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Esquerdismo

“Sem anistia”: palavra de ordem que desmobiliza os trabalhadores

Palavras de ordem como o “sem anistia” não levarão os trabalhadores às ruas, precisamos de lutas concretas como o aumento salarial e combate ao desemprego.

Sindicalismo

Depois da vitória de Lula, parte da esquerda começou a acreditar que a partir de então controla o Estado. Prova disso é a insistência no slogan “Sem Anistia”. O Esquerda Diário, por exemplo, publicou matéria, neste 15 de janeiro, com o título “Sem anistia para a cúpula golpista civil e militar, nenhuma confiança nas instituições deste regime”. O que chama a atenção nessa palavra de ordem é que, além de não poder ser realizada tão cedo, essa não é a luta fundamental que temos neste momento.

O governo Lula foi afrontado pelo alto-comando das Forças Armadas. Utilizaram manifestantes bolsonaristas acampados em Brasília e promoveram uma invasão aos prédios do Supremo Tribunal Federal e ao Palácio do Planalto. Essa manobra deixou o governo contra a parede e é um sinal claríssimo de que um golpe começa a ser gestado.

Para o ED, “a palavra de ordem ‘sem anistia’ tem sido utilizada para expressar o desejo, mesmo que difuso, de que a extrema direita pague por tudo que fez nos últimos anos. (…) Esse grito se fortaleceu frente às ações golpistas do último domingo, que precisamos rechaçar com toda força sem fazer coro com o fortalecimento do regime político e seu autoritarismo.

Rechaçar os militares que sequer serão punidos? Quem irá puni-los, Alexandre de Moraes? Querem punir sem fazer coro com o fortalecimento do regime político, mas quem aplica as punições não são justamente o Estado e suas instituições? Se estiverem sem força, como é o caso, não tem como punir.

A única maneira de se contrapor às FA’s é trabalhando para a organização e o fortalecimento da classe trabalhadora. Uma palavra de ordem como o “sem anistia” é abstrata e não será capaz de unir os trabalhadores como, por exemplo, a reivindicação pelo aumento do salário-mínimo.

Quem será punido?

Embora a esquerda faça propaganda  do “sem anistia”, no mundo real os militares continuam sem qualquer tipo de punição. O governo tomou uma medida emergencial: a de tirar de perto do presidente militares mais identificados com o bolsonarismo. De resto, apenas populares foram presos e, mesmo assim, deverão responder nos próprios estados.

A imprensa independente comemorou, defendeu Alexandre de Moraes, como vem fazendo ultimamente, porém, nada de efetivo foi feito contra aqueles que realmente deveriam ser responsabilizados: comandantes das Forças Armadas, especialmente do Exército, que agiram de modo a garantir a invasão na Praça dos Três Poderes.

Eventualmente, um ou outro bolsonarista sem importância pagará o pato, mas apenas para manter as aparências e manter em alta a popularidade de Alexandre de Moraes, que já começa a ser questionado pela grande imprensa nacional e estrangeira.

Quando, finalmente, a matéria admite que é preciso mobilizar pela base, cede ao identitarismo, que apenas terá o dom de enfraquecer qualquer luta conforme vemos no seguinte trecho: precisamos apostar, mas na organização e luta da classe trabalhadora, das mulheres, negr@s, indígenas, LGBTQIA+, juventude e todos os oprimidos, com independência de classe e independência política em relação ao governo. O movimento operário, mesmo o PT e a CUT, precisa se apresentar de maneira independente do governo, mas não pode perder de vista o fato de que o governo Lula está ameaçado. Um primeiro sinal, e muito claro, já foi dado e precisamos nos mobilizar desde já contra um golpe. Ficar chamando o governo de “Lula-Alckmin”, como faz o Esquerda Diário, é jogar a favor da direita,

É importante salientar que um novo golpe tende a ser ainda mais duro que aquele contra o que foi dado em 2016 contra Dilma Rousseff. A direita sabe que a esquerda terá dificuldades em aceitar um golpe de Estado e reagirá com maior vigor, portanto temos de esperar que direita recorra até mesmo a um golpe com tanques nas ruas.

Há ainda outro fator a ser considerado: o imperialismo está em uma crise cada vez mais aguda, por esse motivo precisa desesperadamente sangrar ainda mais os países atrasados, o que também exigirá uma repressão muito maior.

Correlação de forças

No meio da matéria, o ED faz um balanço de que é estrutural no regime político brasileiro: a impunidade dos militares. O regime de 88 foi fundado a partir de um pacto que anistiou torturadores e garantiu a impunidade dos responsáveis pela ditadura militar, em acordo com o imperialismo dos Estados Unidos. Mais adiante, anotam que a partir de 2016, com o golpe, tiveram como um de seus resultados o fato de os militares passarem a assumir maior protagonismo nos rumos políticos do regime. Diante disso, o que leva esse jornal a colocar o ‘sem anistia’ como luta crucial do movimento operário? A correlação de forças mudou muito pouco ou nada em favor da classe trabalhadora, exceto a eleição de Lula, o que precisamos mudar urgentemente.

Além de chamar o governo de Lula-Alckmin, a matéria gasta tempo para colocar o bolsonarismo na conta do PT, quando afirma que o PT, mesmo que agora demonstre tensões com as Forças Armadas, em seus governos anteriores, com sua conciliação, fortaleceu essa base social que impulsionou o bolsonarismo, entre elas as forças repressoras do Estado”.

Fantasias

Caminhando para o final, o Esquerda Diário diz que Somente a classe trabalhadora, auto-organizada a partir dos centros nevrálgicos que fazem funcionar a sociedade capitalista, pode unir a luta por nenhuma anistia ao alto mando civil e militar a uma resposta operária à crise, que parta da revogação integral de todas as reformas e privatizações. Insistem em um ponto que, não vemos qualquer tipo de mobilização. Apenas setores pequeno-burgueses, de dentro das universidades, como vimos no ato do dia 9 de janeiro no Largo São Francisco, ficam gritando ‘sem anistia’.

Afirmar que precisamos impor que se coloque de pé uma investigação independente dos responsáveis pelas ações da extrema direita, ou que é preciso impulsionar essa luta, junto a todos que entoam o grito de “sem anistia” agora, sabendo que a luta por uma sociedade livre de opressão e exploração é a única alternativa a um sistema que significa fome, destruição ambiental, violência machista e racista e todo tipo de miséria, em prol dos lucros da burguesia. Tudo isso não passa de um esquerdismo descolado da realidade da classe trabalhadora.

Lutas inócuas apenas farão dividir e desmobilizar a esquerda. Neste momento, temos que garantir a realização da III Conferência Nacional dos Comitês de Luta que deverá se realizar no mês de abril. É preciso convocar os movimentos sociais, sindicatos para a elaboração de um programa de luta baseado nas reivindicações de impacto social, como o aumento salarial e combate ao desemprego e à fome. Apenas isso será capaz de mobilizar a classe trabalhadora: a luta por seus interesses objetivos. Apenas assim conseguiremos criar uma base sólida e de sustentação do governo que já vê aparecer no horizonte uma ameaça de golpe.

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