As novidades no caso das joias que teriam sido dadas pela monarquia saudita a Jair Bolsonaro e a Michelle Bolsonaro reacenderam as expectativas de setores da esquerda que querem o ex-presidente na cadeia. Uma investigação da Polícia Federal teria comprovado que o tenente-coronel Mauro Cid, que integrava a equipe do ex-presidente, tentou vender as tais joias.
Não resta dúvida de que o regime político está fechando o cerco contra Bolsonaro. Com o passar das semanas, aumentam os processos contra o ex-presidente e aumentam os supostos indícios de que ele teria feito algo de ilícito. Acontece com Bolsonaro, portanto, o mesmo que está acontecendo a Donald Trump, o ex-presidente de extrema-direita dos Estados Unidos.
É até provável que Bolsonaro tenha cometido algum ato ilícito, visto que se trata de um típico político do baixo clero nacional. No entanto, há dois problemas que merecem ser analisados neste caso.
O primeiro é que, no cerco que está sendo feito contra o ex-presidente, há inúmeras ilegalidades, o que caracteriza o processo de conjunto como uma perseguição política que se vale de meios judiciais. O que os métodos indicam é que o Judiciário e a Polícia Federal querem prender Bolsonaro e estão tentando, a todo custo, encontrar um pretexto para fazê-lo, e não que há uma investigação isenta que determinará, ao final do processo, se houve ato ilícito ou não.
O segundo problema é que, independentemente se for comprovado o não algum ato ilícito, Bolsonaro já é visto como perseguido por uma ampla base social, que é liderada pela extrema-direita. Não há nada que indique, por exemplo, que parte significativa das dezenas de milhões de eleitores que votaram em Bolsonaro em 2022 agora estejam contra o ex-presidente. Ao mesmo tempo, a imprensa da extrema-direita, que tem grande audiência, formou um consenso de que há uma perseguição contra o ex-presidente.
Os setores da esquerda que acham que uma eventual condenação de Bolsonaro irá trazer algum progresso para os trabalhadores estão cometendo um grave erro. Os processos contra o ex-presidente nada mais são que um ouro de tolo: pode parecer uma grande vitória para uns, mas, no final das contas, não traz nenhuma vitória real. Afinal, o que interessa aos trabalhadores, que estão tendo os seus direitos pisoteados desde o golpe de 2016, é a derrota política da direita e da extrema-direita nacional.
De nada adiantará prender Bolsonaro, se continuará existindo centenas de Tarcisios e Zemas nos estados e nas prefeituras, bem como centenas de Nikolas no parlamento. De nada adiantará prender Bolsonaro, se a Rede Globo de Televisão permanecer falando as suas mentiras.