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Ameaça aos trabalhadores

Burguesia quer reconstruir o centro político

A base social da esquerda longe de comemorar, deve se mobilizar contra a arbitrariedade da qual Bolsonaro é vítima, com a clareza de que serão os próximos

A esquerda pequeno-burguesa pode alimentar as mais loucas fantasias sobre a inelegibilidade de Jair Bolsonaro e um hipotético benefício às forças populares advindo da arbitrariedade contra o ex-presidente, mas os executores do ardil, o setor imperialista da burguesia, já deixaram claro que a manobra tem um objetivo: “reinventar a direita”, trazer de volta ao cenário político brasileiro “ilhas liberais”, que tragam “soluções de compromisso de uma social-democracia esclarecida (FHC).” As palavras entre parênteses estão no editorial “A reinvenção da direita brasileira”, da edição do Estado de S. Paulo do último dia 3 de julho.

Um dos principais órgãos de imprensa do imperialismo no País, o Estadão evidencia que a cassação dos direitos políticos de Bolsonaro busca, acima de tudo, ressuscitar o centro político falido, que precisou mobilizar a extrema-direita para cumprir a tarefa de derrubar o governo do PT. Eventualmente, a então presidenta petista Dilma Rousseff cairia, mas o bolsonarismo colheria os frutos da mobilização golpista.

A falência do centro político foi demonstrado pelo quadro eleitoral de 2018 e intensificado nas eleições de 2022. Os candidatos que se apresentam como representantes da chamada “terceira via” evidenciaram pouco ou nenhum apoio popular significativo. Principal representante do imperialismo no Brasil, o PSDB mergulhou em uma crise severa desde o golpe de 2016, a ponto de amargar seu pior resultado em eleições presidenciais da história da agremiação, atingindo míseros 4,76% em 2018 (em 1989, a candidatura de Mário Covas obtivera 11,52% dos votos válidos).

Em 2022, o partido sequer lançou candidato à presidência da República e terminou perdendo sua principal fortaleza: o estado de São Paulo. Mantido sob controle férreo pelos tucanos desde 1994, quando o próprio Mário Covas elegeu-se governador do principal estado brasileiro, o PSDB iniciou um longo ciclo de uma verdadeira ditadura tucana no Palácio dos Bandeirantes, que seria encerrado apenas com a eleição do bolsonarista Tarcísio de Freitas para o governo paulista.

Além do PSDB, outro importante partido do centro político brasileiro desde a época da Ditadura Militar é o atual União Brasil, resultado da fusão entre os antigos DEM (oriundo da Arena) e o PSL, sem a qual, o primeiro arriscava ver sua força em prefeituras e no parlamento reduzida. O segundo partido foi usado por representantes do bolsonarismo para se eleger presidente da República nas eleições de 2018, mas rompeu com o então presidente devido à aproximação da cúpula partidária com o imperialismo e o distanciamento deste setor social com Bolsonaro.

Agora, com o principal líder da extrema-direita derrotado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o imperialismo busca aproveitar “a janela de oportunidades aberta” para impulsionar “um partidarismo de direita no melhor sentido do termo”, o que “implica reverter a lógica do populismo”, conforme as palavras do Estado. O editorial vai além e cita o colunista do jornal William Waack, para esclarecer que “falta de nomes não é o maior problema da direita pós-Bolsonaro; falta projeto de País”.

“Falta projeto de País” é a forma simbolista dos porta-vozes do setor mais poderoso da burguesia anunciarem que o imperialismo já tem as pessoas para executar sua política, só falta acertá-la com os sócios menores, a burguesia nacional (que inevitavelmente sofrerá as consequências do neoliberalismo a FHC) sem que isso amplifique a crise no setor, que já é enorme e se expressa na ascensão de Bolsonaro, assim como em sua recente derrota. Nenhuma intersecção há, portanto, na queda do capitão da extrema-direita e os interesses dos trabalhadores. Há, na realidade, um duríssimo golpe se articulando contra as massas trabalhadoras.

Nisto reside também o papel deletério dos setores da esquerda que tomados pelo desespero, celebram a derrota do bolsonarismo, esquecendo-se de que a ofensiva vem dos criadores desse mesmo bolsonarismo, do qual o capitão fascista não fez mais do que aproveitar a oportunidade criada. Os trabalhadores, estudantes e a base social da esquerda deve, longe de comemorar, se mobilizar contra a arbitrariedade da qual Bolsonaro é vítima, com a clareza de que serão os próximos e também, ser preparados desde já para enfrentar as forças golpistas, que não demora, voltarão sua artilharia contra o presidente Lula e as organizações populares do Brasil.

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