Lula já escolheu Cristiano Zanin para ocupar a vaga que será aberta no Supremo Tribunal Federal com a saída de Lewandowski. A direita golpista, por meio de sua imprensa, está atacando Lula pela indicação. A direita não quer ninguém da confiança de Lula na vaga, esse é o motivo do ataque, mas que vem disfarçado de identitarismo: “Zanin é homem branco, hétero, cis”.
Logicamente que, dado o sinal de largada pela imprensa pró-imperialista, a esquerda pequeno burguesa corre para repetir que a indicação de Zanin seria um pecado de Lula contra “os povos originários, mulheres negras, trans, LGBTQIA+, cadeirantes, cegos, surdos, mudos, autistas etc”. Por trás dessa suposta preocupação com os oprimidos, estão os interesses da direita.
Jones Manoel, do PCB, tentou ser diferente. Em uma postagem em seu Twitter, no dia 1º de junho, reproduzida também em seu Instagram, ele afirma:
“Meu problema central com Cristiano Zanin não é com ele ser um homem branco. É que ele não tem compromisso histórico com defesa de direitos trabalhistas, soberania nacional, proteção das nossas estatais, reforma agrária, direitos dos povos originários etc.”
Tentou, mas não foi bem sucedido. Jones Manoel tem alguma noção – ou pelo menos nesse caso demonstrou ter – de que trocar a política pela cor da pela ou o sexo é uma completa idiotice. Como dissemos, Joaquim Barbosa é negro, e daí? Ele foi o principal canalha do julgamento do mensalão, precursor da Lava Jato e do golpe de Estado.
Mas ao tentar politizar, Jones Manoel nem percebe que acaba caindo na mesma caçapa dos que estão atacando Lula, ou seja, a direita. Por exemplo, ele quer que o indicado de Lula tenha “compromisso com os trabalhadores”. Edson Fachin, quando foi indicado por Dilma Rousseff, era acusado de ser advogado do MST. Era mentira da direita, mas de fato ele trabalhou como procurador do INCRA. Muito longe de ser um ativista, mas com alguma ligação com os problemas da terra. E o que adiantou? Nada! Fachin foi um dos mais direitistas e golpistas no STF.
Jones Manoel pergunta o que Zanin acha da decisão do STF que “tirou do bolso uma interpretação tosca da Constituição que pode sair privatizando tudo das estatais, desde que não seja privatizada a matriz da empresa. Foi essa decisão do STF que acelerou o desmonte da Petrobras.”
A questão pode ser importante, mas o problema aqui não é tirar da cartola uma coisa para tentar mostrar que a decisão de Lula é errada.
Existem dois pontos centrais no problema da indicação para o STF. O primeiro deles é que o Tribunal é uma instituição anti-democrática e, portanto, anti-popular. O STF deveria ser extinto, é uma aberração. Nesse sentido, qualquer indicação, por mais confiável que seja, não é realmente confiável. Há um mecanismo de funcionamento que impede qualquer coisa de progressista ali.
O segundo ponto é: já que Lula não vai extinguir o STF – por motivos óbvios – e tendo em vista o problema anterior, quem ele deveria colocar? Nesse momento, o critério de Lula é o mais correto: alguém que seja da confiança dele e que tenha demonstrado isso. Zanin pode não ter posição sobre a Petrobrás, mas pelo menos defendeu Lula contra os golpistas por ano, nos momentos mais adversos. Esse é o ponto e é apenas por isso que a direita está a tacando Lula pela escolha.
Zanin ter sido fiel a Lula garante que como ministro do STF ele terá uma boa atuação? Não garante. Mas entre as escolhas, Lula escolheu um aliado político.
Jones Manoel não entra em nenhum desses méritos. Quer aparecer diferente, mas no fim acaba se juntando aos que estão incomodados com a indicação de Zanin.