A afirmação acima, feita em tom de claro lamento pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, na última quarta-feira (15) sobre as medidas do governo federal sobre os garimpeiros ilegais em terras indígenas como a ianomâmi, em Roraima, durante participação um painel do banco BTG Pactual, em São Paulo.
A declaração do Ministro reflete e ajuda a impulsionar a intensa campanha por parte do Partido da Imprensa Golpista (PIG), bem como da imprensa internacional, defensora dos interesses do imperialismo e do grande capital nacional, buscando tratar os garimpeiros que estão nas terras ianomâmis, como criminosos.
É uma grande falsificação da realidade. Em sua esmagadora maioria, são populações pobres, que para fugir da miséria se sujeitam a enfrentar as doenças da floresta, a começar pela malária, entre outras privações, na ilusão de melhorar de vida.
Embora tente minimizar a realidade, a própria imprensa, ao relatar a fuga dos garimpeiros, mostrou que, salvo uma pequena parcela composta de intermediários, a mão-de-obra braçal tem de caminhar dias nas florestas até conseguir pegar um barco e um transporte em carroceria de caminhonete para fugir, transportados como gado, com seus poucos pertences e ainda apavorados com as operações policiais.

No Brasil, o problema do garimpo é social. É uma tentativa de amplos setores pobres da população de melhorar de vida. Foi assim em Serra Pelada, no Pará, nos anos 1980, que chegou a contar com 80 mil pessoas, expulsas por pressão das grandes mineradoras interessadas na exploração das ricas jazidas da região. Em 1987, diante de um protesto de garimpeiros na cidade de Marabá, o Exército e a PM encurralaram os manifestantes e com metralhadoras e fuzis assassinaram 79 manifestantes, o que ficou conhecido como o massacre de São Bonifácio.
Estima-se que em todo a região Amazônica
Agora, o ministro lamenta que não “possa” prender 15 mil garimpeiros.
O mesmo ministro que no começo de janeiro, estando à frente do Ministério da Justiça, da Polícia Federal, da Força de Segurança Nacional etc., junto com o ministro bolsonarista da Defesa, José Múcio (PTB) , não conseguiu (nem d longe) deter a invasão de bolsonaristas das sedes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, não levaram até o momento, à denuncia e punição de nenhum dos verdadeiros líderes da manifestação etc., que afinou, como os chefes militares diretamente envolvidos com acontecimentos que ele e outros, até classificaram (sem fundamento) como tentativa de golpe de Estado etc. agora, quiz – diante dos banqueiros – falar grosso com milhares de trabalhadores pobres e lamentar que não possa prende-los todos.
Isso quando, segundo dados do próprio governo federal, de 2020 a 2022, o esquema ilegal de mineração que atua na Amazônia, movimentou 13 toneladas de ouro avaliadas em R$ 4 bilhões. E quando é claro que as dezenas de milhares de garimpeiros de Roraima e de outros estados, nem de longe são os que abocanharam a maioria dos recurso deste negócio.
Segundo o próprio delegado da PF no Pará, Vinícius Serpa, “os termos de constatação elaborados pela Receita Federal foram capazes de demonstrar que havia um esquema, que podemos chamar de organização criminosa, em um formato triangular. Empresas menores recebiam notas fiscais do ouro ilegal e emitiam novas notas fiscais a partir desse recebimento, dando aparência de legalidade ao ouro. Esse ouro era repassado para empresas maiores que estão no topo da organização criminosa”.
Ele também explicou que “no topo da pirâmide estavam as empresas exportadoras“. Uma delas, sediada nos Estados Unidos, seria responsável pela remesa do ouro ilegal brasileiro para o mercado internacional. “Eles criavam estoque fictícios de outro para acobertar a grande quantidade do minério ilegal.”
É evidente que os garimpeiros não são mais do que funcionário deste binário esquema de roubo das riquezas nacionais operado por empresas imperialistas, algumas das quais têm a seu serviço governos de países imperialistas , que agora encenam uma falsa “preocupação com a preservação da Amazônia”. E aplaudem os políticos da direita e da esquerda que pregam e praticam a repressão contra os trabalhadores do garimpo, mas nem tocam nos tubarões que controlam esse negócio.
A perseguição aos garimpeiros é semelhante a atitude de quem revoltado com o roubo perpetrados pelos banqueiros, todos os dias, de ilhoas de recursos públicos e privados da imensa maioria do povo brasileiro, se revoltasse achasse necessário prender os mais de 300 mil bancários, funcionários desses abutres capitalistas.
Ao contrário dessa política, é preciso uma ampla campanha de esclarecimento sobre o que está em jogo nas terras ianomâmis, de defesa dos trabalhadores do garimpo e de todos os povos da Amazônia. E uma ampla mobilização em todo o País em defesa da soberania nacional sobre a Amazônia; pelo atendimento das reivindicações dos povos indígenas e pelo desenvolvimento da região Amazônica sob o controle dos trabalhadores da região e de todo o território nacional.