráter pré-insurrecional que tomou conta do país foi abortada e canalizada para o terreno institucional, o que, na prática, impediu a queda do regime burguês-direitista controlado pela burguesia apoiadora da ditadura, pelos capitalistas e privatistas, e pelo imperialismo.

Nem mesmo o compromisso de buscar uma solução para o problema das comunidades indígenas, especialmente dos Mapuches, Bóric se mostrou sensível. Ao contrário, pois o “esquerdista” presidente determinou, em maio de 2022, uma nova militarização da região sul do país, onde ocorrem os conflitos de terras entre os proprietários e os Mapuches. Durante a campanha presidencial, Gabriel Bóric fez do reconhecimento da cultura indígena uma bandeira, afirmando que estados de exceção não se aplicavam ao sul do país porque se tratava de um problema histórico que poderia ser tratado pela via do diálogo. Mais uma declaração farsesca, pois a questão dos Mapuches ainda aparece pendente de solução.

Outro fracasso estupendo colhido pelo governo de Bóric diz respeito à nova constituição. Nem mesmo o apoio do governo foi suficiente para a aprovação do novo texto constitucional, pois em plebiscito realizado em setembro do ano passado, a população chilena rejeitou a redação da nova carta magna do país. O placar da derrota acachapante ficou 61,87% pela reprovação e 38,13% pela aprovação. A rejeição teve como resultado a manutenção dos aspectos essenciais do texto da época da ditadura de Pinochet, que está em vigor até hoje.

No entanto, o caráter acentuadamente direitista do governo Bóric ficou ainda mais patente nas relações com os países vizinhos, nas questões que dizem respeito ao posicionamento do governo chileno com os países que hoje lutam para se emancipar do tacão do imperialismo, que trava uma verdadeira guerra contra a autodeterminação dos povos da região. Cuba, Venezuela e Nicarágua vêm sofrendo com os bloqueios e sanções criminais impostas pelos EUA, o que vem provocando um sufocamento da economia desses países, com grave repercussão para a população. Bóric vem se colocando, desde quando tomou posse, como aliado dos EUA nessa cruzada reacionária e genocida do imperialismo, pois ataca com declarações e medidas a luta dos cubanos, venezuelanos e nicaraguenses, que buscam enfrentar com heroísmo a pressão econômica, política e militar do imperialismo.

Vale destacar que quando da sua eleição, Bóric foi saudado, quase que unanimemente, por setores da esquerda nacional, que o viam como o novo representante da esquerda do continente; que seu governo iria inaugurar uma nova etapa, uma nova esperança para a luta dos povos latinos. No Brasil os que saudaram a vitória de Bóric (PT, Psol, etc) são os mesmos que hoje atacam os regimes populares que lutam contra o imperialismo (Cuba, Nicarágua, Venezuela). Declarações nesse sentido já foram dadas por dirigentes nacionais desses partidos, como a ex-deputada Luciana Genro (Psol), que chegou a criticar a ida da presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann, à posse do governo Maduro, da Venezuela.

Mais recentemente, personalidades ligadas à direção nacional do PT deram declarações condenando o fato do Brasil (governo Lula) não ter assinado um documento proposto pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, cujo conteúdo era uma condenação à “ausência de democracia” na Nicarágua, assim como a suposta violação dos direitos humanos perpetrada pelo regime liderado pelo presidente Daniel Ortega.

Esse alinhamento quase que automático de determinados setores da esquerda nacional às posições e à política do imperialismo, se coloca como um entrave ao desenvolvimento de uma estratégia programática de luta e enfrentamento ao inimigo maior dos povos da região latina, vale dizer, os EUA e seus braços ideológicos (Bóric, Petro) no continente.

Não é fortuito ou casual, portanto, que a popularidade de Bóric está hoje em apenas 35%, sendo que 60% rejeitam seu governo. Isso em apenas 1 (um) ano de governo. O alerta foi ligado.

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