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Vinícius Rodrigues

Militante do Partido da Causa Operária no Rio de Janeiro e membro da Direção Nacional da Aliança da Juventude Revolucionária (AJR).

Por um Estado da Palestina!

Palestina e Israel: a farsa da solução de dois Estados

Existem apenas duas soluções de um Estado: O Estado sionista nazista de “Israel” ou o Estado laico da Palestina

No debate sobre a questão palestino, uma antiga polêmica existe, a solução de um Estado laico da Palestina ou a solução de dois Estados, Palestina e Israel. Os marxistas sempre defenderam a primeira, a ONU em 1948, ou seja, o imperialismo defendia a segunda. Colocado dessa forma já é possível saber qual é a solução real, contudo é preciso entender por que a proposta dos dois Estados é uma farsa total. Essa tese é usada pelos sionistas para se manter ocupando toda a Palestina por mais de 75 anos.

Os sionistas na década de 1940 defendiam a criação de um Estado de Israel, onde atualmente é a Palestina. O território era controlado pelos britânicos que haviam tomado o controle após a derrota dos Otomanos na Primeira Guerra Mundial. Na conjuntura da revolução mundial, que acontecia após a Segunda Guerra Mundial, a tendência é que a população da Palestina se levantasse contra o imperialismo britânico. Em 1952, a revolução aconteceu no Egito derrubando a monarquia e colocando o nacionalista Nasser no poder. A vizinha Palestina poderia passar pela mesma conjuntura. Como os britânicos já estavam, desde a década de 1910, com um interesse maior na Palestino por sua localização central no Oriente Médio, era preciso um plano para ter uma base política e militar na região mais rica em petróleo do planeta.

O imperialismo assim deliberou uma política pseudo democrática que poderia ser mais palatável, apesar de que mesmo assim a maior parte do mundo não a aceitar. Não roubar 100% das terras dos palestinos, apenas aproximadamente metade, em “tese” esse era o plano inicial. O imperialismo utilizou a cobertura da ONU para aplicá-la e propôs um mapa para os dois Estados. Desde o princípio, tanto o imperialismo quanto os sionistas sabiam que isso era uma farsa. Tanto que logo de início a recém criada “Israel” não aceitou a própria proposta da ONU, tomou 70% do território e a cidade de Jerusalém, que de início deveria estar dentro da Palestina e ter um status especial.

Aqui, em essência, é possível ver a política absurda dos dois Estados. A realidade é que existe uma Palestina, tentar manter dois Estados é na verdade manter uma constante guerra civil. Isso é tão bem entendido pelos israelenses que nunca de fato foi criado um Estado da Palestina. Esse fato é algo que não é bem compreendido. Nos últimos 75 anos, nunca houve a Palestina, “Israel” desde 1948 impede que ela exista por meio de suas forças armadas. É uma política de Estado falar sempre que se defende a solução dos dois Estados e agir na prática defendendo um Estado, o Estado de “Israel”.

Para resumir a história, em 1948, os palestinos e os países árabes não aceitaram a proposta absurda de roubo do território da Palestina. Na primeira guerra, Israel com apoio do imperialismo e do stalinismo venceu. O que é a Faixa de Gaza e a Cisjordânia ficaram sob o controle do Egito e da Jordânia. Em 1967, “Israel” começou a segunda guerra, invadiu esses dois territórios e também a península de Sinai. Foi nesse ano que “Israel” ocupou toda a Palestina. Desde então, existe um Estado apenas, com dois tipos de território, um de controle total onde a maioria da população é israelense, outro de brutal ditadura militar onde a maioria é de palestinos.

Entre 1967 e 1993, houve uma intensa luta dos palestinos por sua libertação, nesse ano houve o último “acordo” feito em Oslo. Aqui novamente se estabelecia dois Estados, então foi criada a Autoridade Nacional Palestina, que seria equivalente ao governo da Palestina na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. O que aconteceu depois disso? Nada. “Israel” ainda ocupa militarmente toda a Palestina e o Estado palestino é uma farsa completa. Nenhuma promessa foi cumprida justamente porque é impossível a criação de dois Estados.

Basta fazer um exercício mental para entender. Imagine que, em 1993, a Palestina ganha um Estado próprio. Nesse ano, “Israel” ainda ocupava o Líbano militarmente. A Cisjordânia se torna um Estado e, assim, pode ter um exército, pode fazer acordos com outros governos, com o Iraque de Saddam Hussein, com o Irã, com a China, com a Rússia, com a África do Sul pós-Apartheid, com os países latino-americanos. É evidente que se iniciaria uma guerra contra “Israel” com pelo menos o exército da Palestina e o Hesbolá no Líbano. A situação de 1993 para agora só pioraria para “Israel”. Esse é o motivo que o sionismo nunca aceitaria dois Estados.

O que precisa ficar claro é que o Estado sionista existe apenas por meio da ação do imperialismo. Se os EUA e a Europa decidirem que não precisam mais de “Israel” e retirassem totalmente seu apoio, em horas o país seria invadido pelos árabes. Isso ficou claro quando, após um ataque de sucesso do Hamas, os EUA mandaram 2 porta-aviões para o mar Mediterrâneo e anunciaram a maior ajuda militar da história para o país. O Estado sionista é um puxadinho do imperialismo no Oriente Médio. E o imperialismo não está disposto a arriscar a perda de “Israel”.

A campanha dos dois Estados, portanto, se mantém até hoje com o mesmo objetivo que tinha em 1948, enganar os incautos. É uma proposta aparentemente democrática, afinal ela levaria em consideração os interesses dos israelenses e dos palestinos. “Israel” se aproveita disso, pois se escora nessa proposta quando alguma organização propõe a única solução real, o fim do Estado sionista. Basta ver o caso de 1993, qual foi o argumento base para se manter a ocupação de toda a Palestina? Criar dois Estados. É um papo furado que nenhum palestino leva a sério. Esse é justamente o motivo para o crescimento do Hamas, ele não acredita nos dois Estados, não capitulou nos acordos de Oslo.

A solução real para a Palestina foi definida pela Quarta Internacional antes mesmo da criação do estado de “Israel”. A libertação da nação contra o imperialismo é a criação de um Estado laico da Palestina. Os judeus, assim, seriam apenas uma minoria religiosa e viveriam como vivem em qualquer outra nação. Por que, na Palestina, os judeus teriam um status diferente daquele que possuem nos EUA, na Rússia, na Alemanha, no Brasil ou no Irã? Não existe a solução de dois Estados. Existem apenas duas soluções de um Estado: O Estado sionista nazista de “Israel” ou o Estado laico da Palestina.

Publicado originalmente em 29 de outubro de 2023

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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