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O caso do GSI

O que fazer com a espionagem militar

Vazamento que mostra Gonçalves Dias no Palácio do Planalto suscita várias questões importantes sobre o Estado brasileiro

O verdadeiro resultado do vazamento das gravações do dia 8 de janeiro ainda é incerto. As novas imagens, que haviam sido omitidas anteriormente pelo GSI, mostram claramente que ao menos dez funcionários do Gabinete de Segurança Institucional estavam no Palácio do Planalto quando este foi invadido e que conviveram tranquilamente com os manifestantes. Entre eles, o então comandante do GSI, o general reformado Gonçalves Dias.

Não bastasse o próprio fato ser muito suspeito, as condições em que surgiram os vazamentos tornam tudo ainda mais esquisito. Em primeiro lugar, Gonçalves Dias havia solicitado um sigilo de cinco anos das imagens e divulgado apenas gravações em que ele não aparecia. Até mesmo do presidente da República o general reformado omitiu as gravações completas. Em segundo lugar, quem vazou as primeiras imagens mostrando a atuação de Gonçalves Dias no palácio foi a CNN, um canal de televisão muito próximo ao bolsonarismo e com fortes ligações com o imperialismo norte-americano. Por fim, chamou a atenção que a oposição, tão logo vieram os vazamentos, já estava organizada para usar aquilo como “prova” de que o governo Lula era “o mentor” do que aconteceu no 8 de janeiro.

Todas as fontes alegam que Lula ficou profundamente irritado com Gonçalves Dias, que se demitiu logo após os vazamentos. Os representantes do governo, no entanto, procuraram, publicamente, pôr panos quentes. Figuras como Flávio Dino, ministro da Justiça, e Ricardo Cappelli, ministro interino do GSI, afirmaram que o general da reserva não teria sido mal-intencionado, mas sim “ingênuo”, o que é muito improvável, dado que o cidadão é um general.

É até possível que um dos objetivos dos vazamentos tenha sido o de “fritar” Gonçalves Dias por causa de uma suposta proximidade com o presidente. O general, entes dos acontecimentos, era apontado como uma pessoa “de confiança” de Lula, tendo participado anteriormente dos governos petistas. No entanto, dada toda a repercussão do caso e a quantidade de pessoas envolvidas, parece pouco provável que o objetivo tenha sido apenas esse. Ao que tudo indica, é mais um capítulo na sabotagem da direita ao governo, na tentativa de desmoralizá-lo perante a população.

Seja da forma que for, o que ficou cristalino, tanto no dia 8 de janeiro, quanto agora, é que o sistema de “inteligência” do Estado brasileiro é altamente conspirativo e ineficiente para proteger qualquer governo. A inteligência brasileira é, em primeiro lugar, um órgão de espionagem “doméstico” – isto é, interno -, o que já é um problema em si, pois a espionagem só seria justificável com propósitos de neutralizar as ações de países inimigos, e, em segundo lugar, completamente infiltrada pela espionagem norte-americana, Os 21 anos da ditadura militar foram fundamentais para a montagem desse quadro.

A espionagem brasileira se mostrou completamente incompetente para impedir as sabotagens estrangeiras à Petrobrás. Em 2008, vários equipamentos da Petrobrás foram roubados no Rio de Janeiro, logo após o anúncio da descoberta do Pré-Sal. Até hoje, ninguém sabe o que houve. Anos depois, o ex-agente Edward Snowden revelou como os Estados Unidos espionavam a Petrobrás. Também nenhuma medida efetiva foi tomada.

A “inteligência” brasileira cumpre, portanto, o exato oposto do que deveria fazer. É um órgão a serviço de outro país, um puxadinho do Departamento de Estado norte-americano para impedir que os interesses de um dado governo se sobressaiam. Neste sentido, muito mais que uma ponderação sobre as intenções de Gonçalves Dias, é preciso uma mudança profunda no próprio sistema de inteligência brasileiro.

É preciso, em primeiro lugar, retirar a inteligência completamente das mãos dos militares. Conforme visto nas últimas décadas, os militares não são uma força “isenta”, “parcial”, que estaria acima de quaisquer interesses. Conforme hoje são as Forças armadas, dizer que algo ficará nas mãos dos militares é dizer que ficará nas mãos da cúpula militar – e, portanto, nas mãos de generais truculentos bolsonaristas que estão diretamente ligados a Washington. Em segundo lugar, é preciso uma reestruturação completa dos órgãos de inteligência, retirando tudo aquilo que serve para a espionagem “doméstica” e que, na prática, constitui um enorme elemento de pressão contra o povo e suas organizações.

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