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Partido Tudeh

O golpismo dos stalinistas vai do Brasil ao Irã

Os stalinistas em qualquer país têm uma política tão conservadora que tende a se tornar pró imperialistas, foi assim no Brasil em 2016 e é assim no Irã atualmente

Protesto no Irã

Os partidos stalinistas, que sobreviveram ao fim da URSS, em muitas ocasiões assumiram políticas abertamente pró imperialistas. No caso do Brasil, o PCB se transformou no atual Cidadania, uma sub legenda do PSDB. O PCB atual, refundado, apoiou o golpe contra a presidenta Dilma. Este PCB republicou em seu sítio um artigo do Tudeh, como é chamado o Partido Comunista do Irã: “Tudeh: 40 anos de luta contra o regime islâmico”. Neste eles assumem a mesma postura pró imperialista que os stalinistas do Brasil. Fenômeno relativamente comum, dado que o PCB também já república textos do Partido Comunista da Venezuela atacando o governo Maduro.

O artigo foi publicado pelo comitê central do partido e aborda: “40 anos de luta implacável dos membros do Partido Tudeh do Irã contra as conspirações irmãs do imperialismo e da reação, mantendo no alto a bandeira dos trabalhadores e explorados do país!” O interessante é que os PCs em todo o mundo foram fundados nas décadas de 1920 e 1930 e têm longas histórias políticas. O problema é que, em geral, a sua política foi muito direitista e até pró imperialista dado que eram partidos controlados pelo stalinismo. Foi o caso do PCB que apoiou o golpe de Estado contra Getúlio Vargas em 1954, que vinha sendo organizado pelo próprio imperialismo. O Tudeh, por sua vez, tem uma atuação muito direitista durante a Revolução de 1979.

O artigo cita o aniversário de 40 anos do ocorrido: “O dia 6 de fevereiro de 2023 marca o 40º aniversário dos ataques dos aparatos de segurança da República Islâmica do Irã contra o Partido Tudeh do Irã. Nos últimos 40 anos, muitos documentos e escritos foram publicados pelo nosso Partido e por um considerável número dos líderes da então República Islâmica em suas memórias e comentários pessoais — documentos e escritos que revelam as razões óbvias e escondidas para esse ataque generalizado que visava destruir o Tudeh.” Mas para discutir o ano de 1983 é preciso abordar primeiro o ano de 1979, quando houve a maior revolução da história do Oriente Médio, provavelmente desde o próprio Maomé.

O Irã já era o pais com a maior classe operária da região e era governado por um rei, o Xá Reza Pahlevi, que havia instaurado a ditadura mais brutal do planeta com o apoio dos EUA. A revolução, portanto se deu pela derrubada desse regime político, mas foi uma verdadeira revolução proletária. Nessa situação um partido comunista que tivesse a mínima inclinação para a esquerda teria crescido muito e assumido a dianteira da revolução. Houve casos como esse na Iugoslávia e na China, por exemplo, onde os PCs racharam com a política stalinista e na conjuntura revolucionária se tornaram a organização que dirigiu a revolução. No Irã, o Tudeh era tão direitista que a direção foi tomada pelos clérigos xiitas liderados pelo Aiatolá Khomeini. Mas força da classe operária foi tamanha que, até hoje, a revolução resiste, mesmo dirigida por um governo conservador que se mantêm radicalmente anti-imperialista.

O artigo discorre em detalhe sobre a repressão realizada pelo governo islâmico iraniano: “O dia 6 de fevereiro de 2023 marca o 40º aniversário dos ataques dos aparatos de segurança da República Islâmica do Irã contra o Partido Tudeh do Irã”. Aqui o interessante é que a repressão só começou em fevereiro de 1983, ou seja, 4 anos depois da Revolução, em meio à guerra contra o Iraque apoiado pelo imperialismo dos EUA. Isso deixa claro que o regime político por anos ainda estava aberto para atuação do partido comunista, mas em nenhum momento este conseguiu adotar uma política que apelasse para às massas. A política repressiva do governo contra a esquerda não deve ser apoiada mas é preciso denunciar o stalinismo, incapaz dirigir uma revolução que poderia ter levado à libertação de todo o Oriente Médio.

Ao passar para a política atual é que o Tudeh revela o seu pró imperialismo: “Nosso país está passando por um período muito sensível. O movimento popular que abrange centenas de cidades em nosso país desde setembro passado com o slogan “Mulher, Vida, Liberdade”, desafiando seriamente a existência do regime da República Islâmica, colocou tarefas muito importantes diante de todos nós, combatentes da classe trabalhadora e explorada. Apesar de todos os altos e baixos desse movimento decorrentes das mudanças em nossa sociedade, que inclui amplos estratos e classes de nosso povo, o regime do ‘Líder Supremo’, — por toda a sua repressão, matando combatentes da liberdade e levando milhares de mulheres e jovens ao cativeiro — ainda não foi capaz de acabar com esse movimento popular que exige o fim do governo despótico em nossa terra natal.”

O partido comunista persa adere sem rodeios às mobilizações golpistas financiadas pelo imperialismo no Irã. O Tudeh exige a derrubada do “governo despótico” em uma frente com o imperialismo dos EUA, é a mesma política que foi realizada contra o governo Dilma no Brasil. A presidenta não podia ser chamada de ditadora, como o Aiatolá, apesar do regime do Irã ser um dos mais democráticos do Oriente Médio, mas ela podia ser chamada de direitista, dado que o PT não é revolucionário. A política é errada em ambos os casos, na disputa de um governo, seja ditatorial, democrático, de esquerda ou de direita, contra o imperialismo é preciso se posicionar a favor daqueles governos. Essa é uma questão-chave que o Tudeh não aprendeu em 44 anos.

Os revolucionários  devem apresentar uma política clara em regimes nacionalistas, é preciso apoiar o governo no que tange à luta contra o imperialismo, mas mantendo a sua própria política. Em uma conjuntura como na do Irã de forte luta contra o imperialismo e uma grande classe operário, o crescimento de um partido revolucionário é algo muito palpável. Mas para isso não é possível seguir as “teses” do stalinismo, é preciso aplicar uma política trotskista, da Revolução Permanente, que entende que é preciso ultrapassar a revolução burguesa por meio da revolução proletária. Nem ficar a reboque do governo do Aiatolá e nem se colocar frontalmente contra essa governo, mas sim em defesa da mobilização popular contra o imperialismo que tende à revolução proletária. Mas nem o PCB e nem o Tudeh conseguem entender como funciona a revolução em um país atrasado.

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