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Comparação absurda

Resistência palestina não tem nada a ver com a “luta” ucraniana

PSTU quer comparar nazistas ucranianos com os heróis do povo oprimido da Palestina

A questão palestina virou um divisor de águas na esquerda brasileira, sendo um dos fatores de completa desmoralização da esquerda, que se esforça, todos os dias, para evitar o aumento do apoio popular à luta armada dos palestinos. A cada artigo publicado pela esquerda brasileira, é possível notar a profunda desintegração intelectual e política. 

O caso presente é da “opinião socialista”, do PSTU, que é um dos partidos de esquerda mais confusos do último período e, em razão da posição golpista diante dos acontecimentos de 2016, caminha para a dissolução. 

A tese, defendida por Júlio Anselmo, é a de que existiria alguma semelhança na luta que os palestinos estão levando adiante com a “luta” dos ucranianos que supostamente estariam em uma luta anti-imperialista com os russos.

A caracterização inicial, que dá a linha do texto de conjunto, já está completamente errada, vejamos: “A guerra da Ucrânia iniciou com a invasão de tropas russas no território soberano ucraniano. O objetivo é garantir os interesses políticos e econômicos da Rússia na dominação daquele país em meio a uma disputa com a Otan. Historicamente, os russos sempre exerceram uma opressão nacional na região”.

Na realidade, a Rússia reagiu à ofensiva da OTAN na região, o que seria extremamente perigoso diante do atual cenário político. E tal ofensiva só se deu em razão do governo nazista de Zelenski, que, na realidade, é basicamente um Netanyahu daquela região. Obviamente há o interesse político russo, que somente reagiu à ofensiva da OTAN. Ali, quem está lutando contra a opressão imperialista é justamente os russos, por menos que seja a Ucrânia. O problema não é o tamanho, neste caso. 

O estado “soberano” ucraniano é um apêndice da OTAN em seu caráter mais nazista. Não é difícil identificar essa questão, basta dar uma rápida olhada nos soldados ucranianos que promoveram o golpe de Estado no país. 

O texto continua, confunde e perturba a mente de qualquer leitor: “na Ucrânia, são contra a invasão russa. Sancionam a Rússia e promovem discursos em defesa da soberania, democracia e liberdade. A prova de que não estão nem um pouco preocupados com a libertação nacional da Ucrânia é o fato de que, diante de outro episódio de libertação nacional, no caso dos palestinos, a postura dos EUA é a inversa. Na Palestina defendem a invasão e conquista dos israelenses”.

A postura dos EUA é completamente coerente. Defendem os nazistas ucranianos, e defendem o estado sionista de Israel. Essa é a política imperialista desde sempre. Não há qualquer contradição na questão. Na realidade, o texto assinala como correta a posição dos EUA na questão da Ucrânia, entregando, uma vez mais, a postura pró-imperialista que o PSTU assumiu mais abertamente durante o golpe de Estado brasileiro, em especial, com o trágico “fora todos”. 

“É evidente que os EUA tem interesse em conter o ímpeto expansionista do imperialismo russo, que busca salvaguardar suas áreas de influencia no leste da Europa. Assim como tem preocupações da relação da Rússia com o imperialismo emergente chinês. Por isso, para os negócios nos EUA, é bom que Rússia seja derrotada na Ucrânia”.

Aqui há uma confusão histórica do PSTU e de vários setores de esquerda. O imperialismo russo, que na realidade é uma contradição em termos. A Rússia não é imperialista, basta ver em quase qualquer lugar do mundo, quantos produtos são russos, quantas empresas russas dominam grandes mercados, como o elétrico. A destruída ENEL, empresa privatizada de energia elétrica de São Paulo, gigantesca, está nas mãos dos italianos, por exemplo. No Brasil, absolutamente nada ou quase nada é de propriedade ou origem russa.

Por outro lado, vale um comentário sobre a “resistência” ucraniana. Na realidade, não existe essa resistência em lugar algum. Há, na verdade, uma resistência dos ucranianos em ir para a guerra. Não são poucas as histórias de ucranianos que não querem defender a Ucrânia, e que, na realidade, recebem os russos de braços abertos. 

Putin, ao contrário de Zelensky, com a ação na Ucrânia teve sua popularidade aumentada, enchendo estádios de futebol em comícios, isso sim é um apoio, Zelensky não tem esse apoio, e sequer consegue organizar uma manifestação em defesa dos seus interesses. 

Por fim, duas das regiões mais importantes do conflito ucraniano, Donetsk e Lugansk, estão repletas de pessoas que apoiam a ação russa em território ucraniano. Na verdade, eles que estão fazendo a guerra, sendo apenas apoiados pelos russos. O caso da Palestina não tem absolutamente nada a ver com o caso da Ucrânia. 

“Os ucranianos e os palestinos são povos oprimidos, respectivamente, pela Rússia e Israel (com apoio dos EUA). Por isso existe tanto na Ucrânia quanto na Palestina uma luta de resistência popular e heróica contra os invasores opressores. Diante de uma guerra, essa resistência só pode ter um caráter também militar e armado”.

Conforme dito mais acima, não existe resistência heróica ucraniana. O que tem lá são soldados a mando dos Estados Unidos e da OTAN, bem pagos, sem qualquer convicção, para impedir que os russos defendam essa importante posição naquela região. Comparar os nazistas ucranianos com os heróis palestinos do Hamas e de outras organizações é uma sabotagem aberta da luta palestina, parte da campanha sionista, e uma capitulação escandalosa diante dos EUA no caso ucraniano. 

Sobre a esquerda, o artigo do PSTU é ousado. Afirmam que as organizações de esquerda do Brasil “reconhecem a resistência palestina e se colocam ao lado da resistência. Mas ignoram a existência de uma resistência popular ucraniana contra o invasor russo”. 

E não só: “quando se está diante de uma agressão militar, o povo se lança a luta com o que tem a mão. Assim que, na Ucrânia, a resistência é dirigida pelo governo capitalista, burguês e reacionário de Zelensky, e na Palestina é dirigida pela organização conservadora e burguesa Hamas com unidade de outros grupos menores”.

Uma pena que ninguém do Hamas tenha tempo, agora, para ler esses despautérios do PSTU, equiparando os mártires palestinos com os capangas nazistas ucranianos. De toda sorte, cabe à esquerda revolucionária denunciar essa trapalhada e explicar: a invasão russa da Ucrânia é a invasão a uma base militar do imperialismo importantíssima na região; portanto, é uma luta anti-imperialista, e, mesmo para setores democráticos (que dirá os revolucionários) é preciso se colocar ao lado dos russos. 

“Mas ambas as guerras, na Ucrânia ou na Palestina, estão nesses marcos das disputas imperialistas e capitalistas. O que muda em cada lugar, dentre outras coisas, é o setor opressor. No caso ucraniano, a Rússia invadiu e quer anexar territórios. No caso palestino é Israel com apoio do EUA”.

Erraram, novamente. A questão da Ucrânia é econômica em um sentido ultrasecundário. A questão, ali, é abertamente militar. Com os nazistas no poder, a OTAN/USA viram uma ótima possibilidade para apresentar um perigo real contra a Rússia, coisa que Putin buscou impedir. 

O texto, como de costume da esquerda sectária, ainda pixa o Hamas sempre que possível: “E, no caso palestino, a resistência é dirigida por um setor conservador e burguês também aliadas da ditadura teocrática do Irã, com alianças pontuais com setores até fundamentalistas como a Jihad islâmica. Apoiar a resistência na Ucrânia e na palestina não quer dizer apoiar politicamente nem Zelensky e nem o Hamas”.

Como já dito, não existe “resistência” ucraniana. Apenas os nazistas de Zelensky que buscam, sem sucesso até o momento, impor uma derrota aos russos naquela região. Já os palestinos, por décadas a fio, buscam reagir contra o martírio imposto por Israel/EUA, e o fazem com suas organizações, que devem ser defendidas incondicionalmente, pois são as pessoas que estão lutando pela libertação. Sem poréns.

Uma coisa precisa ser dita sobre essa esquerda cheia de dedos. Quando se trata de apoiar a política imperialista, ela corre, rapidamente, sem poréns. “Fora todos”. Quando se trata de apoiar as organizações heróicas do povo oprimido mundial, como o Hamas, ela declara apoio, com poréns. Esses poréns servem para não apoiar na prática o Hamas, e ter uma satisfação moral com a política defendida.

Por isso que, em São Paulo, por exemplo, querem impedir as bandeiras do Hamas. É preciso apoiar os palestinos, mas só até a última gota da demagogia. Apoiar seriamente aqueles que lutam pela Palestina, não pode. Esse cinismo, para pessoas sérias, é facilmente reconhecível. Também por isso os atos seguem esvaziando e a última trapalhada dos organizadores foi realizar um ato em plena sexta-feira, 11h, sem qualquer convocação séria.

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