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PSTU fala sobre o Níger e reafirma ser capacho do imperialismo

A fórmula "luta pelo socialismo" é usada pelo PSTU como panaceia para disfarçar sua política e manter a "coerência" na defesa do imperialismo

O PSTU demonstrou, em editorial do seu sítio Opinião Socialista, a sua incapacidade de se posicionar firmemente contra o imperialismo até nas questões mais descaradas em que ele está envolvido. No caso presente, trata-se de uma análise feita pelo partido a respeito da situação do Níger.

O Níger, como todo o restante do continente africano, é vítima da mais dura e cruel opressão imperialista. Para o bloco dos países que dominam o planeta, a África deve se tornar um verdadeiro inferno na Terra. E o Níger, nesse sentido, é um dos países mais pobres do mundo. Para se ter uma ideia, o PIB de todo o país é menor do que o PIB da cidade de Campinas, no interior do estado de São Paulo.

O país vem sendo explorado pela França mesmo após sua independência, com a maior parte do urânio extraído de suas gigantescas reservas sendo enviado para a “metrópole”, enquanto os nigerenses vivem à míngua.

No último período, um golpe de Estado realizado pelos militares nacionalistas do Níger, colocou o país no centro dos debates da política internacional. O presidente deposto, Mohamed Bazoum, era um capacho do imperialismo francês, vendido ao regime de Emmanuel Macron, e protagonista de diversos escândalos de corrupção.

Os militares o derrubaram e quem assumiu a presidência foi Omar Tchiani. A liderança nacionalista nigerense se demonstra um grande inimigo do imperialismo em seus discursos, os quais têm até citações de Che Guevara e denunciam a ação criminosa do imperialismo, particularmente o francês.

A população tomou as ruas em defesa do novo governo, enquanto o imperialismo procura pressioná-lo para abandonar o poder e reconduzir seu antigo fantoche à presidência do país. A Nigéria, país vizinho e totalmente cooptado pelo imperialismo, afirmou que irá invadir o Níger para fazer voltar o governo anterior à força.

Tudo isso é apenas para dar um panorama da situação atual no Níger. A região, na qual há outros países que passaram por golpes nacionalistas semelhantes, como Burkina Faso, Mali e outros, está à beira de uma guerra. O PSTU, no entanto, se mostra incapaz de enxergar qual o lado que deve ser apoiado neste conflito entre o imperialismo e um dos países mais miseráveis do planeta.

Em seu editorial, intitulado “Níger: independência de classe e luta anti-imperialista para barrar o golpe”, o articulista procura demonstrar que o problema da região não é apenas o da opressão criminosa do imperialismo francês, mas também ressalta que não se deve apoiar a presença dos russos, os quais têm apoiado a política nacionalista nigerense, no país.

Segundo eles: “Os interesses da Rússia são os mesmos da União Europeia e dos Estados Unidos: explorar o povo africano para satisfazer os interesses e os lucros de sua própria burguesia e seus projetos políticos”. A colocação é absurda. Ainda que seja do interesse dos russos fazer algum tipo de acordo comercial com o Níger (o que não é nenhum crime), defender a ideia de que esse acordo se daria sobre a mesma base da opressão feita pelos governos europeus é não compreender em nada a realidade da luta de classes mundial.

O imperialismo francês suga os recursos dos países africanos até a última gota. A própria moeda desses países é francesa e todo seu dinheiro passa pelo Banco Central Francês. O urânio que fica com o Níger após a extorsão do governo francês é apenas 2% do explorado por seu povo massacrado. A Rússia não tem condições de impor nenhuma negociação desse tipo. E, mesmo que tivesse, não haveria sentido o novo governo aceitar.

A matéria do PSTU cita um nigerense que se mostra pró-Rússia, com a esperança de que um possível auxílio econômico-militar de Putin pudesse tirá-lo da situação de miséria:

“Eu sou pró-Rússia e não gosto da França. Desde criança, me oponho à França. Eles exploraram toda a riqueza de meu país, como o urânio, o petróleo e o ouro. Os nigerenses mais pobres não podem comer três vezes ao dia por causa da França (…) Eu quero que a Rússia nos ajude com segurança e comida (…) A Rússia pode oferecer tecnologia para melhorarmos nossa agricultura”.

É muito natural que os nigerenses enxerguem na Rússia um caminho para se livrar da opressão do imperialismo, no entanto, não está nada bom para o PSTU, que diz: “Lamentavelmente, e, inclusive considerando os absurdos níveis de exploração e opressão na própria terra de Putin, além do genocídio em curso na Ucrânia, sabemos muitíssimo bem que isto [a posição supracitada do nigerense] não passa de uma ilusão”. A posição é de uma canalhice muito grande. É mais do que óbvio que, por mais que haja algum tipo de exploração dentro da Rússia, ela não se compara com a exploração levada adiante a nível mundial pelos imperialistas.

Além disso, é preciso questionar do que se trata esse tal “genocídio” levado adiante na Ucrânia. É público e notório que a Rússia tem conduzido uma operação militar extremamente contida e cuidadosa em seu país vizinho, procurando atingir apenas alvos militares e minimizando ao máximo as mortes de civis.

O PSTU, ao levantar a questão da Rússia no Níger, está procurando criar uma justificativa para assumir uma posição “neutra” na guerra sangrenta que está para se desenrolar na África. Deve-se ter claro, no entanto, que essa posição “neutra” não tem nada de neutra, ela é um apoio disfarçado ao imperialismo. O PSTU, mais uma vez, se mostra totalmente incapaz de compreender o fenômeno do nacionalismo burguês e da luta de classes entre a burguesia imperialista e a burguesia de um país atrasado.

E depois de tentar enrolar o leitor com todo o lero-lero com generalidades do tipo “não se deve confiar em nenhum capitalista, porque todos são capitalistas e todos os capitalistas são maus”, o PSTU revela mais claramente a sua posição:

“Diante disto, por mais que a tarefa imediata seja barrar e derrotar os golpistas, os trabalhadores, trabalhadoras, os camponeses e a juventude nigerenses não podem depositar confiança alguma nas potências estrangeiras e nem mesmo no presidente deposto.”

A “tarefa imediata” é derrotar os golpistas. Ou seja, primeiro devemos ajudar o imperialismo a intervir no Níger, depois ajudamos o imperialismo a vencer os “golpistas” e colocar de volta o presidente anterior e depois, como todo mundo é mau, a luta pelo socialismo é a solução para todos os problemas. O PSTU substitui a luta política pela panaceia da fórmula “luta pelo socialismo”, o que, em se tratando de um país tão pobre como é o Níger e sofrendo com problemas políticos, sociais e econômicos da maior gravidade, soa até como um deboche contra o povo nigerense.

O problema aqui não é que o socialismo não seja a solução para todos os problemas do mundo, o problema aqui é que sem lutar concretamente contra o imperialismo, coisa que os militares nacionalistas, a seu modo, estão fazendo, não tem luta pelo socialismo. Pelo contrário, com a política do PSTU, o socialismo estará cada vez mais distante do Níger.

A solução apresentada por eles é que “é preciso que se auto-organizem, com independência de classe, e lutem, eles próprios, pelo controle do Estado e, consequentemente, de suas vidas”. Nada disso está colocado no horizonte da população miserável do Níger. O que está em jogo neste momento é a luta e expulsão do imperialismo de suas terras, e isso está sendo feito pelos militares nacionalistas, que devem ser, portanto, apoiados em sua luta contra o imperialismo. Ainda que o PSTU não entenda, a derrota do imperialismo é o cenário mais positivo possível para a classe operária mundial.

O PSTU mantém sua “coerência” e novamente se coloca numa posição vergonhosa de defesa do imperialismo, como fazem na Ucrânia, como fizeram na Síria, no Egito, na Venezuela, na Nicarágua, em Cuba, no Brasil e a lista aqui continua, a essa altura, quase interminável.

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