O atual presidente da Argentina, Alberto Fernández, afirmou que não concorrerá novamente a presidência do país, e que vai abrir mão para outro candidato do partido peronista, ao qual dará total apoio.
Diante do total fracasso do seu governo, em que não conseguiu resolver os problemas centrais, como desemprego, inflação, endividamento externo junto ao FMI, crise em todos os setores da economia, etc., não restou-lhe outra opção a não ser abrir mão da reeleição.
Alberto Fernández, por sua vez, somente concorreu às eleições de 2019 e tornou-se presidente em razão da desistência de Cristina Kirchner. Kirchner foi obrigada a desistir de ser presidente da Argentina em razão da perseguição da direita, que via nela um elemento perigoso para sua política de aliança com o imperialismo. Foi, no final das contas, uma capitulação da ala esquerda do peronista.
Alberto Fernández, da ala mais direitista do partido peronista, tentou cumprir à risca os mandamentos do FMI, pagando a dívida e deixando a população argentina empobrecer. O que custou ao país a explosão da inflação e do desemprego.
Segundo dados de órgãos ligados ao imperialismo, a situação econômica é apavorante:
Indicadores de crescimento | 2020 | 2021 | 2022 (E) | 2023 (E) | 2024 (E) |
PIB (bilhões de USD) | 389,06 | 486,70 | 632,24 | 641,10 | 638,58 |
PIB (crescimento anual em %, preço constante) | -9,9 | 10,4 | 5,2 | 0,2 | 2,0 |
PIB per capita (USD) | 8.572 | 10.617 | 13.655 | 13.709 | 13.520 |
Saldo do Balanço de Pagamentos (em % do PIB) | -5,2 | -3,5 | -4,2 | -3,7 | -3,5 |
Dívida Pública (em % do PIB) | 102,8 | 80,9 | 84,5 | 76,3 | 73,6 |
Índice de inflação (%) | 42,0 | 48,4 | 72,4 | 98,6 | 60,1 |
Taxa de desemprego (% da população economicamente ativa) | 11,6 | 8,8 | 7,0 | 7,6 | 7,4 |
Balanço das transações correntes (bilhões de USD) | 3,09 | 6,74 | -4,12 | 6,32 | 5,27 |
Balanço das transações correntes (em % do PIB) | 0,8 | 1,4 | -0,7 | 1,0 | 0,8 |
Fonte: IMF – World Economic Outlook Database, October 2021
Diante dos resultados catastróficos, os atritos com a ala mais a esquerda do partido peronista se intensificou, tanto assim que o filho de Cristina renunciou a liderança do governo no Congresso, e sua mãe não tem poupado críticas ao governo de Alberto Fernández.
É esse o resultado de ceder a direita: crise econômica e perda de popularidade, o que irá abrir espaço para a extrema-direita ou a direita “civilizada” retornarem ao comando do país e aplicar a sua política de massacre da população.
Se a ala esquerda do peronismo seguir a mesma política do período anterior, em que decidiu conscientemente capitular para a direita, a derrota será certa. É preciso seguir o exemplo dos países que conseguiram obter ao menos uma vitória parcial contra a ofensiva golpista. É o caso, da Venezuela, da Nicarágua e de Honduras. E mesmo o caso do Brasil, em que, após o desastre que foi a candidatura de Fernando Haddad em 2018, a esquerda saiu vitoriosa insistindo na candidatura de Lula, que se mostrou capaz de provocar uma verdadeira mobilização contra a direita.